quinta-feira, 24 de junho de 2010

Um amigo norte-americano

*Por Max Amaral, que está trabalhando feito um louco e pediu pra gente publicar.

Tenho um grande amigo aqui nos EUA: Scott, um biólogo que trabalha para a Universidade do Colorado, um sujeito inteligente, cabeça aberta, tão gente fina que eu fico até com vergonha de dizer que os brasileiros é que têm fama de serem calorosos e hospitaleiros – nunca conheci um brasileiro que fosse mais generoso e alto astral que o Scott.

Mas enfim.


Ele tem outra característica interessante: é apaixonado por esportes. Se você quiser saber qualquer coisa sobre beisebol, basquete, futebol americano, hoquei, é só ligar para ele. Entende do riscado, acompanha tudo, sabe os nomes dos jogadores mais obscuros da liga amadora de beisebol da Pennsylvania, por exemplo.


Mas nada de futebol. Simplesmente não faz parte do vocabulário dele.


Aliás, deixa eu só contar uma historinha aqui, antes de voltar a falar do Scott: tem uma rádio aqui que só veicula esportes e notícias sobre esporte 24 horas por dia, 7 dias por semana. E eles têm uma propaganda que fala exatamente isso, e um grupo de locutores vai listando os esportes que cobrem, exaltando-se a si mesmos, até que alguém fala “soccer”. Nesse momento, param de falar e começam a gargalhar, como se falar de futebol em uma rádio dedicada a esportes fosse uma grande piada. Bão, para eles é, então deixa pra lá…


Mas voltando ao Scott: desde que me mudei para cá, a única referência que ele tinha sobre futebol eram os meus relatos apaixonados sobre o Flamengo, a minha tristeza pelo coito interrompido de 2008, a minha alegria pelo título de 2009, a minha frustração e estupefação pela bagunça de 2010. Relatos que ele escutava entre desinteressadamente educado e verdadeiramente surpreso.


Mas tudo mudou nessa quarta feira: Ele me ligou, no meio da tarde, para dizer que ele e o filho ficaram grudados na TV assistindo ao jogo da seleção dos EUA, e que sairam gritando pela casa depois do gol aos 46 minutos do segundo tempo. Suas palavras foram, literalmente:


- Eu não sabia que futebol podia te envolver e emocionar dessa maneira.


Sim, Scott, pode. Agora você entende um pouco o que o resto do mundo sente.


E agora, você entende um pouco mais minha paixão pelo Mengão.

Flamengo Net

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