Alguns torcedores se inscreveram no projeto em 2006 e agora estariam aptos a votar nas eleições do fim do ano. Mas nenhum deles sabe como fará isso. É sabido que o brasileiro não costuma se deslocar para sua cidade em votações para governadores e similares, mesmo sendo esse um ato cívico. No caso do Flamengo, não há essa obrigação do voto e o torcedor precisaria ir da mesma forma ao Rio para escolher seu candidato. Ou seja, não vai.
Aliado a isso, o diretor de marketing do clube, Ricardo Hinrichsen, disse em entrevista ao blog Sobre Flamengo, que “Politicamente, de zero a cem, a chance de aprovarem no estatuto que um cara pague 15, 30 reais e vote pra presidente é zero”, contradizendo o que está escrito no próprio site oficial. Mas vejam que ele fez valer o que disse. Seguindo essa linha de raciocínio, o Flamengo, em tempos de crise e na surdina, aumentou a mensalidade de Off-Rio de R$ 15,00 para R$ 40,00, quase 200% de diferença. Isso no ano da eleição. Nenhum benefício a mais, nenhum projeto para fazer esse sócio votar, nada de explicação, apenas o aumento. É verdade que todas as modalidades sofreram reajustes, mas nenhuma com inflação tão grande. E por que?
No ótimo Urublog, há uma denúncia dando conta que o motivo teria sido a criação de um movimento visando as eleições de 2012. Não faz sentido algum, embora nada no Flamengo o faça. As eleições de 2012 estão bem longe e não precisariam fazer isso agora. O que fica claro que é querem diminuir o número de sócios aptos ao voto em cima da hora. Algo semelhante ao feito no Vasco pelo Euricão, que colocava até defunto na lista de eleitores. O Flamengo é um dos poucos clubes do país que não faz uma campanha sequer por sócios e o que se vê por aí é oposto: torcedores pregando a inclusão no quadro social exatamente para tirar quem está lá. Talvez por isso o silêncio da Gávea. Os torcedores Off-Rio é que não deveriam ficar calados. A justiça está aí para que possam requerer seus direitos e/ou explicações. Ou usar a imprensa para questionar. Aceitar passivamente é abaixar a cabeça para tudo de errado que vem do clube mais querido do país.
Enquanto a torcida implora por Zico e Leonardo, dois caras com serviços prestados e doutorado em futebol e, principalmente, flamenguismo, internamente falam em Alexandre Accioly como candidato. Não sei se ele preenche os requisitos para a elegibilidade e não lembro de notícias dando conta da presença do empresário em reuniões de conselho ou tentando entender como funciona o clube, algo que o bravo Mario Cruz sempre me disse ser uma tarefa árdua e para poucos, porém essencial para quem pensa em mudar qualquer coisa. Marcio Braga fracassou em suas tentativas de modernizar o Flamengo e o Bruce Wayne carioca é o candidato de quem representa o atraso (administrativo e de salários). Ou seja, não é mudança.
Accioly é um empresário de sucesso, mas fez fama e fortuna através de um blefe para cima dos espanhóis da Telefônica, conforme ele mesmo declarou em entrevista à Playboy, em 2003, e em muitos outros veículos. Um blefe como muitos aplicados no mundo dos negócios, normal e que acontecem desde o início dos tempos. Nada condenável no meio. Ironicamente, em 1998, Kléber Leite soltou mais uma de suas pérolas ao dizer "roubamos o Real Madrid" para justificar a venda de Sávio pro clube merengue e trazer uma série de jogadores com data de saída já acertada. O Real Madrid, de Sávio, foi campeão do mundo naquele ano e o Flamengo fugiu do campeonato estadual com medo do Vasco, a mando de seu presidente na época. Na verdade, isso não me surpreende. No Flamengo, o que valia ontem não vale mais hoje. Eu pergunto, o que valerá amanhã?
*Texto de Lucas Dantas Loureiro
domingo, 15 de março de 2009
A inflação do medo
(O texto é do meu amigo Lucas Dantas, que eu bem poderia publicar no login da Administração. Preferi usar o meu por partilhar de algumas opiniões expostas no texto. E apenas para constar, Lucas, você NUNCA enche meu saco).
Há uma corrente na Internet pregando que torcedores do Flamengo em todo o país passem a fazer parte do projeto Sóccio Off-Rio e aumentem dessa forma o número de associados com permissão para votar e mudar o clube. Um sócio Off-Rio quase não possui benefícios e só pode votar ao final de três anos de contribuição initerrupta. Porém, muitas perguntas ainda não foram respondidas. A principal delas é "como o off-Rio vota"?
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