sexta-feira, 8 de maio de 2009

O Balanço e a expectativa

Por Vinicius Paiva


As últimas semanas foram reveladoras no que tange à publicação dos balanços de 2008 dos clubes de futebol brasileiros. Pudemos ter uma idéia mais precisa sobre como se dividiram as receitas dos clubes, bem como o retorno de iniciativas de marketing, patrocínios, bilheterias e afins. O ranking dos últimos anos vem tendo poucas alterações, consolidando uma situação de hegemonia do trio-de-ferro paulistano, juntamente com o Internacional de Porto Alegre e o Flamengo:

Clube Receita (R$ milhões)
1) São Paulo 158
2) Palmeiras 134
3) Internacional 133
4) Flamengo 118
5) Corinthians 107
6) Grêmio 87
7) Fluminense 66
8) Santos 65
9) Vasco 52

No entanto, se pegarmos apenas as receitas do departamento do futebol e excluirmos as transferências de jogadores (pois geram distorções por conta de negociações pontuais em um determinado exercício, como foi o caso da venda de Robinho em 2005, que elevou o Santos à liderança do ranking), temos uma situação um pouco diferente:

Clube Receita (R$ milhões)
1) São Paulo 98
2) Flamengo 76
3) Internacional 73
4) Corinthians 69
5) Palmeiras 69
6) Grêmio 62
7) Vasco 49
8) Santos 39
9) Fluminense 35

Fonte: Blog Olhar Crônico Esportivo

O que isto nos diz?

Primeiro, que o Flamengo, estruturalmente, ainda é um dos clubes com maior capacidade geradora de receitas do Brasil. Como dito anteriormente, receitas de transferências nem sempre dizem muito a respeito do potencial do clube. Às vezes ele simplesmente tem a sorte de revelar um grande jogador e lucrar com isso. Outras vezes, possui profissionais gabaritados que conseguem extrair o máximo em negociações de jogadores medianos (quem não se lembra da venda de Fábio Junior do Cruzeiro para a Roma?). Sendo assim, a exclusão das receitas de transferências de atletas nos ajuda a enxergar melhor as coisas. Não que fosse estritamente necessário fazê-lo, pois 2008 foi um dos melhores anos dos últimos tempos neste sentido. O Flamengo vendeu muito bem jogadores como Renato Augusto e Souza. Mesmo assim, fazendo tal artifício, o Flamengo sobe da quarta para a segunda posição no ranking, perdendo apenas para o São Paulo. Isso quer dizer que em termos de maketing, patrocínios, cotas de televisionamento e bilheterias (onde, aliás, o Mengão é líder absoluto), somos o segundo maior clube com capacidade financeira.

E por que, no cômputo geral, estamos abaixo de clubes com torcidas bem menores?

Uma das razões já foi exaustivamente debatida, ou seja, clubes que vendem bem seus jogadores costumam ocupar o topo do ranking. Clubes que possuem grandes dívidas e vivem no sufoco perdem poder de barganha na hora de negociar atletas, pois o lado de lá (leia-se, clubes estrangeiros) sabe da necessidade de aceitarmos “qualquer proposta”, e oferece baixo. Sendo assim, esta é uma posição da qual só sairemos quando equacionarmos nossas finanças.

O caso do Internacional demonstra uma outra situação – diria eu, a mais importante – capaz de catapultar um clube de patamar. Trata-se da existência de projetos de sócio-torcedor sérios, que incentivem os aficcionados a de fato de tornarem parceiros do clube. Os pouco mais de 20 reais que cada um dos 80 mil colorados injetam nos cofres do clube rendem, anualmente, pra lá de 20 milhões de reais. É uma cifra colossal, maior do que o patrocínio que o Flamengo vem negociando nas últimas semanas, para se ter idéia. Tendo esta fonte líquida e certa em caixa, o Internacional está “condenado” a disputar, a partir de agora, todos os campeonatos na condição de franco favorito, pois sempre poderá atrair jogadores que ganhem altos salários e manter um grande elenco.

Uma última questão pode ser vista sob a ótica das “receitas oriundas de estádio”. Segundo o “Olhar Cronico Esportivo”, cerca de R$ 20 milhões de reais anuais do São Paulo Futebol Clube tem esta origem. Receitas como aluguel do estádio para outros clubes e para shows, exploração de placas de publicidade, camarotes e áreas comerciais (como o bar temático e a Mega Loja que o São Paulo possui no Morumbi) são a clara explicação para o fato de o hexacampeão brasileiro liderar a lista dos clubes mais ricos do Brasil. Vejam que, sem estas receitas – que no caso do Flamengo é igual a zero – Fla e Sampa se equivalem. Trata-se do bônus por se possuir estrutura, algo já tão debatido nos meios rubro-negros.

A análise deste tipo de estatística é de suma importância para que possamos corrigir os erros e aprofundar os acertos nestes tempos de expectativa, quando a chegada de um jogador de nivel mundial pode fazer inflar nossos cofres. Além do mais, estamos realizando bela campanha da Copa do Brasil e nosso próximo adversário, o próprio Internacional, é de fazer transbordar de gente o Maracanã. Junte-se a isto a euforia na torcida, resultante da nossa bela conquista do pentratri estadual, e o Flamengo passa a ter a faca e o queijo nas mãos para fazer do ano de 2009 um daqueles inesquecíveis. Ao menos no quesito “dinheiro no bolso”!

E-mails para a coluna: viniciusflanet@gmail.com

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