domingo, 25 de abril de 2010

11 em campo, alguém no banco, 40 milhões rezando

por Victor Esteves, direto do Buteco do Flamengo.

Seria muito bom se pudéssemos discutir o meio campo titular para este primeiro jogo. Se entra ou não o Pet de saída, se o Maldonado precisa ou não da companhia do Toró, se o Kleberson pode barrar o Michael. Ou se estivéssemos discutindo as “armas” que o banco de reservas nos provê. Será que o Ramon entrou em forma ? E a garotada das laterais, Galhardo e Jorbinson, terão alguma chance algum dia nesta equipe ?

Mas isso não pode ser feito. Primeiro porque alguns desses, nem inscritos estão na competição sul americana. Segundo porque não importa quem for escolhido para técnico, não há a menor chance deste ungido fazer alguma coisa até quarta feira. Portanto, a torcida deve estar mesmo rezando para o time não fazer nenhum papelão no Rio nesta quarta, e sabendo que o jogo que vai definir as coisas será o de São Paulo, na semana seguinte.

Assim, vamos ter que apelar para o sobrenatural. A única chance de passarmos por este momento crítico e superarmos um time que vem treinando e priorizando a Libertadores é que os 11 jogadores que estiverem em campo sejam possuídos pelo espírito do rubronegrismo, e coloquem nas pontas das chuteiras o seu coração. Pode até parecer piegas e romântico, mas o Flamengo já deu provas de que isso é possível. Não vou perder tempo discutindo se esses jogadores são ou não capazes disso. Ao entrar em campo, com a torcida majoritária ou não (o segundo jogo é em São Paulo), esses jogadores (eu ia escrever atletas) precisam estar conscientes de que não é um simples jogo. É uma prestação de contas com quase 40 milhões de pessoas que honram o Flamengo acima de tudo. Não podem estar preocupados com a comemoração ou com suas vidas pessoais. Nem com o próprio contrato, ou se vão ter chances de permanecer na Gávea depois disso. A história do Flamengo está, nesse momento, em suas mãos, pés e cabeças. As crises, como no ideograma chinês, são compostas de ameaças e oportunidades. É hora de espantar a ameaça e agarrar a oportunidade. Não é possível que uma instituição do tamanho do Flamengo não seja representada condignamente, seja por quem for, que vista o Manto Sagrado.

O presidente do time rival já deu declarações de que o Flamengo tem “dois ou três torcedores a mais”. A torcida adversária estará presente em massa no segundo jogo, e ainda ameaça uma “invasão”no Maracanã. Contra toda a racionalidade, precisamos mostrar a força da magnética no primeiro jogo. E que estes jogadores (quem sabe, um dia, atletas) sintam que esta torcida se fará presente, fisicamente e espiritualmente, nos milhões de apaixonados que estarão gritando e torcendo através da televisão, em todos os cantos deste país e do planeta. Entrem em campo como homens e poderão sair imortais, na memória coletiva desta Nação.

Mais a frente, poderemos discutir as medidas presidenciais, o planejamento que precisa ser feito para alcançar a hegemonia no futebol, qual o projeto de vida para o Flamengo e quem são os nomes ideais para ficar em campo, no banco e nos cargos. Agora, a hora é entrega, de superação, de colocar a cabeça na dividida, de acertar mais do que se erra, de dar um pique atrás de uma bola perdida, de passar a bola para o companheiro mais bem colocado, de suar sangue. Não importa o passado recente neste momento. Quem está na chuva é pra se queimar, diria um folclórico presidente do nosso adversário. Se vocês são o Mengão hoje, jogadores, honrem o Manto e agradeçam a oportunidade de entrar para a história do futebol. Não falem nada, joguem. Não se esforcem, atirem-se. A torcida perdoa muita coisa, menos a covardia e a omissão. Como dizia um dos nosso melhores frequentadores do Buteco do Flamengo, hoje em dia integrante da FLA CÉU, o Flamengo só perde para ele mesmo !

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