No primeiro tempo, ficou bem nítido o que Luxemburgo queria - e que os jogadores sabiam como deviam se colocar em campo. Willians foi o único volante fixo atrás; Pet, o maior armador na frente, responsável por fazer a bola girar de um lado pro outro. Completando o meio, Correa pela direita (numa função que normalmente, com Silas e Rogério, seria de Willians), Kléberson pela esquerda. Os dois abriram bastante para ajudar os laterais nas jogadas pelas pontas e se revezaram: quando um avançava, o outro recuava. Léo Moura e Juan também faziam este revezamento, mas bem tímidos no apoio. Os atacantes trocavam de posição na frente – mas como Deivid mostrou pouca mobilidade, a maior movimentação apareceu mesmo com Diogo e, depois, Diego Maurício.
Esta organização foi suficiente para o time dominar a partida, ficar com a posse de bola e não ser nunca ameaçado atrás – mas não foi bastante para criar alguma coisa. Em todo o primeiro tempo, houve apenas uma boa finalização com bola rolando (de Correa, da entrada da área). Além disso, mais uma cabeçada de Willians em bola parada, e mais nada. Faltaram ultrapassagens, movimentação, rapidez no passe, enfim, muita coisa. O time foi muito, muito previsível e teve um domínio totalmente improdutivo contra um adversário que foi a Volta Redonda apenas para se defender.
Parte da explicação para isso está nas características dos três meias escolhidos para se aproximar dos atacantes. Kléberson, Correa e Petkovic não são exatamente velozes. Pet acerta seus passes, mostra alguma visão de jogo, mas demora muito pra resolver cada lance. E realmente não vejo em Kléberson e, principalmente, Correa o tipo de jogador pra ajudar em lances pelas pontas, chegar à linha de fundo, fazer ultrapassagens, como suas funções pediriam.
Luxemburgo viu isso e, tentando dar mais velocidade ao meio, colocou Marquinhos no lugar de Kléberson no intervalo. Mas, sem confiar no poder de marcação de Marquinhos, mudou o jeito do time jogar. Correa ficou mais preso atrás e o meio-campo saiu do losango do primeiro tempo. Com isso, Léo Moura não teve qualquer ajuda pela direita, setor por onde o time foi melhorzinho no primeiro tempo. E ao longo do segundo tempo, de maneira previsível, Pet foi cansando e participando cada vez menos do jogo. No duro, apesar de uma boa chance logo no primeiro minuto, o time até piorou.
O problema parecia ser do meio-campo, mas Luxemburgo decidiu mudar o ataque, colocando Val Baiano no lugar de Deivid. E aí, pra puxar a avalanche de textos falando da “estrela” do treinador no dia seguinte, aconteceu de Marquinhos cruzar uma bola da intermediária e Val Baiano desencantar com uma bela cabeçada. E pronto, problema resolvido. Diego Maurício apenas confirmou no fim a vitória quando o Atlético já dava mais espaços em sua defesa.
Foi o famoso “tá ruim, mas tá bom”. Com os objetivos que restam pro time este ano, o mais importante é ir vencendo mesmo. Mas vamos saber melhor o que Luxemburgo pensa do time a partir da próxima rodada, com a volta de Jean, Angelim e, principalmente, Renato – aí vai dar pra ter uma ideia melhor de quem ele vê como titular. E daí pra frente, ele terá sempre as semanas livres pra treinar, como Silas não teve durante todo o seu tempo no Flamengo.
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O melhor em campo é unanimidade: Diego Maurício entrou, foi sempre o mais objetivo do time, procurou jogo o tempo todo, fez um belo gol e mostrou que é difícil justificar que ele continue no banco.
Ele entrou no lugar de Diogo, que saiu machucado. Mas quem realmente está pedindo pra perder vaga no time é Deivid, que teve mais uma atuação muito ruim.
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Não vou me surpreender vendo dois jogadores ganhando espaço com o novo treinador: Marquinhos (que já entrou ontem) e Fierro (que foi ao menos relacionado, depois de muito tempo). Os dois foram contratações pedidas por Luxemburgo quando era técnico do Palmeiras.
- ANDRÉ MONNERAT escreve também no SobreFlamengo (www.sobreflamengo.com.br e twitter.com/sobreflamengo)
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