COLUNA DE SEXTA-FEIRA - André Monnerat
Tudo na normalidade
Podemos estar assistindo a uma última cartada de Cuca para permanecer no cargo. Depois de um período em que sentiu sua batata assando e partiu pra uma espécie de confronto direto, incluindo aquelas suas declarações de insatisfação com o comportamento de Adriano, parece que agora a estratégia é outra: colocar panos quentes em tudo, procurar a conciliação, tentar um clima de normalidade lá dentro.
É o que explica a escalação para o próximo jogo: voto de confiança, "esse time já rendeu bem antes", "cabeça no lugar", "nada de pânico" etc. etc. etc. Nada de queimar jogador, tentar de acalmar os ânimos, não despertar reações mais exaltadas de ninguém, por aí. É uma sequência do trabalho de bombeiro que começou com a entrevista coletiva ao lado de Adriano, dizendo que está tudo muito bom, tudo muito bem.
Tem chance de dar certo?
Como vocês já sabem, não acho que o grande problema do Flamengo, o que realmente pode prejudicar de maneira decisiva o desempenho no campeonato, esteja dentro de campo. Mas, pensando apenas nas quatro linhas: me parece claro que tirar Wellinton, em vez de queimá-lo, ajudaria a preservar o garoto. Quem entraria? O palpite óbvio é por Fabrício, mas sinceramente seria só palpite mesmo, já que nunca o vi jogando - e, se for pra colocar Thiago Salles, aí é melhor deixar como está mesmo. Não vou nem falar na barração de Bruno ou Juan, dois da base que a gente não vê mais se sustentando, mas que não têm reservas imediatos prontos pra entrar. Mas sou dos muitos que vêem Éverton Silva como alguém mais efetivo do que Léo Moura, atualmente. Gostaria de ver ainda Fierro - que contra o Coritiba entrou a fim de jogo, ao menos - ter sua chance. Independente dos jogadores, é importante ter um time ligado em campo, tanto na marcação quanto no ataque, jogando de maneira coletiva, com opções diferentes de jogadas, sabendo trocar passes e abrir o jogo pelas pontas sem depender apenas de lampejos individuais.
E eu acho que Cuca deve concordar com algum, alguns ou até todos estes pontos aí em cima. Mas é isso: ele decidiu deliberadamente não mudar nada, levantando uma bandeira branca para os jogadores e para a diretoria.
É esperar pra ver no que vai dar.
• ANDRÉ MONNERAT trabalha com marketing e Internet e escreve também no SobreFlamengo.
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