sexta-feira, 16 de abril de 2010

COLUNA DE SEXTA-FEIRA - André Monnerat

Onde Patrícia não avançou

Andei escrevendo no SobreFlamengo sobre alguns movimentos da administração Patrícia Amorim para começar a cumprir promessas de campanha. É o caso do fortalecimento dos esportes olímpicos, da recuperação da sede social, de dar mais benefícios para os sócios. Mas há uma grande promessa de Patrícia para a qual, até agora, não houve movimento: a profissionalização da administração do clube.

Patrícia prometeu que cada setor do clube seria administrado por um profissional da área, remunerado, com metas a cumprir. E isso incluiria o futebol. No entanto, Marcos Braz havia sido bem sucedido em 2009, parece que houve uma dificuldade inicial para encontrar um nome que agradasse a todos para ocupar o tal cargo remunerado e, bem, ficou tudo como está.

Não sou dos que demonizam o atual vice de futebol; acho que ele tem erros e acertos. Mas é uma questão do princípio da coisa. Afinal, o futebol do Flamengo é um negócio que movimenta cifras na casa da centena de milhões de reais por ano, inserido num mercado bilionário que cresce a cada ano e atrai cada vez mais gente grande. Todos aqueles que negociam com o clube em nome das demais partes envolvidas - atletas, empresários, patrocinadores, TV - são profissionais, que se dedicam a isso para ganharem a vida. Enquanto isso, o Flamengo continua tocado por voluntários, que trabalham na base da boa vontade. É razoável?

Esta questão me vem à cabeça quando tento pensar em quem diabos deveria dar um jeito para que não tenhamos mais que ver, ouvir e ler o tipo de notícia que vem surgindo sobre o Flamengo, semana após semana após semana.



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Domingo tem decisão. Quarta-feira, outra. Se o Flamengo não vencer ambas, estará eliminado das duas competições que disputa no primeiro semestre. E a verdade é que, com o que o time está jogando, não dá pra ter segurança de que vá se sair bem em nenhuma delas. Se mantiver o seu nível de atuações da temporada, pode perder, empatar ou ganhar, sem grandes surpresas. O que não é razoável, se analisarmos os nomes e a folha de pagamentos do Flamengo e de seus próximos dois adversários.

É trabalho de Andrade encontrar um jeito, em meio a tantas turbulências, para fazer o time jogar futebol de verdade. Não me parece que as tentativas dos últimos dois jogos tenham sido bem sucedidas, o que até já era previsível só de ler as escalações. É senso comum que um time com três volantes como Maldonado, Willians e Toró provavelmente terá problemas pra sair tocando da defesa e pra manter a posse de bola. Não deu outra.

Pra melhorar um tantinho a situação dentro deste esquema, seria necessário que o único meia de criação em campo tivesse uma atuação maravilhosa. Ficou longe de ser o caso de Michael no domingo passado; Petkovic, na quarta, até foi um tanto melhor, a partir do momento em que o time ao menos conseguiu passar do meio-campo.

Todos sabem que o sérvio não jogou este ano nem perto do que em 2009; todos sabem também que, apesar disso, o seu potencial para resolver o problema de criação do meio-campo é muito, mas muito maior do que o dos outros concorrentes à vaga. Porém, depois de tudo o que já se leu sobre o que houve no vestiário lá no Chile (algo que, ao menos, livra um tanto a cara de Andrade pela substituição de Petkovic, que parecia totalmente sem sentido), parece ter chegado a hora de jogar a toalha  e esquecer as esperanças quanto a seu futuro neste time. Devo dizer, de qualquer forma, que não tenho qualquer esperança que a equipe comece a funcionar bem de uma hora pra outra se este esquema for mantido, por mais que se troque o nome do coitado que terá a missão de fazer milagre sozinho na criação de jogadas neste meio-campo.

Fica a torcida para que Andrade tenha um momento de iluminação. Que seja sábio para escolher a melhor maneira do time funcionar em campo e corajoso para acabar com a palhaçada fora dele - já que, pelo que leio, seus superiores estão colocando este trabalho totalmente em suas mãos. Espero que, ao menos, com total respaldo para que decida o que achar melhor.

E ainda não sei bem o que realmente aconteceu. Mas torço para que o Flamengo não seja o tipo de clube em que um jogador possa, sem justificativa razoável, empurrar e socar um companheiro de equipe no vestiário sem que nada lhe aconteça. E ainda por cima usando a braçadeira de capitão.


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Fora todos os problemas extracampo, que obviamente pesam e muito, devemos analisar de forma simples o porquê da queda de rendimento do time em relação à grande fase de 2009: em relação àquela equipe, o Flamengo basicamente perdeu Aírton, Éverton, Zé Roberto, Petkovic e Adriano - meio time, incluindo aí seus principais jogadores para criar jogadas e fazer gols. E nem Andrade, nem o clube como um todo, encontraram uma maneira de contornar isso.


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Encerro com este belo diálogo que acompanhei hoje via Twitter. Sim, é possível rir deste tipo de situação:

oclebermachado Ih, rapaz...o Bruno bateu no Pet? Que loucura! Ele bate em mulher e em companheiro de time? E pode, Arnaldo?

oclebermachado Vamos supor que eu sou o Bruno e o Galvão é o Pet. Se eu bater no Galvão, ele deixaria de ser escalado para narrar F1?

alextriplex @oclebermachado Se vc bater no galvão, vai virar herói nacional, isso sim.


• ANDRÉ MONNERAT trabalha com marketing e Internet e escreve também no SobreFlamengo (sobreflamengo.blogspot.com e twitter.com/sobreflamengo)

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