quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ídolos

*Por Mariana

A nossa sociedade é dividida em classes sociais. Temos as classes alta, média e baixa e suas subdivisões tais como alta-alta, média-alta, media- baixa, miseráveis. Levando isso para o futebol, poderíamos dividir os ídolos do Flamengo em classes, usando as classes superiores como padrão, até porque não existe craque de média categoria. Craque que é craque tem futebol acima da média e atitude em campo e isso não se discute.

Então, teríamos a classe alta-alta, formada por ídolos incontestáveis como por exemplo Júnior, Leandro, Andrade, Domingos da Guia. Teríamos a classe alta, formada por jogadores considerados ídolos por grande parte da torcida mas que não são unanimidades como Júlio César, Petkovic e Fábio Luciano (não vejo Fábio Luciano como ídolo, mas muita gente vê, então botei o nome dele aqui). E teríamos a classe média-alta, formada por jogadores polêmicos que são idolatrados por uns e detestados por outros como Sávio, Bebeto, Renato Gaúcho. E, acima de todas essas classes, teríamos o ser supremo, Zico.

Como o nome do momento é Petkovic e ele está na galeria de ídolos da nação rubro-negra, não poderia deixar de falar sobre ele...

Há algum tempo atrás, quando Pet começou a desequilibrar os jogos, ousei compará-lo a Júnior. Disse que o gringo estava para esse time como Júnior estava para aquele time de 1992, guardadas as devidas proporções. Algumas pessoas concordaram e outras não, nada mais normal. O fato é que Pet está supreendendo. Alguns mais, outros menos. Até mesmo ele se disse surpreso com a própria performance nesse campeonato brasileiro num programa de televisão.

Pet foi responsável por uma queda de braço entre Delair Dumbrosck e Kléber Leite e ainda sofreu a rejeição de Cuca que não o queria por aqui. Despertou a desconfiança de parte da torcida, que achava que ele estava velho e não iria aguentar todo o campeonato e tinha gente que o julgava por causa de seu aproveitamento nos últimos clubes pelos quais ele passou antes de chegar aqui.

Pois Pet vestiu o manto da humildade, baixou a cabeça, reduziu o salário, tratou bem quem o desprezou e está aí, calando a boca de todos. Pet corre o campo todo, foge da marcação, abre espaços para outros jogadores, dá carrinho, ajuda na marcação do jogador adversário, cobra escanteios, faltas e penaltis, faz lançamentos primorosos e também faz gol. Ufa! É tão essencial ao time, que talvez faça mais falta do que Adriano. Mostra que os 37 anos o deixaram maduro, não arranja mais as confusões que marcaram sua primeira passagem pelo Flamengo e demostra prazer em jogar aqui. Está até mais simpático, menos mal-humorado, menos carrancudo, mais sorridente, mais leve. E fazendo aquela velha comparação, parece vinho : quanto mais velho, melhor. É indiscutivelmente o nome do time e, talvez, o craque do campeonato.

Sou péssima em advinhações, minha bola de cristal as vezes acerta, as vezes erra. Não sei se seremos campeões brasileiros. A possibilidade existe, é difícil, mas não impossível. Ao brincar de prever o futuro, fiz aquela simulação no GE. Aliás, fiz várias simulações e numa delas, o Flamengo era campeão. Se isso acontecer, eu elevo o Petkovic de categoria. Tiro ele da classe alta e boto ele na alta-alta. Vocês concordam?

Meu primeiro Flamengo X Botafogo

O cenário era o Maracanã e o dia era 12 de julho de 1992. Mais de 100.00 pessoas lá dentro e eu era uma delas. Era a segunda vez que eu ia ao Maracanã. A primeira vez tinha sido quatro dias antes no jogo entre Flamengo e Santos, pelas semifinais do campeonato brasileiro daquele ano. Como eu era bem pequena, cheguei cedo ao estádio naquele domingo de decisão. Vi as duas torcidas chegando aos poucos, as arquibancadas foram enchendo devagar. Num canto pessoas vestidas de vermelho e preto e no outro, de preto e branco. Hummm, bem, deixem eu corrigir: num cantinho bem escondidinho, estavam as pessoas de preto e branco, imprensadas pela imensa multidão que vestia vermelho e preto e tomava quase que o estádio inteiro. Clima de festa e tranquilidade. Dava pra ver famílias inteiras uniformizadas e unidas para ver o jogo e eu desabei a chorar. Emocionante ver aquela festa toda, ver a beleza da torcida lotando o estádio, o grito que ecoava, as bolas coloridas, as bandeiras tremulando, as coreografias.

Faltando poucos minutos para o jogo começar, o estádio estava lotado e ninguém mais entrava. O grito de Meeeeeeeengo ecoava, as pessoas pulavam e a arquibancada tremia. Todo mundo apertado, espremido e confiante, apesar da suposta superioridade do time botafoguense, um dos favoritos ao título. Nós tínhamos um time que misturava jogadores mais experientes como Uidemar, Wilson Gotardo, Gaúcho e, claro, Júnior com uma garotada vinda da base como Nélio, Piá, Fabinho, Júnior Baiano, Marcelinho, Paulo Nunes. E o Botafogo tinha um time com jogadore s como Valdeir, Carlos Alberto Dias, Renato Gaúcho, Válber, Márcio Santos. E eles ainda tinham a vantagem de jogar por dois empates por terem feito uma campanha melhor.

Quando a bola começou a rolar, essa superiodade se desfez em questão de minutos. Foram necessários apenas 45 minutos para liquidar o jogo. Aos 15 minutos do primeiro tempo, Júnior, de fora da área, deu um chutão e botou a bola lá dentro. Um pouco depois, foi a vez de Nélio, que tocou entre as pernas do goleiro Ricardo Cruz e por último, Gaúcho de cabeça. No segundo tempo, o time apenas administrou a vantagem. A torcida, pra variar, continuou a fazer a linda festa que fazia com mais gritos de Meeeeeeengo, Uh tererê e aquela bonita coreografia que produzia um efeito visual bem legal onde os torcedores tiravam a camisa e a giravam acima da cabeça. Final do jogo, a torcida estava em êxtase, todo mundo se abraçava e um monte de marmanjo chorava. Eu também, lógico.

Eu sou flamenguista desde que nasci (apesar do pai vascaíno e da mãe botafoguense)e já tinha ficado maravilhada com o espetáculo da torcida no jogo contra o Santos. Mas, esse dia foi algo mágico, incomparável, inesquecível. Depois desse dia, virei frequentadora de carteirinha do Maracanã e perdi as contas de quantos jogos já fui. O tempo passa, o tempo voa e a torcida do Flamengo continua dando um banho nas outras torcidas. Somos a maior do mundo, a mais bonita, a mais apaixonada, a mais fiel. Domingo, tem mais um clássico e a torcida estará em peso prestigiando o time. Só uma coisa : esse jogo não deveria, em hipótese alguma, ser no Engenhão mas sim no Maracanã. Porém, já que a besteira está feita e o jogo será na casa deles, a única coisa que torço é para que não dê confusão entre as torcidas.
Ah, e que o Flamengo ganhe, lógico.

Abraços e boa quarta-feira para todos!

Flamengo Net

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