quarta-feira, 18 de agosto de 2010

RESENHA DE QUARTA

Anderson Lopes (DJ Mangueira)

O certo é fechar com o certo

Andando por Cabo Frio esta semana, percebi o alcance da campanha de fechamento com o certo que começou na internet e já tomou corpo, forma e voz. Muitos cartazes colados nos postes, xerocados com a logomarca da campanha "Com Zico pelo Flamengo" e o endereço do site.

Entendo que essa mobilização popular de apoio ao Galo se deva por conta das inúmeras pressões que ele esteja sofrendo nessa caminhada de arrumação a casa. Pressões de todos os tipos: de empresário que quer empurrar jogador, de gente de dentro que ganha força política com a bagunça, de gente que se aproveita do fatiamento dos jogadores da base… Enfim, o que não falta nos bastidores da Gávea é gente adepta da terrível ideologia do "quanto pior, melhor pra mim".

Na época das eleições, aqui no blog, independente das preferências entre os candidatos, foi bem exposto aqui o quanto o estatuto do Flamengo é engessado, o quanto impede que o departamento de futebol profissional caminhe 100% com suas próprias pernas - e o pior: o quanto é difícil mudar isso. Lembro que, até em um esforço de uma galera, conseguiram uma cópia da última alteração do estatuto, para análise e tal.

O importante é fortalecer essa corrente. A materialização desse apoio é importante porque se torna uma força nesse caldeirão que são "as internas" do clube. Até porque, na minha cabeça, estar com o Zico é condição sine qua non pra ser rubro-negro. Não entendo ser rubro-negro e não apoiar o Zico. Muita gente esperou anos e anos pra que ele voltasse ao clube e pudesse ser útil, trabalhando, colocando sua capacidade como dirigente à prova. Agora que ele chegou, é apoiar e fazer pressão contra quem quer derrubá-lo.

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Um terço do campeonato já se foi, e em que pese a dificuldade da equipe em marcar gols, a situação, em termos de classificação, não é das piores. Fluminense e Corinthians já desgarraram um pouco e depois vem um bloco de oito equipes separadas por três pontos. Estamos neste bloco, que a cada rodada muda de integrantes, já que a diferença é pequena e pode ser modificada com resultados negativos ou positivos.

Contra o Ceará, a vitória veio pra nós em um lance fortuito, da mesma maneira que poderia acontecer pra eles. O jogo foi de muita vontade e correria, mas de pouca técnica, muitos passes errados e chances reais de gol quase nulas. A pouca criação do meio-campo potencializa ainda mais as deficiências do ataque. Os caras já não são um primor. Com a bola chegando quase nunca, fica muito difícil.

A gente bate quase que sem parar no Rogério. Que ele é 'estagiário', que ele engessou o time ofensivamente, que ele mexe mal no time, que gosta de inventar. Mas o sistema defensivo deu mostras de uma leve melhora (e os números, que no futebol, nem sempre contam toda a verdade, apontam que temos a terceira defesa menos vazada do campeonato, atrás de Ceará e Fluminense), apesar de alguns sustos causados, quase sempre, por erros individuais.

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Eu já falei isso algumas vezes aqui e no Twitter. É claro que a gente quer sempre o melhor. Gostaria de ter um elenco mais forte, com boas peças de reposição, um treinador de bom nível. Mas a distância entre o mundo ideal e o mundo real geralmente é muito grande. Nosso atual time titular, pro padrão desse campeonato brasileiro nivelado por baixo, tá na média dos demais. Nossas peças de reposição, sim, não são do mesmo nível. Mas quem é que tem um elenco hoje com, 18 jogadores do mesmo nível? Dois ou três e só.

Tá cedo ainda pros pessimistas de plantão (eles tão sempre por aí) começarem a contagem regressiva pelos 46 pontos, assim como é precoce falar em uma arrancada fenomenal rumo ao G4 e depois ao título. Se os reforços sonhados (e não os especulados) não vierem, vamos apoiar esse time. É o papel que nos cabe.

TRÊS TOQUES:
1. Tenho acompanhado com especial interesse a questão sobre o valor dos ingressos. Hoje, se eu quiser ir ao Maracanã levando minha patroa, gasto, brincando, R$ 230 (R$ 80 dos dois ingressos, R$ 100 das passagens de ida e volta de Cabo Frio e R$ 50 pra lanchar antes/durante/depois do jogo). Tá caro.
2. Até concluir essa coluna, não havia a confirmação oficial da vinda do Diogo. Não vou entrar no mérito de valores especulados pelos setoristas, nem da comparação custo/benefício feita por alguns deles com o Emerson. Se vier, é mais um reforço.
3. Aliás, fica uma pergunta: quanto custa montar uma eficiente rede de olheiros e 'scouts' que rodem o Brasil (e os países vizinhos, por que não?) atrás de jogadores jovens e com potencial? Será que não vale à pena?

Até quarta que vem, esperando uma vitória no domingo na Curitiba do meu amigo Alex do Triplex.

Flamengo Net

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