sexta-feira, 8 de janeiro de 2010


EMBAIXADAS DA NAÇÃO – O FLAMENGO ONDE VOCE ESTIVER
Por Vinicius Nagem

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A décima Embaixada a contar a sua história vem da Zona da Mata mineira, de uma cidade com cerca de 100 mil habitantes. Junto com as demais Embaixadas de Minas Gerais, a FLAMURIAÉ está sempre a postos para acompanhar o Flamengo nas ocasiões em que o time joga no Mineirão ou no Maracanã, haja visto que a distância da cidade até o Rio de Janeiro é de somente 312 km. Esse texto da FLAMURIAÈ foi escrito no dia 06/12/2009, algumas horas após o Mengão conquistar o Hexacampeonato. Curtam e entrem nessa onda, vendo com a paixão rubronegra faz coisas que até Deus duvidaria.

MURIAÉ – 6 DE DEZEMBRO DE 2009 – O DIA EM QUE NÃO FOMOS AO MARACANÃ
* Renato Marcelo Resgala Júnior – Diretor da FLAMURIAÉ

Hoje é dia de felicidade.
Na toada da manhã de um domingo de dezembro, acordamos todos, uma nação de pé, guerreiros apaixonados, muitas vezes frustrados, muitas vezes aliviados, de peito erguido, solidários e outras vezes, infantilmente, grosseiros.
Vivenciamos todos, durante anos, a experiência múltipla, variada, diferente de sensações dentro deste verde esmeraldino campo de lutas futebolísticas dessas terras da nação. Um sentimento incomum, de felicidade e angústia nos contagiava, aliviava-nos e nos deleitava – ó, preciosas horas que antecedem o espetáculo da paixão rubro-negra.
Hoje é dia de felicidade, não somente a felicidade da minha Muriaé, meu microcosmos de prazer, onde cativei amigos e prosperei a esperança.
Hoje é dia de alegria para 35 milhões de corações, feitos de mil raças, credos, paixões, gêneros...
Mas, hoje, também é dia de contar a recente história de uma grande nação e seus jovens guerreiros espalhados por essa terra.
Tentarei narrar a história que me coube, por destino ou mera casualidade, de herdeiros de uma linhagem única de trabalhadores, homens e mulheres de anseios, desejos e sonhos. Tentarei contar a história de um amigo, aquele espécime raro de gente que ainda confiamos.
A Fla-Muriaé nasceu de brincadeiras, de risos, de cervejas geladas no Bar do Mariano – figura central, um azulado com afinidades rubro-negras (Salve Mariano, pelas cervejas geladas e esporros gratuitos na madrugada!).
A torcida nasceu numa noite em que, debaixo das vaias da grande massa da torcida arco-íris, o Flamengo, no nervosismo do Campeonato Brasileiro de 2008, conseguira virar um jogo num Maraca desacreditado.
A partir disso, naquela mesma noite, Tálmeri Moreira Júnior, após noventa minutos (e é claro, com acréscimos sofridos) de muita “pilha”, esbravejou, aos quatro cantos do Bar do Mariano que fundaria uma torcida que mobilizaria toda a cidade de Muriaé. Ele entrara em contato com amigos e, em apenas dois dias, mais de 100 pessoas já estavam unidas, no movimento da criação desse braço da grande Nação Rubro-negra, a Fla-Muriaé.
Tálmeri criaria a Fla-Muriaé e se tornaria seu presidente.
No dia 21 de setembro de 2008, o Flamengo jogaria contra o Ipatinga, no Maracanã, e, em Muriaé, aconteceria a primeira festa de inauguração da primeira torcida organizada da cidade, com a mobilização de mais de 400 membros cadastrados e uniformizados.
A Fla-Muriaé carimbaria a sua consolidação na cidade, neste dia, enquanto um movimento unido, organizado e familiar que promoveria a integração das torcidas em prol do espetáculo do esporte: lembro-me da ovacionada e extravasada carreata promovida, em meio àquela chuva de setembro.
Ainda escuto a voz do meu amigo, “excelentíssimo” presidente: “_Eu não acreditava que isso seria assim, uma festa para todos, e o melhor é que o Flamengo ganhou de 1x0”.
A repercussão de tudo isso não poderia se dar por outro viés: Tálmeri fora convidado para participar do programa televisivo local “Na marca do Penâlti” e do programa de rádio local “Bate-Bola”.
A partir disso, a Fla-Muriaé se tornaria uma realidade local, para a imensa e – carioca do brejo – torcida flamenguista muriaeense. Mas isso seria apenas o começo.
Havia algo pendente, aquilo que todo sonhador sempre quis: o reconhecimento de sua própria casa, o reconhecimento de sua paixão e a consolidação dos próprios sonhos.
O maior clube de futebol do mundo, o Clube de Regatas Flamengo, através do Diretor de Projetos Especiais, Alexandre Moraes, descobriria, dentro de sua casa, o Maracanã, a pequena representação da Fla-Muriaé presente no jogo entre o Mais Querido e a Portuguesa.
Eu, que narro esta história, sinto a necessidade de dizer como me foi dito, que, na humildade de um ser humano, Alexandre Moraes, no intervalo do jogo, descera das Cadeiras Especiais rumo às Cadeiras Inferiores, como ele mesmo dissera, procurando o líder daquela pequena, mas não menos vibrante, torcida que balançava, contínua e ininterruptamente, a faixa da sua torcida, abrindo-se aspas, “NA MÃO”!
Alexandre Moraes, naqueles 15 minutos de intervalos, fora apresentado ao presidente da Fla-Muriaé e indicou-lhe os caminhos para que pudesse fazer da torcida da Fla-Muriaé uma Embaixada da Nação.
No sonho de dar à sua terra, aos seus amigos e à sua família um presente único, Tálmeri procurou, incansavelmente, preencher todos os necessários requisitos para fazer da Fla-Muriaé uma legítima representante do Mais Querido do Brasil.
Aquele esperado, desejado, ansiosamente sonhado email chegara: a Fla-Muriaé estava selecionada para receber o Diploma de Embaixada da Nação, na sede oficial do Clube de Regatas Flamengo, na Gávea, no dia 08 de Agosto de 2009 – dia que antecedeu a vitória, sofrida, suada, chorada contra o Corinthians: Ave Imperador Adriano, aos 30 e todos minutos do segundo tempo.
Missão Cumprida: a primeira batalha do sonho de erguer, em meio às veredas da Zona da Mata Mineira, uma torcida unida, forte, pacífica e apaixonada pelo seu clube já estava confirmada.
E eu vi isso: as canções entoadas nos intervalos dos jogos; eu vi, o choro e o desabar de um amigo naquele inesquecível Penta Tri contra o Botafogo; eu vi, deliciosamente, três anos de malhação do Clube de Regatas do Vasco da Gama (sem contar um Bi da Copa do Brasil); e eu e meu amigo Tálmeri vimos o Flamengo ser ignorado em pleno Maraca pelo Grêmio – fatídico 1997; e eu vi muita coisa ruim (dirigentes incompetentes, jogadores mercenários etc.); mas eu ainda não tinha visto um homem, um jovem rapaz de 26 anos, andar cerca de oito quilômetros a pé, levando e puxando um trio elétrico e uma emocionada carreata, num domingo de dezembro.
E me lembro das palavras de Tálmeri: “Não fui ao Maraca, porque quero e devo isso ao meu povo! Não poderia deixar de estar ao lado deles nessa festa magnífica!”.
Sim, hoje é dia de felicidade.
Mas o melhor é que hoje é um dia de felicidade para minha Nação, a grande, maior, soberana e única Nação Rubro-Negra.
Eu, que sou um jovem professor, vi e vivenciei parte dessa história a qual se tornou um dever para mim. E com licença de Neruda, também viemos para cantar e para que todos cantem conosco: VAI COMEÇAR A FESTA!!!

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