domingo, 2 de maio de 2010

Tática e Estratégia

* por Victor Esteves, direto do Buteco do Flamengo

Todo mundo que já trabalhou em áreas de negócios acabou aprendendo a diferença entre estratégia e tática. Simplificando, para não me estender muito, uma ação estratégica é uma política de médio e longo prazo, uma visão que supera o imediatismo e tem uma abrangência maior. Já a ação “tática” é meramente uma coisa que se faz com a visão focada no resultado imediato, mas que não pode ir contra a estratégia maior.

Pois bem, apesar de não conhecer os bastidores da Gávea, é lícito supor que a “Estratégia” do Flamengo seja a de manter o Flamengo entre os principais times brasileiros, em termos de elenco, e buscar o reconhecimento internacional pelas conquistas de títulos nacionais e internacionais. Já a “Tática”, é ganhar a Libertadores, e sair do Pacaembu nesta quarta, com um resultado que nos mantenha na competição.

Como a hora é agora, não há como discutir neste momento se o Adriano deve ficar ou não no Flamengo, se o Vagner Love vale o salário que ganha, ou se o Rogério Lourenço deve ser efetivado. Com todo o respeito pelos que pensam diferente, entendo que é impossível não escalar o Adriano em campo, se a “tática”do Lourenço é ter dois atacantes em campo. O que pode ser discutido é se essa é a melhor tática, pois o time foi campeão no ano passado com um só atacante de ofício, e a vinda do Love (mais as saídas do Aírton e do Zé) bagunçaram de vez com o esquema vencedor. Assim, boa parte da torcida preferia ter um atacante só (aquele que não falta aos treinos e está com fôlego para perder muitos gols) e reforçar o meio campo com o Pet e o Pacheco jogando juntos. Mas entendo que o Lourenço esteja pensando em se livrar da pressão corintiana buscando lançamentos e corridas rápidas do Pacheco em direção ao gol, podendo ter as duas opções (Love e Adriano) para finalizarem. Pode não ser unanimidade, mas é válido. Simplesmente barrar o Adriano e colocar um outro atacante reserva seria uma insanidade, a meu ver. Primeiro porque a qualidade dos nossos reservas não tem se mostrado minimamente digna de vestir o manto. Segundo porque seria um absurdo completo pagar o que se paga ao Adriano e não escalá-lo na partida mais importante do ano para nós até o momento. Portanto, se o pressuposto é jogar com dois atacantes, que seja o Adriano e Love.

Por outro lado, seria muito bom que o time pudesse treinar este modelo de dois atacantes com outras variações possíveis. Com o Pet, ganhamos categoria, toque de bola, lançamentos com maior chance de serem precisos e um exímio cobrador de bolas paradas. Seria a opção da maioria da torcida, com certeza. Mas seria bom ter também o time treinado para aproveitar o desespero do adversário se o gol não sair. Com Pacheco, o time ganha muita velocidade para fazer a bola sair da nossa intermediária e chegar nos nossos dois atacantes. É uma opção válida, desde que seja treinada, com jogadas ensaiadas e não dependam da capacidade de finalização do Pacheco. É correr, pela ponta ou pelo meio, e PASSAR a bola para um finalizador bem colocado. Resta saber se o Love vai acertar uma finalização rápida e se o Adriano vai ter fôlego para chegar na frente do gol na velocidade da jogada.

Aliás, vale lembrar que o desespero deve ser do alvinegro e não nosso. O jogo começa com 1 a zero para nós. Não é possível que todos os ataques rubronegros sejam desperdiçados pela tentativa de finalizar de qualquer jeito ou pelo espírito de “eu jogo muito e vou fazer o gol” que as vezes parece tomar conta do time. Calma, minha gente. A opção tática do treinador precisa ser respeitada, já que é ele que está lá em contato com os jogadores, avaliando e sopesando as opções. Depois deste jogo vamos rediscutir a estratégia. Agora é hora de apoiar o time, o treinador e os jogadores.

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