quinta-feira, 19 de março de 2009


CADERNINHO DO SIMÕES LOPES XXX

Calma, não é nada disso que estão pensando... XXX é apenas “trinta” em algarismos romanos. Acontece que em 2008 completo trinta anos na minha carreira de torcedor, que começou no augustíssimo campeonato carioca de 1978. Nestes anos já presenciei tanta coisa, que resolvi fazer um resumo do Flamengo (ou dos Flamengos, para ser mais exato) que eu acompanhei ao longo destas três décadas de emoções sempre fortes.

VOLANTES

Vivíamos em 1978 uma realidade muito diferente da atual. Havia poucos volantes em cada time, e no caso do Flamengo, o “cabeça-de-área” era simplesmente um cracaço, Paulo César Carpeggiani, um jogador que fez história no Internacional de Porto Alegre com a camisa 10, mas à medida que a idade foi chegando, foi recuando, pero sin perder la classe. O reserva era o regular Vítor, um bom jogador prata-da-casa que embora tenha sido esporadicamente titular, jamais se firmou. Em 1979 chegou Andrade, que voltava de um empréstimo ao futebol venezuelano, e inicialmente disputou posição com Adílio. Rapidamente, devido a seu senso de marcação, passou a ser uma opção preferida pelo técnico Coutinho, que com sua escalação, liberava Carpeggiani para as tarefas de armação. Carpeggiani aposentou-se e virou técnico, deixando o caminho livre para Andrade se firmar na cabeça-de-área, e Adílio reinar soberano com a camisa 8. Andrade foi titular absoluto até 1988, quando foi vendido para a Roma (após uma partida memorável pela Seleção Brasileira contra a Áustria, quando fez um gol de placa), e nesse meio tempo teve muitos reservas, que esporadicamente atuavam, como o já citado Vítor e Bigu, que teve seus lampejos em 83 e 84. Com a saída do grande Andrade, a vaga foi ocupada por Delacyr, um jogador regular contratado ao América do Rio, que injustamente arcou com ônus do desmonte do time, ficando estigmatizado como um dos símbolos de uma fase ruim. A solução foi Aílton, um jogador de ótimo preparo físico que já jogaria em quase todas as posições, ora cobrindo a lateral, ora de meia-armador, e até de falso-ponta. Com a venda de Jorginho, os problemas crônicos da lateral-direita fizeram com que Aílton passasse a “quebrar o galho” por ali, e a condição de proteger o meio-campo ficou às vezes com um líbero (conseqüência dos modismos da Copa de 90), posição executada pelo zagueiro Fernando, ou até pelo recém-retornado Júnior, até que a contratação do goiano Uidemar veio acertar o time. Com ele, nós fomos campeões cariocas e brasileiros, o seu reserva imediato, o também polivalente Fabinho, acabou por ganhar anos depois a condição de titular. Os ares defensivos “parreiristas” da Copa de 1994 começaram a povoar os times com grandes quantidades de volantes a partir daí, e assistimos a um desfile de jogadores dedicados apenas à marcação, variando de guerreiros obstinados e pernas-de-pau incorrigíveis. A inflação de contratações e mudanças da Era Kleber Leite trouxe uma infinidade de jogadores para esta posição, mas a grande maioria teve passagens obscuras, apagadas, e em alguns casos até medíocres: Fabiano, Fábio Augusto, Márcio Costa, Pingo, Mancuso e Marcos Assunção (este último teve até bons momentos). O presidente mudou, mas o desfile de médios-volantes continuou Bruno Quadros, Maurinho, Jamir, Jorginho, Leandro Ávila (que alternou grandes fases com períodos de contusões e operações), William, Sandro, Vágner, Rocha, Carlinhos, Vampeta, Sobrinho, Alessandro Salvino, Fábio Tenório, Evandro, Ânderson Gils, Wendell, Fabinho (atualmente no Flu), Paulo Miranda, Júnior, Róbson e Juliano, dentre outros. Íbson foi uma exceção, um dos poucos a se destacar em meio a tanta pasmaceira. A lista ainda poderia continuar com Douglas Silva, Nielsen, Da Silva, Rômulo, Augusto Recife, Diego Sousa (sub-aproveitado), Felipe Dias, Léo, Goeber, Marcinho Guerreiro, Leandro Salino, Claiton, Cristian, Colace, Jônatas, Léo Medeiros, ... ufa... acho que ainda tem mais gente. Veio Renato Abreu, que pelo menos foi um sensacional cobrador de faltas; teve a turma do “Ipatingão”, Léo Medeiros, Paulinho e Jaílton; teve Toró, o enigmático garoto que era uma “supercraque” no Fluminense, e virou um simples carregador de piano no Flamengo, peça indespensável na “Tropa de Choque” de Joel Santana. Em 2008, ganhamos a companhia de Kléberson e Aírton, mas foi o contestado Jaílton que acabou ganhando a condição de titular.

Peraí, pessoal... trinta anos... de Carpeggiani a Jaílton...

É dose...




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