quinta-feira, 11 de março de 2010

Nosso Mundo é Flamengo: O DESEJO E O SONHO
Cumprindo o que me propusera no início do ano, abandonarei a síndrome do rubro-negro-que-quer-sempre-mais e comentarei o jogo pelo jogo. E sem ler as outras opiniões.

PAULO LIMA. Eastchester (NY)

O Flamengo mostrou o espírito Libertadores.

Em primeiro lugar, discordo radicalmente de quem pode ter achado que o time não jogou bem. Fomos compenetrados, procurando explorar os erros rivais e esperando o momento certo para dar o bote. E foi o que aconteceu. Após os únicos 5 minutos do 1o tempo em que o Caracas nos dominou, conquistamos o pênalti. Gol de Love. Ufa.

Até acho que o Fla entrou relaxado na etapa final, deu espaços, levou bola no travessão em cobrança de falta e, por fim, padeceu com a discutível expulsão do Toró. Álvaro não vinha mal até tomarmos o empate, mas é injusto dizer que errou mais do que acertou. Ele e Fabrício se expuseram mais com um a menos, o que é natural.

A grande sacada do Andrade foi ter lançado o Angelim e sacado o brilhante mas já cansado Pet. O Herói do Hexa deu mais segurança à defesa, e mais: foi orientado a, mesmo compondo a linha de 3 zagueiros, adiantar a marcação, o que foi fundamental para não só evitar que os venezuelanos nos encurralassem, mas também levar o time à frente, e foi aí que o Penta, moroso até então, apareceu: 2 assistências para Love, 1 travessão e 1 gol. Alvim, grata surpresa, fechou a conta.

Agora, perguntem-me: o time foi taticamente maravilhoso? Apresentou um futebol cheio de alternativas e próximo do ideal? Todos renderam o que podem? Um triplo Não. Mas o mais valioso é que Andrade e time entenderam o espírito Libertadores, que passa por ler rapidamente o jogo durante seu transcurso e defender com frieza e atacar com inteligência. Entrar no jogo, do jeito que for, é mais muito mais importante do que pré-meticular as jogadinhas treinadas na semana. É saber inverter a lógica do time em horas adversas e manter ainda assim a sobriedade (como competentemente fez nosso treinador com as expulsões nos dois jogos, o que espero não se repetir para o bem dos nossos corações).

São pequenas receitas, difusamente conhecidas, para o triunfo na América.

xxxxxxxxxx

Para não dizer que não falei de flores, o futuro é domingo. Sempre. Mas meu domingo não será feliz se o sacrifício completo de vencer o Vasco (nosso destino, seja qual for a nossa condição) condene a atuação de quarta que vem, no Chile, onde uma vitória nos colocará na rota para a melhor campanha da primeira fase. E não vamos aqui dizer que decidir em casa não é importante só porque nas últimas edições fomos eliminados no Maracanã. É uma analogia esdrúxula.

A Taça Rio é importante? Muito, é o único caminho para o desejado tetra (mais desejado do que sonhado, diga-se). Vencer o rival é importante? Muito, muito mesmo, é o que nos move como torcedor (sacaneá-los na segunda-feira, ora pois).

Mas meu entendimento é que apenas os inteiros devem começar o clássico.

Diferentemente do que se faz muito no Brasil – quando o cara é poupado, fica de folga e muitas vezes nem assistir o jogo vai - eu relacionaria todos os atletas, mas guardaria para o 2o tempo aqueles que mais se extenuaram na Venezuela. É uma forma de conservar o respeito ao adversário, sem criar um clima de “time misto”, de menosprezo, de prioridade à Libertadores. É só Andrade não revelar o time que irá a campo. Quando menos se espera, pronto: Vágner Love, Alvaro, Léo Moura, Pet e Kleberson, por exemplo, são vistos esquentando o banco, e só usados caso necessário.

Além do que, a formação ante o Bacalhau serviria para moldar o time para o confronto de Coquimbo. Por exemplo, eu abriria mão do Toró e lançaria o Alvim, que entrou bem como segundo volante. Lançaria o Michael como opção na armação de jogadas. E Adriano? Bem, é o grande jogo do cara. Com todas as atenções em torno do Imperador, pouco vai repercutir se o nosso técnico decidir não lançar mão da força máxima.

Apenas como exercício, meu time para o clássico seria: Bruno (Marcelo Lomba), Everton Silva, Ronaldo Angelim, Fabrício e Juan; Williams, Rodrigo Alvim, Ramon e Michael; Vinicius Pacheco e Adriano. No banco, levaria Bruno (Lomba), Léo Moura, Alvaro, Maldonado, Kleberson, Pet e Love. Com esses 11 e os 7 titulares no banco, dá para dizer que estamos subestimando o Vasco?

De toda forma, acho que isso não vai acontecer. Apesar disso, vale a reflexão. Ambos são reais mas, no fim das contas, o tetra estadual é um desejo. O bi da Libertadores, um sonho.

--
Paulo Lima / NY
www.mundoflamengo.com

==============================================

Jabá Master

Flamengo Net

Comentários