sábado, 31 de outubro de 2009

Nosso Mundo é Flamengo – Esfriando os ânimos

Por Max Amaral*

No dia seguinte ao apagão de Barueri, o Nelson Bata escreveu aqui no blog da FlamengoNet que a culpa pela derrota pode ter sido dele. Uma história estranha sobre a mãozinha que São Judas teria oferecido e que ele recusou, alguma coisa assim.

Bão, o Flamengo tem razões que a própria razão desconhece e o fato de o Juan ter errado tudo o que tentou, o Léo Moura não ter tentado nada, o Willians ter corrido desnorteado pelo campo todo e o Adriano estar pensando mais na próxima consulta com o dentista dele em Porto Alegre que em um possível título de campeão brasileiro pode ter um outro culpado: Eu mesmo. Sim, eu confesso. A culpa teria sido do meu pé-frio.

Não que eu tenha sido sempre pé-frio. Eu me descobri Flamengo aos 5 aos de idade, no longínquo 1971, e acompanhei a ascenção, o apogeu e a glória de Zico e companhia. Vi alguns dos melhores jogos de futebol da história do time da Gávea pela televisão ou pelas palavras de Jorge Cury e Waldir Amaral. Vi até mesmo alguns jogos ao vivo, no Maracanã, no Mineirão ou no Mané Garrincha. Chorei de alegria por esse time mais que de tristeza.

Mas o tempo passou, e foi ficando cada vez mais raro ver alguém usando a camisa 10 que foi do Zico com um mínimo de dignidade – alguém consegue pensar facilmente em algum nome que não o do Pet? E o time andou chafurdando em péssima companhia na área de irrelevância do futebol brasileiro por tempo demais.

Finalmente, começamos uma tímida reação: 3a colocação em 2007, 5a em 2008 (o campeonato mais fácil da história mas que deixamos escapar por razões que nem é bom lembrar aqui) e, esse ano, depois de um momento constrangedor, onde eu até mesmo cheguei a defender a idéia de que deveríamos desistir e pensar apenas em 2010, o Andrade pegou o time pelas mãos e nos fez ter esperanças de novo.

E, de novo, quando ficamos cheios de esperança, um tropeço. Perdemos do Barueri.

Do Barueri.

Mas, tudo bem. Vamos ter calma. Dois dos times que estavam na nossa frente também tropeçaram na mesma rodada, e outros ainda vão ter seus maus momentos.

Só nós é que não podemos nos dar ao luxo de vacilarmos de novo.

Então, vamos torcer para que os jogadores entendam a paixão que essa torcida imensa nutre por essa camisa rubro-negra e voltem a jogar o futebol que nos fez parar de pensar na zona de rebaixamento e nos fez sonhar com o título.

É um sonho distante, difícil. Mas é melhor que não ter nenhum motivo para sonhar.

Ah, sim. E onde entra o meu pé-frio nessa história toda? Bom, a temperatura desabou por aqui e, na hora do jogo de quarta feira, nevava sem parar na minha cidade. Gelo para todo lado, gente ilhada dentro de suas casas, carros escorregando e batendo ou simplesmente atolando, um pandemônio. E eu fui lá fora, idiotamente, um brasileiro deslumbrado com aquela coisa branca e bonita que caia do céu e fiquei brincando de tirar a neve da calçada. O resultado foi que meus pés congelaram, e passei o jogo – e o resto da noite – tentando fazê-los voltar a temperatura normal.

Felizmente, a previsão do tempo para sábado é de um dia de muito sol. Peço desculpas pelo vacilo e prometo não abusar mais.


Max Amaral mora no Colorado, nos Estados Unidos, onde o clima é completamente maluco. E também escreve no Mundo Flamengo (www.mundoflamengo.com).

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