sábado, 28 de novembro de 2009

Pra quem insiste no desânimo.

Mengão é sufoco puro


*Por Gustavo de Almeida, direto do blog Jihad Rubro-Negra



Caros amigos, companheiros de JIHAD:

Estamos a duas rodadas do fim de um campeonato brasileiro de sonho, ou, pelo menos, aquele em que mais sonhamos, talvez desde 1992. Nem mesmo nos campeonatos de mata-mata pós-1992 estivemos tão perto do título quanto naqueles 90 minutos contra o repugnante Goiás em que a bola se recusou a entrar. Não. Ali, uma vitória e a fatura estaria liquidada. Atropelaríamos os gambás em Campinas e esmagaríamos o Grêmio no Maraca diante de umas 90 mil almas rubro-negras no estádio e outras 34.910.000 mundo afora.

A bola não entrou, o Corinthians voltou a ser ameaça, assim como o Grêmio. Adriano queimou o pé, e de repente vimos que a coisa não ia ser fácil. Até porque o poderio financeiro Bambi está comprando o time do Goiás, levantando suspeitas antecipadas sobre o Match deste domingo. É, não vai ser fácil.

Grande descoberta.

Afinal, chegar ao segundo lugar como estamos já havia sido um perrengue desgraçado, que demandou vitórias épicas como a sobre o Palmeiras e protocolares como a sobre o pavoroso Galo em seu reduto ordinário. Não entendi muito o por quê do apavoramento. Na verdade, vejo motivo mais para irritação.

Na semana do jogo contra o Goiás, foi difícil conter o oba-oba, mas a diretoria atual não teve competência nem pra conter o Petkovic: o gringo foi à Bahia gravar um documentário sobre sua vida, algo que deveria ter sido adiado para depois do dia 6 de dezembro. O Adriano que esteve em campo não era definitivamente o mesmo que havia destroçado o Náutico uma semana antes. Ou seja, houve festinha. E em hora errada.

Agora, nosso artilheiro aparece com o pé queimado. E inventando historinha.

Mas vejam bem, meus amigos: diretoria incompetente e sufoco para ganhar nunca foram novidades no Mengão. Como diz mestre Arthur Muhlemberg no Urublog, torcer pelo Mengão é um perrengue dos diabos. Ninguém jamais disse que era fácil, molezinha, tarefa para ser exercida no ar-condicionado durante jogo de Tetris. Nada disso: torcer pelo Flamengo é um troço de maluco, é para quem tem culhões de aço (ou ovários de platina).

Lembro dos perrengues que já passamos: em 1978, Rondinelli fez o gol aos 41 do segundo tempo depois que sofremos o pão que o diabo amassou diante do gol do mau-caráter Leão. No ano seguinte, cagamos sangue num 0 a 0 diante do Bostafogo para gritarmos Tricampeão. Em 1980, o João Danado Nunes precisou marcar o maior gol da história do Maracanã diante do hediondo Galo, aos 36 do segundo tempo, depois de 170 minutos de choro, ranger de dentes e mandíbulas destroçadas.

E o que dizer da conquista da Libertadores, com direito a porrada de carabineros da Ditadura Pinochet e ameaças de morte? E a conquista do Brasileiro em cima do Grêmio? E anos mais tarde, quando foi necessário ganhar do Vasco na bola e na porrada e ainda precisar do resultado do Bacalhau contra o São Paulo para sermos campeões com o vovô garoto em 1992?

E não pensem que eu esqueci 2001: até os 43 do segundo tempo nosso tricampeonato tinha ido para a casa do caralho, quando em um único lance o sérvio Dejan mandou o Vasco de primeira classe para o mesmo lugar.

Por tudo isso, caros amigos, é que solicito aos senhores o cumprimento dos respectivos juramentos: vamos todos para a frente da TV neste domingo e, quem conseguiu comprar ingresso, vai, sim, para o Maraca. Foda-se a bolha. Foda-se o pênalti. Para quem já passou por tudo isso e ainda torceu por Lê em 1999 na Copa Mercosul, ter que torcer pelo Bruno Mezenga é moleza. Mengão é perrengue mesmo, é ralação pura, e este sangue derramado a cada contenda é que faz de nós o que somos.

Não posso tolerar nhenhenhem por causa de bolha no pé do Imperador e nem mimimi com o 0 a 0 diante do Goiás. Horas antes do jogo, aliás, eu vaticinava diante de minha senhora que esbanjava otimismo: “Vai devagar. O Goiás levou grana e a única coisa que aqueles mortos de fome têm para fazer este ano é encher o saco do Flamengo. É um clube de sexta divisão e que desponta a cada dia para o anonimato. O jogador mais famoso deles andaria com calma do Leme ao Leblon sem parar para dar autógrafo. Os caras vão dar a vida – algo que nem vale muito, é verdade”. Saímos tristes, é verdade. Mas bastou um chope na Praça Vanhagen, ali no Bochicho, que logo todos faziam planos para o jogo contra o Grêmio.

Como dizem nas missas: este é o mistério da fé. Pra cima deles, porra!

Flamengo Net

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