sábado, 21 de agosto de 2010

SÁBADO À TARDE

DE ÁRVORES E HOMENS

"Angelim Vermelho
Dinizia excelsa
Características Gerais da Madeira:
Cerne marrom-avermelhado-claro, pouco distinto do alburno cinza-avermelhado. Grã revessa, textura média, brilho moderado e cheiro desagrável.
Usos: Construção civil como caibros, vigas, ripas, tacos, tábuas para assoalho, batentes de portas e janelas, dormentes, postes, moirões, esteios, torneados, para carrocerias, vagões e construção naval. A árvore é majestosa e extremamente decorativa, podendo ser empregada para arborização de praças e grandes jardins."

Na natureza, o angelim vermelho. Quem passou por um depósito de madeiras já deve ter tido o desprazer de sentir o cheiro forte e desagradável. Talvez seja uma defesa da árvore em seu meio ambiente, contra insetos, fungos, pragas, madeireiros – os inimigos, os adversários. Os botânicos podem explicar melhor.
Na Gávea um outro exemplar da família, o Angelim Vermelho e Preto. Características em comum? O brilho moderado, a textura média. O porte nem é tão majestoso nem seu aspecto muito decorativo. Pelo contrário, que zagueiro foi feito para assustar e não para enfeitar. Não sei de nada sobre o odor, principalmente jogando sob sol a pino e suando o manto. Mas a característica é de fungar no cangote dos atacantes adversários e mantê-los à distância da nossa área e do nosso gol.
O cara é a cara do jogador rubro-negro. Talvez não haja hoje um exemplo mais identificado com o clube. Joga com o coração e o coração é de torcedor.
Não tem frescura, se estiver mal tem humildade para reconhecer e colocar a posição à disposição da equipe, por alguém que esteja melhor. Fica no banco numa boa e continua torcendo e cavando sua volta ao time, como cavava poços na juventude, antes de poder ser exclusivamente zagueiro, lá pelas bandas do Ceará.
Queria onze jogadores com a mesma entrega desse paulista-cearense. Que foi chegando como quem não quer nada e, desde 2006, raras vezes perdeu a titularidade. Low profile. Não é um Juan, um Aldair ou um Mozer. Mas é um esteio, um porto seguro. Falha? Como todos. Mas tem muito mais prós que contras.
Deus sabe o que faz quando pega um cabra desses e o manda ir ao ataque numa final de campeonato brasileiro, depois de quase duas décadas de uma seca como a dos sertões nordestinos, e põe uma bola em sua cabeça para fazer o gol do título.
Se daqui a dez, quinze anos, você ou eu encontrarmos Ronaldo Angelim ali na Gávea, como Carlinhos, como Liminha, como Andrade ou Adílio, nenhum de nós vai estranhar. É um daqueles caras que vira parte da história do clube, por sua humildade, sua hombridade, sua entrega e seu amor às nossas cores. É Angelim, da espécie vermelha e preta, enraizado na Gávea e marcado na história.

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