O IMPERADOR E OS DEMONIOS
É uma matéria de impacto essa que fala sobre o suicídio do goleiro Enke, da seleção alemã, fato que acabou cancelando a partida deles contra o Chile e abrindo a possibilidade da utilização do Maldonado e do Fierro neste domingo, Oxalá dê certo.
O que me chamou a atenção foi a informação de que o atleta sofria de uma grave depressão, que se agravou quando sua filha de 2 anos morreu. Mesmo tendo adotado uma nova menina e sendo ajudado pela mulher, a doença não conseguiu ser revertida e ele acabou escrevendo a carta de despedida e se jogando à frente de um trem. Coisa triste, chocante, mas não incomum.
O próprio Leonardo, vejo nas notícias relacionadas, confessa que passou por problema semelhante, mas ele conseguiu superar com a ajuda do Milan, razão pela qual é tão ligado ao clube italiano.
Mas não precisamos ir muito longe: o fato de termos Adriano jogando e marcando gols pelo Flamengo é resultado de um problema parecido. Ele mesmo disse que os problemas por que passou na Itália e que o fizeram declarar que abandonava a carreira se ligavam à falta de alegria de viver – não estava feliz. Em outras palavras, depressão. Por isso, quando vemos o imperador sair do convencional, pedindo dispensas dos treinamentos quase toda semana, mas mesmo assim indo a campo e mantendo a artilharia do campeonato brasileiro, devemos levantar as mãos para o céu e agradecer S.Judas Tadeu. Vai saber o que se passa numa cabeça como a dele, pobre menino rico, atormentado pela passagem relâmpago da miséria à opulência, com todas as vantagens e desvantagens que isso provoca. Principalmente nos relacionamentos pessoais, que no fim das contas, são as causas principais do equilíbrio e de sua perda. Adriano está de namorada nova ( e que namorada ! ), perto das pessoas e das coisas que mais ama ( a mãe, a avó, os amigos da favela, o Flamengo ) e diz que está feliz novamente. Não é melhor do que perde-lo para as drogas, a bebida ou até a morte? Eu deixaria que ele exorcizasse seus demônios até que amadureça o necessário para não depender mais de fugas e pequenos deslizes como aqueles que adolescentes usam para se enquadrar e para se adaptar às pressões do mundo real. E que, enquanto isso ele jogue pelo time que ele, assim como todos nós, amamos. Ainda que jogue mal, mas fazendo seus gols e nos dando mais e mais vitórias. Ave Adriano.
|