Por Vinicius Paiva
Há uma semana, escrevi neste espaço que o Flamengo só havia levantado recursos com Ronaldinho por meio de bilheterias e patrocínios de ocasião. Com relação ao primeiro elemento (bilheterias), a mensuração do “efeito-Ronaldinho” torna-se complexa, uma vez que sem ele o clube teria levado público a seus jogos do mesmo jeito. Basicamente, R10 representou um impacto cuja tendência é perder força, pelo menos nos jogos realizados no Rio de Janeiro. Quando “assistir a Ronaldinho” se torna corriqueiro, verificamos capacidade ociosa nos estádios com maior freqüência – vide a semifinal entre Flamengo x Botafogo, domingo passado. Neste sentido, o Flamengo maximizaria a presença do craque ao mandar seus jogos em diferentes regiões do país – cada uma delas, sedenta por uma rara apresentação do jogador em sua terra natal. Trata-se de uma sugestão que sempre alimenta a polêmica da “perda esportiva”. Mas que traria muito dinheiro.
Já no que se refere aos patrocínios, há alguns dias estabeleci breve contato com o diretor de marketing Harrison Baptista. Ele admitiu algo que parecia sepultado após a euforia de 2011: o péssimo ano de 2010 estaria, ainda, prejudicando o clube em suas negociações. Esta é uma revelação importante, com clara relação ao fato de o Flamengo ainda jogar sem um anunciante em seu espaço principal. Na ocasião, Harrison adiantou que não haveria patrocínios de ocasião para a semifinal da Taça Guanabara, mas que cogitariam este recurso na final do torneio. Eis que estamos a três dias da partida e nada foi anunciado. Caso o Flamengo não assine alguma parceria pontual, terminará o mês de fevereiro apenas com os R$ 900 mil da partida de estreia de Ronnie. Para um clube que pede R$ 35 milhões apenas pelo espaço master (quase R$ 3 milhões mensais), seria um verdadeiro fiasco.
Ainda neste sentido, a oposição do clube atrela as dificuldades enfrentadas pela diretoria ao fato de não haver sequer um projeto sólido que se utilize da imagem de Ronaldinho. De fato, por enquanto não houve a exploração de sua imagem nem para o projeto sócio-torcedor (Cidadão Rubro-Negro), nem para o projeto dos tijolinhos, nem para qualquer outro.
Mas o assunto que realmente monopoliza as atenções é a batalha entre o Clube dos 13 e seus dissidentes, visando novos contratos de direito de televisionamento do futebol no Brasil. Ainda que não tenham formalmente se desfiliado do Clube dos 13, os quatro grandes clubes cariocas anunciaram que negociarão suas cotas em separado – juntos apenas entre si. A maioria interpretou o fato como uma demonstração de força da Rede Globo, uma vez que nos moldes anteriores, a Rede Record era a favorita no processo licitatório pelos direitos de transmissão.
Eis que notícias recentes dão conta de uma aproximação de Andrés Sanches, presidente do Corinthians, aos bispos da emissora paulista. O problema é que foi o próprio Andrés o mentor da debandada! Supostamente, o dirigente corintiano teria liderado o esvaziamento do Clube dos 13 por conta das ótimas relações do Corinthians com a Rede Globo. Boas até demais, diga-se.
De todo este entrevero, a conclusão a que chegamos é que não podemos chegar a conclusão alguma. De todo modo, fica clara a postura dos times cariocas: nem sempre mais dinheiro é sinônimo de melhor oferta. Especialmente quando uma emissora possui uma cadeia de afiliadas mais capilarizada e eficiente do que a outra. Adiciono a isto aquilo que denomino “efeito-parabólicas”: seria um verdadeiro tiro no pé dos clubes cariocas a entrega dos direitos de televisionamento a uma emissora de São Paulo. Isto porque as antenas parabólicas – presentes em 20 milhões de domicílios Brasil afora – deixariam de exibir os jogos de times do Rio, em favor dos paulistas. O efeito a médio e longo prazo seria devastador.
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