NOSSO MUNDO É FLAMENGO: O legítimo peruano
Paulo Lima*
Peço licença aos amigos para contar uma história pessoal que ilustra o gigantismo e a mundialidade do Flamengo. Algo que, infelizmente, com o passar dos anos, foi esquecido ou minimizado.
Certamente não é caso raro, mas sempre nos sentimos bem quando somos testemunhas deste rubro-negrismo natural, que transcende fronteiras.
Trabalho em uma repartição do Itamaraty em Nova York. Aqui, todos os funcionários, fãs de futebol, são brasileiros. Menos um.
Peruano de Chiclayo, cidade a 770km de Lima, Dalton Rubio vive nos EUA há 20 anos.
Em uma discussão sobre Libertadores, cruzeirenses, são-paulinos e eu, único rubro-negro da roda e do local de trabalho, falávamos da importância da competição, da catimba sul-americana, etc.
Na conversa, responsabilizávamos todos os vizinhos – inclusive os compatriotas de Dalton – sobre o antijogo visto e sentido há anos pelos rivais brasileiros na competição.
Foi quando perguntaram ao cara:
- Falando nisso, ô Dalton, qual seu time? Cienciano?
- Yo soy flamenguista – retrucou o peruano, para a gargalhada geral e espanto meu.
Convicto e sério, ele estranhou a reação dos outros. Provou então não ser um rubro-negro de araque, como os manés que chegam ao Rio para conhecer o Maraca e vestem o Manto da mesma forma que tiram foto aqui no Empire State com aquela camisa “I LOVE NY”.
Disse acompanhar o time sempre que possível, emendando a escalação da maioria do elenco atual do Flamengo.
Assim, começou a tornar a pilhéria geral em uma ampla curiosidade.
De quebra, Dalton assistiu à final do penta-tri, ocasião em que tirou a foto especialmente para o FlamengoNet, que ilustra este texto.
Ele se uniu a mim como o rubro-negro alvo das piadinhas do serviço. Sim, porque, nas raras vezes em que somos minoria, como acontece aqui, tornamo-nos as vítimas prediletas. Geralmente porque sabem da nossa força e de nossa grandiosidade, e quando se vêem mais numerosos, se gabam como um ex-virgem que acabou de ter a primeira experiência.
Neste nosso caso, as gozações aumentaram, certamente, por perceberem como a magnitude rubro-negra foi capaz de enfeitiçar, espontaneamente, mais um torcedor cativado pelo Flamengo, e bem longe do Brasil. E que perdura até hoje.
Com a palavra, Dalton Carrasco Rubio.
“Descobri-me rubro-negro desde muito pequeno. A TV peruana sempre transmitiu jogos do Brasil, e o Flamengo de Zico me encantou. Nas peladas, queríamos sempre ser jogadores e montarmos times do país. Sempre brigava para ser Zico e estar no Flamengo”
“Eu simpatizava com um time peruano, mas a paixão pelo Flamengo me dominava, sempre foi maior. No Peru, alimentei sempre o sonho de ir ao Brasil apenas para ir ao Maracanã e ver o time jogar. Mas nunca consegui. Só depois que migrei para os EUA e de alguns anos aqui é que pude realizá-lo”.
“E foi em 98. Vi o Flamengo de Romário golear o Corinthians por 4 a 1. E eles, se não me engano, foram campeões” (NR: Eu, Paulo Lima, também fui a esse jogo).
“Aqui nos EUA continuo acompanhando o Flamengo sempre que posso. Bruno é, para mim, o melhor jogador do time. É um goleiro sensacional”.
“Tenho outros amigos brasileiros fora do trabalho que não entendem porque sou flamenguista. Zico e aquele time campeão mundial me fez despertar esse amor, que me faz continuar firme, sempre seguindo o time, convicto. Não consigo explicar, apenas sou rubro-negro, com muito orgulho”.
E como é que tem gente que faz mal a esse Flamengo, que tantos sentimentos e emoções provocam pelo mundo…
* Paulo Lima, 29 anos, residente em Nova York (NY), é servidor público federal e ex-repórter (Paulo Henrique Caruso Lima, aka "Falquinho") do Diário LANCE! (de 2001 a 2008), e escreve também no Mundo Flamengo (www.mundoflamengo.com)
sábado, 30 de maio de 2009
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