Missão Adriano 2010
Eu sei, não é hora de falar coisas sérias. Passamos semanas e mais semanas pensando só no Flamengo. Ou, para ser mais justo, pensando no Flamengo e nos tropeços de nossos adversários. Somos Hexa, é hora de descanso e de amenidades, de comentar a bela festa do Zicão que levou 70 mil pessoas ao Maracanã, de assistir as retrospectivas de nossos títulos conquistados em 2009. Então, se você não quer pensar em coisa séria, pare por aqui. Mas foi justamente assistindo o jogo do Rei Arthur que me veio a preocupação que passo a dividir.
Adriano chegou ao Maracanã em cima da hora hoje. Claro, ele não respeita os horários durante o ano, não será nas peladas festivas que se transformará em um pontualíssimo lorde britânico. Mas isso me fez lembrar de um assunto que estamos varrendo para baixo do tapete, entre os confetes e serpentinas do Hexa. Como controlar Adriano em 2010? O momento não é propício, porque as resenhas das revistas especializadas estão justamente exaltando o quanto o Flamengo foi compreensivo com Adriano e o quão necessário é deixá-lo livre para as festas na laje, para percorrer as vielas da Vila Cruzeiro na garupa de uma moto e para faltar os aborrecidos treinos de meio de semana.
Embora eu esteja muito grato ao Adriano, devo confessar que não acredito que foi essa liberdade dada pelo Flamengo que o tornou artilheiro do campeonato. Estou convencido de que as convocações para a seleção brasileira e, principalmente, a vontade do Adriano de estar na seleção brasileira foram os fatores responsáveis pelas doses de disciplina que o levaram a fazer a diferença no campeonato nacional. Ainda que a seleção tenha efeitos colaterais desagradáveis, como as contusões - o que muito nos prejudicou em 2009, pouco com Adriano, bastante com Kleberson e imensamente com Maldonado -, é pacífico que o Imperador se esforçou para mostrar ao Dunga que merece uma vaga na Copa.
Quando acabou o ano oficial da seleção, fora os amistosos para os quais Adriano sabia que não seria convocado, acabou o motivo da disciplina. Foi quando voltaram os atrasos para os treinos, e a história da carochinha do pé queimado numa lâmpada. A festa pelo título encobre a lembrança de que perdemos nosso principal jogador em uma semana decisiva. Essa é a minha tese: sem o freio da seleção brasileira, Adriano desembestou ladeira abaixo. Rememore-se, além da queimadura, as atuações apagadas em jogos fundamentais, contra Goiás e Grêmio.
2010 é ano de Copa, e isso por si só deverá bastar para Adriano se comportar de um modo minimamente profissional, e fazer os gols que precisaremos na Libertadores. Assim espero. Porém, já vazou aqui e ali que Dunga não gostou nem um pouco do comportamento de Adriano após o fim das eliminatórias, o que merece toda a atenção do Flamengo. Não podemos controlar Adriano cobrando respeito aos horários ou multando por atraso. Clubes bem mais estruturados falharam, e nós falharemos também. Só o que pode controlar Adriano é a sua vontade de jogar a Copa do Mundo, que deverá demonstrada na Copa Libertadores. É nisso que ele precisa acreditar. É isso que precisamos que aconteça.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Assinar:
Comment Feed (RSS)
Flamengo Net
Comentários
|