quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A hora de encher os cofres
Por Vinicius Paiva

Pouco mais de um mês após a triunfal chegada de Ronaldinho Gaúcho ao Flamengo, já é possível elaborar um primeiro balanço a respeito do retorno proporcionado pelo craque aos cofres do clube. Ao mesmo tempo, surgem nos corredores da Gávea algumas luzes amarelas com relação a negociações que já deveriam ter se concretizado, mas que ainda não o foram.

Em termos de bilheterias, Ronaldinho é um sucesso. A grande prova se deu na partida de ontem - contra o Murici/AL – ocorrida no estádio Rei Pelé, na capital Maceió. Fazendo valer a máxima de que a “escassez leva à valoração”, os preços cobrados por cada um dos 15 mil lugares no estádio foram altíssimos. Como resultado, a renda da partida foi de R$ 662.500,00 (ticket médio de R$ 44). Vencedor do confronto, o Mengão teve direito a 60% da renda líquida, o que equivale a aproximadamente R$ 250 mil. Dinheiro limpo trazido pelo craque ao clube. É lógico que o Flamengo lotaria o Rei Pelé sem Ronaldinho, mas cobrando preços bem mais modestos.

Os mesmos R$ 250 mil lucrados ontem também foram obtidos na estréia do craque, contra o Nova Iguaçu, no Engenhão. Apesar de a lotação máxima ter sido preenchida (cerca de 44 mil torcedores), o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro tem uma regra que determina que os preços dos ingressos são determinados por meio de um Arbitral, antes do torneio. Sendo assim, o Flamengo não pode aumentar os preços na medida da demanda pela partida – o que resultou numa receita total de cerca de R$ 800 mil. Valendo a mesma regra dos “60% ao vencedor”, explicam-se os R$ 250 mil auferidos pelo rubro negro naquela oportunidade.

As outras duas partidas feitas por R10 como jogador do Flamengo se deram em Macaé – num estádio que também peca pela modesta capacidade de 10 mil lugares. Pela 6ª rodada, o Moacyrzão teve lotação esgotada na vitória por 3 x 2 contra o Boavista, e renda de R$ 243.700,00. Na rodada seguinte – único jogo com R10 em campo que não teve ingressos esgotados, 4.588 pessoas pagaram ingresso. A renda da partida não foi divulgada, mas pode-se considerar a metade da partida anterior. Os dois jogos, somados, teriam rendido cerca de R$ 100 mil líquidos ao cofre vermelho-e-preto. Em resumo, pós-Ronaldinho, o clube obteve, líquidos, cerca de R$ 600 mil a título de bilheterias.

No que se refere aos patrocínios, até o momento R10 só proporcionou ao clube a receita de conveniência em sua partida de estreia. Naquela oportunidade, Visa e Cielo (antiga Visanet) despejaram R$ 900 mil para estamparem suas marcas no uniforme rubro-negro. Após esta ocasião, até por recomendação de seus conselheiros – que se opuseram ao loteamento do uniforme a cada jogo, como fez o Corinthians em 2009 – passou-se a estampar o site oficial do clube no lugar do patrocínio. O problema é que este artifício já está durando tempo demais, conforme veremos adiante.

Em suma, ao aglutinarmos as receitas auferidas pelo clube após a contratação do craque, verificamos que ele proporcionou valores na casa de R$1,5 milhão. Mas é bom lembrar que “a hora da verdade” vem agora, com semifinais e final de turno – jogos com ingressos mais caros e potencial de receitas (brutas) na casa de R$ 1,5 milhão/partida.

Quanto à venda de camisas, tijolinhos e outras receitas, pouco se pode explorar devido à falta de dados. No entanto, sabemos que após um início promissor, os tijolinhos não vem tendo muita evidência, o que atrapalha sua comercialização. A venda de camisas também não gera a receita que deveria, pois o uniforme está defasado tanto em termos de patrocinador quanto no tocante ao modelo – um novo uniforme será lançado em março. Sabedores disso, os torcedores aguardam pelos novos Mantos, postergando sua decisão de compra e gerando um hiato nestas vendas.

O maior de todos os desperdícios, no entanto, é verificado no que concerne ao Cidadão Rubro Negro. Este é o momento em que o clube deveria estar angariando uma horda de sócios-torcedores, extasiados pelo bom momento do time e pela contratação do “Ronaldo do bem”. Todavia, Flamengo e Traffic ainda não se entenderam com relação ao modelo de exploração do projeto, nem aos percentuais que caberão a cada um. Por conta disto, o projeto continua na geladeira, em um dos mais irritantes compassos de espera verificados na administração Patrícia Amorim.

Por fim, a preocupação acontece por conta da demora dos envolvidos no fechamento do novo patrocinador master do Flamengo. Tendo completado um mês no clube, em pouco tempo Ronaldinho fará jus a seu módico salário na casa de R$ 1,5 milhão. Como verificamos acima, a conta está longe de fechar, principalmente se considerarmos que 80% dela será arcada pela empresa de marketing esportivo. Além do mais, com as finais da Taça Guanabara batendo à porta, seria um desserviço abrir mão de receitas em jogos com tamanha visibilidade – a não ser que o clube volte a se utilizar dos parceiros pontuais. E por último, a Olympikus já informou que produzirá uniformes sem patrocínio master, com o intuito de comercializá-los o quanto antes e deixar de perder dinheiro. Trata-se de um trunfo a menos nas mãos do clube, uma vez que cada uniforme é considerado um outdoor ambulante pelos anunciantes. Com tudo isto, quanto mais demorarem estas pendências, mais distante se tornará o tão sonhado patrocínio em torno dos R$ 35 milhões.


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