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A pior derrota

O Flamengo irá a campo enquanto o Rio chora seus mortos. Entre escombros e lágrimas, o Flamengo irá a campo. Funcionários públicos, neste minuto, trabalham em mutirão no Maracanã para o jogo que terá início em menos de 4 horas.

Neste minuto, estima-se que mais de 200 pessoas estão desaparecidas, e o Flamengo entrará em campo. Há residências em risco, famílias desabrigadas, gente soterrada. Bombeiros escavam, envolvem os corpos em lonas pretas, e a repórter Ana Paula acaba de dizer que mais vítimas foram encontras em Niterói.

Não há como se pensar em futebol, e o Flamengo irá a campo sob o argumento de que não há datas. A Libertadores pode parar para uma Copa do Mundo e não pode parar em respeito ao ser humano.

Trinta homens do Corpo de Bombeiros estarão no Maracanã. Trinta bombeiros que deveriam estar na busca das pessoas desaparecidas, tudo porque a Conmebol, o Flamengo e a Universidad dizem que não há mais datas.

O que não existe mais é respeito e solidariedade. Esse jogo o Flamengo já perdeu, ainda que goleie os chilenos por 10x0. E para quem, como eu, se habituou a ver o Flamengo como um clube solidário, um clube que fez Pelé vestir a sua camisa para ajudar desabrigados, é a pior das derrotas.