Jeitinho rubro-negro
O Flamengo, por si só, vende. Dá audiência e visitação em sites, vende jornal, ganha espaço em TV. Poucas coisas no Brasil geram tanta mídia espontânea quanto o Flamengo. E por isso, tudo o que se faz lá ganha uma proporção bem maior em relação a outros clubes.
E, como vivemos – pro bem e pro mal – no país do "jeitinho", até na Gávea arrumaram uma maneira de criar o que pode-se chamar do "jeitinho rubro-negro". Quase sempre são soluções heterodoxas (pra não dizer esquisitas) para problemas de fácil resolução.
Domingo, um jogo contra o São Paulo, fora de casa, com o time mutilado por contusões e suspensões, além da já prevista por todos aqui saída do Ibson. Dentro das opções que o elenco dá ao Cuca, ele testa um 3-4-3, esquema que ele tanto utilizou no Botafogo.
O esquema é meio esquisito, mas pode funcionar bem. O problema é que, da maneira que se apresenta, vai ficar um saladão: Angelin, Willians e Fabrício na zaga (já mostrou que funciona, mas o Willians é volante, não zagueiro pela direita). Leo Moura e Juan "desfilando" pelas alas. O dois jogadores do meio é que são "jeitinho" que falei lá em cima, já que na frente, parece que vão jogar Fierro pela direita, Zé Roberto pela esquerda (?) e Adriano centralizado.
Vamos lá: Ibson foi embora, Kleberson tá suspenso e Toró machucado. Devem entrar Guilherme Camacho, segundo volante de origem; e Éverton. No caso do Camacho, ok, até porque já tem um volante lá atrás jogando de zagueiro. No caso do Éverton, na minha lógica era ele ir pra ponta-esquerda e o Zé Roberto jogar no meio. Isso se o Juan jogar mesmo, porque sentiu dores e o Everton Silva treinou na lateral/ala-esquerda. Ou seja, mais jeitinho à vista. Pra quem levou dois goleiros no banco no jogo passado, nada mais surpreende...
***
Mas onde mais tem "jeitinho rubro-negro" continua sendo fora de campo. A negociação do Ibson não deu certo porque a diretoria tentou pagar menos que o Porto queria pelo jogador (além de não ter dado nem a segunda parcela do empréstimo). Resultado: ele nem parou em Portugal, vai jogar no Spartak de Moscou por 5 mi de euros (um a mais que o Fla teria que pagar, sem ter conseguido). Ironicamente, dessa grana, um percentual ínfimo o Flamengo tem direito como clube formador – não chega nem a ser 5%, porque ele não ficou o período todo estabelecido pelo mecanismo de solidariedade.
Não vou nem entrar no mérito do número da camisa do Adriano – que já foi discutido à exaustão aqui – mas que mostra como o departamento de (anti)marketing do clube trabalha. Ao contrário da Olympikus, que mostra que tem uma estratégia forte e profissional para valorizar a marca Flamengo e, como dizem muito nesse meio, "agregar valor" à sua própria marca, o departamento de (anti)marketing do Flamengo está sempre trocando os pés pelas mãos.
Agora, a resenha é com o patrocinador. Depois de ter garantido o patrocínio da própria Olympikus para a camisa por um curto período, esperava-se uma negociação produtiva e rentável para o resto do uniforme. E o acordo que é feito, como sempre, é decepcionante. E depois, quando já se tem um acordo aprovado (Bozzano nas mangas), vai um dos conselhos do clube e embarreira. Pra combater esse "jeitinho rubro-negro", só quando a gente puder entrar lá e dar um jeitão nessa turma...
Pra terminar, curtinhas:
1. Jônatas no Botafogo? Sinceramente? Bem-feito pros dois.
2. Não tive tempo de vir aqui comentar o assunto – fiquei sem internet semana passada, por isso a resenha não foi ao ar – mas gostei da camisa nova. Com a gola, motivo da discórdia, a gente acaba acostumando. A Nike fez camisas bem piores que essa. Duro é o preço continuar o mesmo. Acho um absurdo uma camisa de clube de futebol custar 1/3 de um salário-mínimo, mas isso é papo pra outro dia.
3. Chegou a janela de transferências. Será que nossos diletos alas-malas serão negociados?
4. Sobre o Obina, tava na cara que ia acontecer. Continuo dizendo: tomara que faça muitos gols e o Palmeiras queira comprar em definitivo.
5. Pela volta do "MEEEEEEEEEEEEENGO" em nossos jogos, na arquibancada. Seja no Maracanã, no Vazião Havelange ou em qualquer outro estádio pelo país e pelo mundo.
6. Jabá: quem quiser me seguir no Twitter, só procurar em www.twitter.com/djmangueira.
Grande abraço a todos, até quarta que vem.
|