quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Alfarrábios do Pai Melo Dinah – Edição Extra

Saudações HEXACAMPEÃS a todos.

"Ué, outro post do Melo?" Calma, é só essa semana. Na verdade, é o seguinte: lembram que no início do campeonato o Blog promoveu uma enquete onde o pessoal poderia dar palpites sobre as colocações no Campeonato Brasileiro?

Refrescando a memória, aí o post, de 09 de maio:

“Vamos ver quem entende mesmo das paradas...Se existe uma razão para um blog ser saudável, essa é a discussão. (...) Bom, a "brincadeira" que proponho é que vocês enviem para o e-mail da adm suas apostas para:1 - Artilheiro do campeonato (sem o número de gols);2 - Time com a melhor defesa;3 - Time com o melhor ataque;4 - Os 5 primeiros - é claro - pela ordem.
Vamos ver se temos alguma Mãe Dinah no blog.”

Aí o palpite que enviei pro blog, em 09 de maio: Tremei, infiéis!

“Alex, boa tarde. Participando da brincadeira proposta no blog, seguem meus palpites:

1. Artilheiro: Kleber (Cruzeiro);
2. Melhor defesa: Grêmio/RS;
3. Melhor ataque: Internacional/RS;
4. Cinco primeiros, pela ordem: Flamengo, Internacional, São Paulo, Cruzeiro, Corinthians.


Abs, Melo”

Não, não ganhei na Mega-Sena. Não, não fiquei rico. Sim, quem quiser consultoria é só procurar, cobro baratinho. (hehehe)

Mas chega de tirar onda. Esse breve momento de Pai Melo Dinah valeu como prêmio um post extra, no qual vou abordar dois assuntos em que vinha pensando ultimamente.

1 – MEA-CULPA

1986, final da Copa do Mundo, jogam Argentina x Alemanha no México. Enquanto as duas seleções disputam cada tufo de grama, a torcida Argentina estende uma enorme faixa, onde se pode ler facilmente: “PERDÓN, NARIGÓN”. É uma retratação pública a Carlos Bilardo, treinador da seleção hermana (celebrizado por seu imenso nariz), que nos dois anos anteriores ao Mundial havia sido literalmente massacrado com críticas, desprezo e vaias, especialmente pela “hinchada” Argentina.

Então, pensei: também vou estender minha faixa de “PERDÃO, TROMBA”. Mea-culpa, mea maxima culpa. Logo após a derrota para o Avaí, eu escrevia aqui: “Parece antipático e até cruel cornetar o Andrade nesse momento, o Tromba vem realmente tentando trabalhar com seriedade. Mas a omelete que ele vem produzindo, em que pese a falta de ovos, está sem liga e intragável.”

Àquele momento, o espectro do Andrade balbuciante de 2004 e totalmente perdido de 2005 voltava a assumir contornos nítidos, pelo menos na minha visão. Mas dessa vez o Tromba não esmoreceu, e teve respaldo para desenvolver seu trabalho com calma e sem sobressaltos. E os resultados vieram, como podem atestar as ardentes orelhas dos torcedores arco-íris, massacradas com nossas ironias e gozações hexacampeãs.

Demonstrando a desconcertante humildade e a firme serenidade dos vencedores (típicos, aliás, da dourada Geração dos Anos 80), Andrade deu-nos uma lição de vida. Recuperou jogadores já condenados, demoliu uma concepção de jogo que já apodrecia caduca e que nenhum dos seus “promissores e talentosos” antecessores tivera coragem de enfrentar, soube trazer todo o grupo de jogadores para seu lado e, principalmente, deu uma aula de como trabalhar com desenvoltura no desafiante ambiente flamengo.

Houve apoio, houve um arcabouço de estrutura que funcionou, é certo, mas quantos outros tiveram esse apoio nos anos anteriores? Em anos recentes, já passaram pela Gávea treinadores estrelados, promissores, consagrados, linha-dura, paternalistas, de todo tipo. Poucos prosperaram. E nenhum deles atingiu a glória desse mineiro de fala mansa e papo fácil, que carrega em toda a sua simplicidade a fibra dos imortais.

Concluo com uma frase que usei outro dia, em outro contexto, mas que se aplica perfeitamente ao que quero dizer agora:

Nunca se desdenha de um campeão.


II – A SELEÇÃO DO HEXA

Outro dia, li que um jornal estava promovendo uma pesquisa interessante: qual a seleção dos melhores jogadores flamengos no hexacampeonato. Achei interessante, e resolvi transpor essa proposta para cá. Os mais jovens, estreantes na doce arte de comemorar títulos brasileiros, talvez encontrem certa dificuldade, mas de qualquer forma, vale a brincadeira: “qual a seleção dos melhores jogadores do hexacampeonato do Flamengo?”

Já saindo do muro, coloco a minha seleção. Baseei-me nas suas atuações nos campeonatos, e no grau de importância que eles tiveram para as conquistas, independente de qualidade técnica ou nível de idolatria. Sem mais delongas, meu “onze” ficou assim:

Raul (1980, 1982, 1983) – Crucial em vários momentos difíceis, especialmente nas partidas finais de 1983, onde fechou o gol.

Jorginho (1987) – Primor de eficiência e técnica. Suas triangulações com Bebeto e Renato pela direita eram mortais e ajudaram a decidir vários jogos no tetra de 1987.

Leandro (1982, 1983, 1987) – Genial como lateral e zagueiro, foi particularmente brilhante em 1987, onde mostrou uma absurda capacidade de desarmar sem cometer faltas. Seu talento era tão exuberante que, mesmo na zaga, era um dos responsáveis pela saída de bola da equipe, iniciando a armação.

Mozer (1982, 1983) – Dotado de técnica privilegiada. Gostava de sair driblando pela defesa e costumava chegar como elemento surpresa ao ataque, o que normalmente era devastador para os adversários. Sua impulsão era algo inverossímil.

Júnior (1980, 1982, 1983, 1992) – Nos três primeiros campeonatos atuou como lateral-esquerdo, sempre como uma das armas da equipe. Muito habilidoso, dava à bola tratamento aveludado. Suas tabelas em profundidade com Zico faziam salivar até os adversários. Em 1992, já de volta de vitoriosa passagem pela Europa, atuava no meio-campo, onde, como regente de uma equipe jovem e combativa, foi o grande nome do pentacampeonato.

Andrade (1980, 1982, 1983, 1987, 2009 como treinador) – Assumiu o posto de volante após a aposentadoria de Carpegiani. Conjugando notável habilidade (era capaz de dar passes agudos e refinados) com inesgotável capacidade de marcação, viveu seu grande momento em 1987, quando assumiu o papel de um dos protagonistas da campanha do tetra.

Adílio (1980, 1982, 1983) – irreverente e driblador, o Neguinho da Cruzada personifica como poucos o típico Flamengo das ruas e dos morros. Dava ao time uma movimentação alucinada, multiplicava-se em campo, sempre pronto para sentar ao chão algum adversário ou iniciar tabelinhas diabólicas que normalmente acabavam no gol adversário. Sua atuação na final de 1983 é um dos grandes momentos da história do Maracanã.

Zico (1980, 1982, 1983, 1987) – precisa mesmo falar de Zico? Pra o Galinho, só um post inteiro. Passo.

Petkovic (2009) – dado como aposentado, renasceu em 2009, conduzindo uma equipe desacreditada ao topo com gols olímpicos e passes magistrais, que lembravam os tempos românticos.

Renato (1987) – encrenqueiro, era um demônio em campo. Foi o grande nome da conquista de 1987, semeando o caos em defesas adversárias com suas arrancadas e dribles humilhantes. Seu gol antológico contra o Atlético-MG no Mineirão até hoje põe corações flamengos em brasa.

Nunes (1980, 1982, 1987) – não era um prodígio de técnica, mas doava-se em campo como poucos. Guerreiro e raçudo, era útil tanto abrindo espaços para os companheiros como finalizando as assistências adocicadas que recebia. Predestinado, foi herói nos títulos de 1980 e 1982.

É isso. Boa semana a todos,

Flamengo Net

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