quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tijolinhos: o primeiro balanço
Por Vinicius Paiva

Devo dar a mão à palmatória: se considerarmos que a campanha vem sendo feita basicamente no boca-a-boca e pelo Twitter, os 4.100 “Tijolinhos do CT” vendidos até terça-feira passada devem mesmo ser considerados um número bastante satisfatório. A tendência, com o início da veiculação de propagandas em TV fechada e aberta, é que haja um boom, especialmente se o Flamengo se salvar da incômoda situação de risco de rebaixamento. Continuo considerando a venda de 25 mil unidades, ao final da campanha, pretensiosa. Mas não posso negar que é possível.

Mediante estes números, há algumas semanas venho correndo atrás do perfil geográfico dos compradores. Ainda não obtive sucesso, mas em conversa com o excelente repórter rubro negro Vinicius Castro - responsável pela cobertura do Flamengo no UOL Esporte (e meu ex-companheiro de Flamengo RJ) - fui informado que aproximadamente 50% dos tijolos foram vendidos para rubro negros do Rio de Janeiro, 15% para São Paulo e 10% para o Distrito Federal. O controle é feito de acordo com o endereço cadastrado no cartão de crédito do comprador.

Apesar da escassez de estatísticas disponíveis, já existem algumas evidências a serem analisadas. A principal: cheguei a ler em alguns portais que a diretoria vinha considerando a vendagem em São Paulo abaixo do esperado, enquanto se deliciava com os números do DF. Meia verdade. A análise não deve ser baseada na população de cada estado – se fosse assim, São Paulo e seus 40 milhões de habitantes de fato seriam uma decepção. Devemos considerar a quantidade de rubro-negros em cada estado, e daí sim partirmos para uma análise comparativa. Vejamos.

Tomando como base a pesquisa Datafolha divulgada em 04/01/2010 (disponível no site do instituto) e dados preliminares do Censo 2010, os 51% de flamenguistas no estado do Rio equivalem a 7,7 milhões de torcedores. No DF, os 33% de torcedores se aproximam de 800 mil pessoas, enquanto em São Paulo 2% da população é rubro negra, o que equivale a – vejam que coincidência – os mesmos 800 mil.

Com estes dados em mãos, concluímos qual seria a verdade e a mentira da afirmativa dois parágrafo acima. As vendas no DF vem sendo excelentes? Fato. Tendo uma torcida que equivale a 10% da torcida carioca, as vendas cinco vezes inferiores do DF em relação ao RJ significam que o DF vem vendendo o dobro do Rio de Janeiro. As vendas em São Paulo vem sendo decepcionantes? Jamais! Considerando que a torcida do Flamengo no DF e em SP são de igual tamanho, e que a renda per capita do Distrito Federal é quase o dobro de São Paulo, temos que o estado bandeirante vem fazendo valer sua força e comercializando 50% a mais que a capital federal. Mesmo num estado dominado por outras torcidas – ao contrário do DF, onde somos maioria.

Se existe um lugar que pode ser considerado uma decepção na distribuição geográfica dos tijolinhos, seria Minas Gerais, e não São Paulo. Lá, segundo os dados do Datafolha, 12% da população é flamenguista. Nada menos do que 2,3 milhões de pessoas! Ou seja, um estado que possui quase três vezes o número de torcedores do DF e de SP deveria imperativamente aparecer entre os primeiros. Mesmo que a venda proporcional fosse menor, por conta da renda per capita mais baixa do estado.

Outros estados que mereceriam maior atenção são a Bahia e o Ceará, apesar de a questão da renda possuir bastante peso nestas localidades. De todo modo, 21% da população baiana torce pelo Flamengo: vultosos 2,8 milhões de rubro negros. No Ceará, são 22%, o equivalente a 1,8 milhões de seguidores. Já o Espírito Santo e seus 3,3 milhões de habitantes, se possuir proporções semelhantes às do Rio de Janeiro, pode vir a possuir até mesmo 1,5 milhões de flamenguistas.

Os estados citados merecem atenção especial por conta do peso da torcida rubro negra dentro de seus limites. O precedente para este tipo de atuação da diretoria de marketing foi aberto quando se verificou que no Amapá, nenhum tijolinho havia sido comercializado. Através de ações pontuais de incentivo às vendas no estado, saíram 10 unidades, o que representa 0,25% do total de tijolos até então. Para que as vendas no Amapá atinjam um percentual próximo ao peso da torcida no estado (calculo que 0,75% da torcida do Flamengo esteja no Amapá), basta que 30 tijolinhos sejam vendidos.

Esta é a análise que pode ser feita tendo em mãos apenas os percentuais de vendas no RJ, DF e SP – convenhamos até que saiu muita limonada destes poucos limões. Continuarei em busca dos dados completos para que uma análise ainda mais precisa possa ser realizada. Com certeza existem muitos torcedores de Santa Catarina, Paraná, Norte e Nordeste curiosos com relação à contribuição dada por seus estados.

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E por falar em Paraná, apoio irrestritamente a realização da pré-temporada rubro negra em Londrina. Talvez não haja estado mais negligenciado pela diretoria do que este. Rico, populoso e sem nenhuma ação especial de fidelização, constitui verdadeiro milagre que 7% de sua população – 700 mil pessoas – optem pelo vermelho e preto carioca, e não o paranaense. No interior então, onde está localizada a riquíssima Londrina, a proporção de flamenguistas sobe para aproximadamente 10%. Está aí o Triplex que não me deixa mentir: já passou da hora de o Flamengo olhar com mais carinho para o Paraná.

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