sábado, 3 de julho de 2010

A paciência é uma virtude

Se você está lendo este post, neste blog, é porque certamente já sabe tudo o que o Zico fez em campo. Se não sabe, pode parar de ler agora mesmo e procurar livros, revistas, arquivos de jornais, vídeos e DVDs para reparar essa falha de formação. Mas acho que ninguém aqui vai precisar disso e assim eu evito ser repetitivo. Feito esse parêntesis inicial, quero falar do Zico dirigente.

Tenho notado que boa parte da torcida do Flamengo não está entendendo a limpa que o Zico está fazendo no clube. Na minha opinião, formada na distância de 400 e poucos quilômetros que me separam da Gávea e do Ninho do Urubu, ele está se livrando dos empresários de jogador famoso que vêm causando danos financeiros sucessivos ao clube. A meu ver, é essa a razão para a falta de nomes conhecidos entre os contratados. Por isso a cornetagem pela falta de novos craques no elenco me parece injustificada.

Os diversos erros cometidos por quase todos os dirigentes ao longo de muitos anos nos colocaram nessa situação. Infelizmente, o caminho para revertê-la passa por um trabalho de médio e longo prazos que requer planejamento e estratégia, por parte dos comandantes (dirigentes), e paciência e dedicação, por parte dos comandados (torcida e jogadores). Admito que vai ser complicado aturar um time com Vals Baianos e Corrêas, mas esse é o preço que estamos pagando pelos erros do passado. O Zico ficou com essa “herança maldita” e chegou pra arrumar a casa. Se ele fizer um bom trabalho, no futuro não vamos mais precisar ver perebas com o manto. Mas até esse dia chegar, é preciso paciência.

Ainda assim, mesmo com as barangas citadas, eu acredito ser possível fazer uma campanha digna no campeonato brasileiro, uma campanha que nos mantenha ali entre os 10, 8 primeiros. Não tem nenhum timaço nessa competição e um qualquer equipe com um mínimo de treino, união e dedicação pode ficar na zona confortável. Vide os exemplos de Avaí, Vitória, Goiás e Barueri em 2009. Não correram risco em momento nenhum. Por favor, notem que eu não estou comparando o monumental Flamengo com os nanicos mencionados, estou apenas citando exemplos de times que treinaram forte e não contaram com a camisa pra jogar, até porque isso eles não têm.

Pois bem, quando mencionei essa tese pra alguns amigos, até de outros times, questionaram o fato de que times grandes como o Flamengo sofrem muito mais pressão, de dirigentes, torcedores e até dos jogadores. É aqui que quero chegar. No Brasil, os times sofrem essas pressões absurdas a cada temporada justamente porque não têm um projeto maior por trás. Talvez com a única exceção do SPFC, os clubes brasileiros só pensam um ano de cada vez, montando e desmontando equipes ao fim de cada torneio disputado. Por isso eu acredito que o Flamengo do Zico pode ser diferente. Por isso eu acredito que jogadores, torcedores, dirigentes e até a imprensa vão ter mais paciência, porque serão capazes de enxergar que há um propósito nisso tudo.

Ao afastar os maus empresários e rescindir os contratos lesivos ao clube, Zico está dando um recado claro ao mercado. Está tornando o clube mais transparente e economicamente viável, ampliando seu potencial de atrair bons parceiros comerciais. Vamos colher os frutos dessa limpeza quando grandes empresas começarem a ver que o Flamengo mudou. Se hoje não ganhamos muito dinheiro com nossa marca é porque nos falta credibilidade no mercado. Zico, como dirigente, sabe disso e está no caminho certo. Ele transformou o futebol no Japão e vai transformar no Flamengo também.

Termino com algumas questões: será que alguém pensava que a reformulação estratégica do Flamengo aconteceria sem dor, em meio a títulos e glórias? Alguém acha que temos outro caminho a seguir? Eu acho que o Zico é o cara pra conduzir esse processo e só ele será capaz de produzir a blindagem moral e ética que precisamos para atravessar esse período mais turbulento.

Saudações rubro-negras,
Ricardo Amorim

Flamengo Net

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