Este começo de ano tem sido de lascar. Está difícil manter-se equilibrado e ter um mínimo de sangue-frio para não entrar no vale-tudo em que se transformaram as manifestações de uns contra outros, sejam dirigentes, comissão técnica, jogadores e até torcida, sempre com a conseqüência do aumento contínuo do estresse e do catastrofismo. Será que se consegue fazer uma análise desapaixonada e objetiva para tentar um mínimo de equilíbrio antes que a vaca vá para o brejo, se é que há vaca e há brejo nessa confusão toda?
Não custa tentar:.
1) Os Mercenários – o termo surgiu na notícia veiculada no Globo.com, em matéria assinada pelo jornalista Eduardo Peixoto. A citação precisa é “Uma das torcidas organizadas prepara a seguinte faixa de protesto, em que exige os três pontos contra o Vasco, no domingo: "Mercenários: vocês têm o dinheiro, agora nos deem a vitória"”. Antes de mais nada – QUE Torcida Organizada prepara essa faixa? Será que esse dado é protegido pelo “ sigilo de fonte “? Eu não acredito nem que alguma Torcida Organizada como um todo esteja preparando essa acusação generalizada e nem que os jogadores sejam Mercenários. Nenhum deles. Há alguns descabeçados, alguns de uma pobreza técnica incontestável, alguns sem nenhum preparo físico, alguns sem chance de mostrar se são bons ou ruins, alguns em fase técnica lamentável, mas duvido que haja UM SÒ que seja mercenário, no sentido estrito do termo. Mesmo porque qualquer jogador que se comporte como um sabe que seu futuro no futebol ( não só no Flamengo ) é curto, curtíssimo.
2) Os Estagiários – Estou falando, obviamente, das comissões técnicas que estiveram e estão no Flamengo. Parece que, muito mais que a insegurança e o desconhecimento, que são próprios de estagiários, o que está faltando a nossos treinadores e seus auxiliares é liderança, comando, espírito de grupo. Acho muito séria uma das hipóteses levantadas aqui, de que haveria um desgaste do atual treinador por estar falando mal de alguns jogadores para outros. Me parece um erro tão primário que, em princípio, me recuso a acreditar. Mas possível é. E se estiver acontecendo, caberia aos líderes do time, tipo Fábio Luciano e Ibson, chamarem os responsáveis pelo futebol ( o Tinoco não está lá pra isso também? ) e acertarem essa parada de forma definitiva. E partirem pra mostrar em campo que o grupo de jogadores se garante.
3) As Genis – não preciso explicar de quem estamos falando, preciso? Quando alguém passa a ser comparado ao Eurico Miranda significa que virou Geni, aquela que “é feita pra apanhar, e é boa de cuspir”. Vejo o MB convalescendo de uma intervenção cirúrgica de alto risco, que tem tudo a ver com o estresse e o desespero de alguém que vê sua reputação de vencedor e presidente histórico do Flamengo escoando pelo ralo e me pergunto, tem realmente má fé nisso que está acontecendo? Mesma coisa do KL, é incompetência ou de propósito? Essa coisa do aumento da mensalidade de sócio off-Rio, por exemplo, nem o Mario Cruz sabia. Ele me disse que ia apurar. Nem sei se devia abrir algo que ele me escreveu em off, mas acho importante saber que tem gente de bem contra isso lá dentro também.
4) O Messias – Leonardo? Zico? Júnior? Nem se fosse o Filho do Homem. Não tem como escapar de um “complô do bem”. Falo de líderes operacionais – equivalentes a CEO’s em empresas de ponta – trabalhando para equacionar uma empresa em processo de falência. Eleger um presidente que tenha trânsito em todas as correntes e contra-correntes do clube é só o primeiro ( e inescapável ) passo. Não tem pelo menos UM??????? Se tiver, uma trégua dos diversos Conselhos, de pelo menos 12 meses, para que ele possa contratar esses executivos operacionais para trabalharem 24 horas por dia para equacionarem a viabilidade de dois Flamengos. Um é o clube, aquele que pertence aos sócios proprietários, que tem a sede, as quadras, as piscinas, o Morro da Viúva, o Casarão de São Conrado, etc. E que penso não poder ser vendido para um investidor. E que, aliás, também imagino que não deve esse absurdo que se anuncia por aí. Talvez uma menor parte, se se considerar encargos trabalhistas de funcionários administrativos, taxas de IPTU e outros impostos incidentes sobre os imóveis e despesas dos esportes amadores. O outro é o futebol, que é o devedor maior, mas também é a instituição que detém o maior patrimônio do clube – a marca Flamengo no futebol e sua fantástica torcida.
Gente competente, bem intencionada, bem remunerada e com um prazo de carência consegue transformar esse limão numa limonada. Eu torço e rezo para isso.
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