VALEU, FILHO?
Valeu, mãe, Deus lhe pague.
Este domingo fiquei muito tempo com minha velha mãe. Aliás, desde sexta feira estivemos a seu lado. A semana toda eu fiquei quieto. Não fiz sequer um comentário aqui no BLOG. Fiquei calado no trabalho. Fiquei mudo em casa. Estava tenso. Não bastasse a final contra o Grêmio, d.Edita, a minha mãe, teve uma emergência médica e teve que fazer um cateterismo na sexta feira. Ela nem é brasileira, veio lá da Europa central, da antiga Tchecoslováquia, pertinho ali da Sérvia, terra natal do Pet, é eslava como ele. Chegou ao Brasil adolescente, sofre problemas de saúde desde que nasceu, fez dezenas de operações muito sérias. O médico disse que não poderia ter filhos: teve cinco. Disse que não poderia andar mais ali pelos 50 anos: só parou de andar este ano, pouco depois de completar 85 anos. Foi quando outro de seus problemas crônicos, o pulmonar, quase a matou. Venceu mais essa batalha, mas ficaram seqüelas, uma fibrose no pulmão, uma tosse que lhe provoca engasgos a todo momento. Suportou-as durante todo este ano de 2009. perdendo quase toda a visão e a audição. Sofreu muito, conformada e quieta. Até que na última sexta feira foi internada para um cateterismo. O resultado foi menos ruim do que o médico previa, mas ainda há risco. Talvez tivesse que fazer uma angioplastia, mas não sabemos se os médicos vão querer correr esse risco.
Ainda assim, durante todo o tempo, torceu conosco pelo nosso Flamengo. Tem fé, reza muito, pede pelos outros, não para si mesma. Por isso fui ao seu quarto, onde ela ainda permanece em repouso, e pedi: “mãe, a senhora tem crédito “lá em cima”, faz uma oração pro Flamengo ganhar”. Ela, que fala baixinho, por causa dos problemas pulmonares, me disse “pode deixar”.
Fui ver o jogo em casa, até para deixa-la descansar, sem transmitir o nervosismo e a tensão. 19 horas, meu irmão liga e coloca o telefone no ouvido dela. Naquela voz baixinha e fraca ela só disse “VALEU, FILHO?”. Fiquei sabendo que ela ficou descansando no quarto, e de vez em quando pedia a alguém para ver como estava o jogo.
Pois que este seja o título dela. Seus ouvidos, que já quase não escutam, ouviram que o Flamengo é hexacampeão. "Alguém" deve ter escutado sua oração. Deus lhe pague, mãe.
Valeu, mãe, Deus lhe pague.
Este domingo fiquei muito tempo com minha velha mãe. Aliás, desde sexta feira estivemos a seu lado. A semana toda eu fiquei quieto. Não fiz sequer um comentário aqui no BLOG. Fiquei calado no trabalho. Fiquei mudo em casa. Estava tenso. Não bastasse a final contra o Grêmio, d.Edita, a minha mãe, teve uma emergência médica e teve que fazer um cateterismo na sexta feira. Ela nem é brasileira, veio lá da Europa central, da antiga Tchecoslováquia, pertinho ali da Sérvia, terra natal do Pet, é eslava como ele. Chegou ao Brasil adolescente, sofre problemas de saúde desde que nasceu, fez dezenas de operações muito sérias. O médico disse que não poderia ter filhos: teve cinco. Disse que não poderia andar mais ali pelos 50 anos: só parou de andar este ano, pouco depois de completar 85 anos. Foi quando outro de seus problemas crônicos, o pulmonar, quase a matou. Venceu mais essa batalha, mas ficaram seqüelas, uma fibrose no pulmão, uma tosse que lhe provoca engasgos a todo momento. Suportou-as durante todo este ano de 2009. perdendo quase toda a visão e a audição. Sofreu muito, conformada e quieta. Até que na última sexta feira foi internada para um cateterismo. O resultado foi menos ruim do que o médico previa, mas ainda há risco. Talvez tivesse que fazer uma angioplastia, mas não sabemos se os médicos vão querer correr esse risco.
Ainda assim, durante todo o tempo, torceu conosco pelo nosso Flamengo. Tem fé, reza muito, pede pelos outros, não para si mesma. Por isso fui ao seu quarto, onde ela ainda permanece em repouso, e pedi: “mãe, a senhora tem crédito “lá em cima”, faz uma oração pro Flamengo ganhar”. Ela, que fala baixinho, por causa dos problemas pulmonares, me disse “pode deixar”.
Fui ver o jogo em casa, até para deixa-la descansar, sem transmitir o nervosismo e a tensão. 19 horas, meu irmão liga e coloca o telefone no ouvido dela. Naquela voz baixinha e fraca ela só disse “VALEU, FILHO?”. Fiquei sabendo que ela ficou descansando no quarto, e de vez em quando pedia a alguém para ver como estava o jogo.
Pois que este seja o título dela. Seus ouvidos, que já quase não escutam, ouviram que o Flamengo é hexacampeão. "Alguém" deve ter escutado sua oração. Deus lhe pague, mãe.
|