quinta-feira, 6 de agosto de 2009

CANSAÇO RUBRO-NEGRO

*Por Gustavo de Almeida

No ano passado, foi justamente um gol de Iarlei, do Goiás, nos minutos finais – talvez o 45º mesmo, como foi ontem – que me levou a deixar a lista de discussão da qual eu fazia parte. Uma lista que para mim era quase uma família. Deixei a lista na tentativa vã de diminuir a dor, de tentar pensar menos em Flamengo, de viver menos o Flamengo, de me importar menos com o Flamengo. É uma tarefa difícil. É mais ou menos como o sujeito que decide extrair o hipotálamo para ficar sem desejo sexual e não se apaixonar mais por mulher nenhuma. É a decisão de viver sem paixão e fervor: viver sem o Flamengo.

Hoje em dia, esta é uma paixão platônica: sou apaixonado pelo Flamengo, mas o clube não está nem aí para mim. Como nos tempos de colégio, a menina mais bonita da turma não sabia que eu existia.

Delair Dumbrosck não sabe que eu existo (ainda bem). Wellinton também não. E Zé Roberto. E Willians. Andrade. O Runco. O Marcos Braz. Cada um tem sua vida para tocar – e veja bem, eles têm toda razão em fazer isto. Mas, que catzo, porque o meu Flamengo também não toca sua vida?

Por que mais uma vez o Flamengo perdeu para o Goiás, time que sequer tem torcida em Goiás (nas palavras de seu técnico), e mais uma vez com gol de Iarley, jogador de 34 anos? Por que temos de fazer este papel sempre, o de entregar jogo pro Goiás? E mais uma vez diante de um grito de gol alucinado de um repugnante Luis Roberto, são-paulino que odeia tudo o que nós representamos (aliás, já repararam como ele estava sumido e voltou só nos jogos-chave?)??

A resposta deve ser uma – ou todas – daquelas de sempre: diretoria, jogadores, técnico, gramado, bola, sapo enterrado, maldição do Exu ou juiz ladrão. Só que o cansaço é tão grande que já me sinto além de uma resposta. Ontem me vi pedindo para sair da lista de novo – esquecendo que eu já tinha saído, no Goiás x Flamengo do ano anterior.

O fato é que não tem mais compensado. Nem estou falando particularmente de uma defesa onde INSISTEM com o tal de Wellinton (defesa que leva gol todo jogo). Falo de algo maior: não tem mais compensado ser tricampeão estadual mas perder para times inexpressivos como Atlético-PR, Goiás, Figueirense, Atlético Mineiro (deste nós ganhamos semana passada, eu sei), Cruzeiro (quase indo para a lanterna), América do México, Santo André, empatar com Barueri.

Se eu pudesse passar cinco anos sem um gol do Iarley aos 45 do segundo tempo, eu até toparia ficar no jejum de títulos estaduais. Fodam-se os estaduais. Numa boa. Já passamos o Fluminense, pronto, chega. Eles não vão ganhar título tão cedo. Deixemos a cachorrada comemorar.

Mas, pelo amor de Deus: chega de gol do Iarley.

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