sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Triplex Top Ten (Steps to the Title)


Pedi pra me mandarem os relatos sobre a saga de cada um pro título. Ninguém mandou, vou eu mesmo. Esse é o último Top Ten do ano, e nele resumirei a saga que nos levou ao Hexa Campeonato de Futebol Masculino Heterossexual.

1 - A volta dos ídolos: Adriano e Pet voltaram pra Gávea, e nessa onda recuperamos não somente a auto-estima. Recuperamos o futebol de verdade, aquele que vai em direção ao gol. Recuperamos o 4-4-2, a ofensividade, a qualidade no toque de bola, no passe final. Não elegerei um "Melhor do Ano". Seria injusto com os 2. No meu entender, o Hexa começou aqui, sem desmerecer o resto do elenco, naturalmente.

2 - A efetivação de Andrade: Se alguém me perguntasse, à época, se eu acreditaria no título, eu diria que não. Seria hipocrisia inventar historinha pra boi dormir. Mas o fato é que Andrade conquistou e fechou o elenco. Mostrou pros caras que um 4-4-2 com uma boa proteção à zaga não faria mal. Usou e abusou do talento de Pet, Adriano, e, why not, de Zé Roberto. Deu ao elenco a alegria de jogar, e nem por isso, ficamos vulneráveis (aos desatentos, tivemos a segunda melhor defesa, atrás somente dos bambis). E nos últimos jogos, voltamos a contar com a estrela e o talento do Bruno. No meu entender, a mão de Andrade foi fundamental nessa arrancada.

3 - O abraço da torcida: Nada no Flamengo anda sem a torcida. Nada. O nosso grito é a mola propulsora pras vitórias, pros títulos. O que essa torcida fez em 2009 foi sensacional. Não pelo mosaico, mas por acreditar quando nem mesmo alguns rubro-negros acreditavam. Foi uma bola de neve. Eu acredito, Tu acreditas, Ele acredita. E quando chegou no Nós, já era pro resto. Deu no que deu. Mas eu voltarei a falar da torcida, mais ali pra baixo.

4 - O jogo: Não é pelo fato d´eu ter ido ao Maraca justo nesse combate. Mas o jogo que determinou a arrancada foi contra os bambis. Ali, exatamente naquele sábado sem teto pra pouso, naquele sábado sem Adriano, ali, exatamente ali, vislumbrei que as coisas poderiam andar. Pois os caras eram os bichas papões, vinham numa arrancada, engolindo (sic) um a um os adversários, e sempre com aquele joguinho tosco porém efetivo. Mas eles esqueceram de marcar o velho. E o velho arregaçou com os entrefolhos da defesa dos bambis. Um pênalti esculachantemente esculachador e um "toma e faz" pro Zé. E estávamos no páreo. Intimamente, sem aparecer no topo da tabela, estávamos no páreo.



5 - A escalada: Eram 12 pontos de diferença pro líder. Ou algo assim. E viemos, tal qual num prato de mingau de maizena, comendo pela beira. Uma vitória aqui, 3 pênaltis defendidos ali, um pênalti isolado acolá, gols olímpicos nos pulgueiros adversários, e....pasmem, metemos o nariz. Chegamos. E então, começamos a usar a calculadora e a tabela dinâmica. E a Fé...aquela tal Fé que tanto pedi, que tanto peço, passou a fazer parte dos nossos cálculos.

6 - A chance: Tivemos uma contra o Goiás. Não aproveitamos. E nessa semana que separou o jogo do Mosaico do jogo em Campinas, meu amigo Maurício Neves me ligou. "Vamos pro jogo contra o grêmio, Alex, porra, tu não pode faltar justo a esse jogo". E ainda éramos vice-líderes. A tal Fé, né, Mau...a tal Fé.

7 - A emoção - Parte 1: Quando tem jogo no domingo, a minha esposa costuma passear com a Alice aqui na frente do prédio, pois sabe que eu gosto de assitir os jogos xingando, reclamando, etc. Eu sei que saiu o gol dos bambis. Estavam as 2 na sala. Não xinguei, apenas falei "putz", e a Mari me perguntou. Expliquei rapidamente e ela avisou que sairia pra passear. Quando fizemos o primeiro gol, o do Zé, rapidamente fui pro haloscan, e vi que eram comentários atrás de comentários "piscando" em amarelo. Achei legal. Pensei "nossa, quanta gente no blog". Mas não era. Era o gol de empate do goiás. Não aguentei. Comecei a chorar. Imediatamente. Chorava de soluçar, pois estava com o ingresso e passagens comprados, e vi uma chance - como bem definiu o Mau - única. Quando o goiás fez o segundo, aí chorei mesmo. Chorei como se estivesse no Maraca, assistindo a entrada do time em campo. Mas não era só aquilo. Ao fim do jogo, de posse da liderança, a Globo foi extremamente feliz de deixar o som ambiente da torcida cantando. Desabei (acreditem, estou chorando agora, ao escrever essas palavras). Eram lágrimas de quem sabia o que estava por vir. No chances para o fracasso.

8 - A viagem: Fomos eu e Hermínio pro Rio. Uma meia dúzia de 7 rubro-negros, todos tomados por aquele sentimento de otimismo, mas, ao mesmo tempo, no sapatinho total. Viagem programada pra durar 12 horas. Eis que, às 6:30 da manhã, ouço uma discussão acalorada sobre as chances de coxa, botafogo e fruzinho cairem. Pensei "deve ser sonho, deve ser meu subconsciente completamente tenso focado no Brasileiro". Abri meio olho, e lá estavam os malucos discutindo futebol.
E assim foi até a chegada à Rodoviária Novo Rio. Não sem antes tomarmos esporro de um sujeito que é ruim da cabeça e doente do pé, e de forçarmos o motorista a praticamente diminuir o tempo de lanche na entrada do Rio.

9 - A emoção - Parte 2: Já esgotamos e desgastamos o assunto "jogo" em si. Por isso vou falar da emoção que foi. Ouvir praticamente 90 mil vozes cantando é algo que arrepia a alma. A nossa torcida é ímpar. Chorei na entrada do time em campo.

Emoção indescritível no gol deles. Um frio na barriga, uma momentânea perda de esperança. Mas, NÓS SOMOS O FLAMENGO, PORRA! E quando David empatou, me lembro de ter ajoelhado, rezado, e saí pro abraço, procurando rubro-negros pra celebrar. Não foi difícil achar. Hoje vi uma foto gigapan, e me achei lá. Deu pra ver a tensão que tinha se apossado de mim. Um misto de concentração, de tensão, de apreensão. Mas jamais de medo. Jamais. E...veio o escanteio. Essa foto aí de cima foi tirada pelo Mau. Não me pergunte e não pergunte a ele como ele o fez. É uma daquelas certezas que só os rubro-negros iluminados tem. Tal qual Zico, Pet foi pra bandeirinha. Tal qual Rondinelli, Angelim veio como uma trosoba hirta perfurando todos os entrefolhos dos gremistas, bambis, colorados sem drenagem, porcos e raposinhas. Nessa hora, me lembro de olhar pro lado e ver um cara, assim como eu, ajoelhado, chorando, agradecendo a Deus por aquele momento. Dali pra frente, a última lembrança que tenho é do Mau levantando o celular pra me mostrar 44:34, tempo de jogo. 3 minutos de acréscimo. E quando a bola saiu dos pés do Bruno, quicou no gramado hexa campeã. A bola, a torcida, o time. Um momento ímpar. Não sabia se estava no céu, no mar, no ar. Só sabia que era - e sou - campeão. Daí pra frente, festa. Algo pra nunca mais esquecer.


10 - Dedicatórias: Este post é dedicado à minha filha Alice. Nasceu tri Carioca, Rainha do Rio e Hexa Campeã Brasileira. É dedicado aos amigos Maurício Neves, Lucas Dantas, Juan Saavedra, Alex Lalas, Mário Cruz, Arthurzão Muhlemberg, Patrick Langenfeld, Gustavo de Almeida, Pablo Duarte, João Marcelo, André Doria, Serginho Atallah e Kleber Santana. Não necessariamente nessa ordem. São os caras que me incentivam a tocar o blog, blog que todos ajudaram a fundar. É dedicado aos amigos Tiago Cordeiro, Max Amaral, Dão e Hermínio. Parceiros no dia-a-dia do blog, e que, graças a Deus, discordam de mim e entre eles. É o que torna nossa administração bem orientada. E claro, dedico esse post aos que nos acompanham desde nossa fundação. O blog é o que é graças a vocês. Top Ten, agora, só ano que vem.

E nada mais digo.

Alex do triplex no twitter: http://www.twitter.com/alextriplex

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