quarta-feira, 3 de dezembro de 2008


COLUNA DE QUARTA FEIRA João Marcelo Maia

Chutes e pitacos

Planejando o que mesmo?

Quando o Flamengo liderava o campeonato, começaram alguns boatos sobre a possível saída de Caio Jr. para as Arábias ou Japão. O que fizeram? Um mega contrato de 750 anos, com enorme multa rescisória, tido como sinal do "planejamento de longo prazo" que marcaria o clube a partir daquele momento. Poucos meses depois, termina de forma melancólica o reinado do planejamento. O que me impressiona no Flamengo não são as constantes mudanças, mas a desfaçatez com que se tomam decisões contraditórias sem a menor justificação. Quer dizer, todo mundo finge que nunca abriu a boca para louvar Caio Jr. e seu "planejamento de longo prazo". Fantástico.

Torcida para quem precisa...
Leio no matutino de hoje que facções das organizadas invadiram ontem o treino para pedir a cabeça do Caio. Não para depois do Brasileiro, mas para agora. Sim, elas querem que o time domingo seja treinado pelo preparador físico (Ronaldo Torres) e pelo Andrade. Eu não consigo ver qual o sentido disso, mas vá lá. Eu até acho que a torcida cobra pouco o clube fora dos estádios, mas me pergunto sobre os métodos e a representatividade. Para os que não sabem, as organizadas "jovens" em boa parte do Brasil foram criadas por torcedores que se sentiam excluídos dos processos políticos do clube e desejavam combater desmandos de cartolas. Boa idéia. O problema é que, com o tempo, elas se transformaram nas únicas instâncias legítimas de representação da torcida, perante o clube e a mídia. E eu acho que só faremos pressão efetiva quando a cobrança for feita por torcedores "comuns", das mais diferentes formas, e não apenas com coros nos estádios. Como? Não tenho fórmula. Mas eu lembro da torcida do Bahia, que chegou a fazer uma grande passeata em Salvador uma vez. Quem tiver uma boa idéia, essa é a hora.

Uma nota melacólica
No mesmo matutino que leio sobre o treino confuso de ontem, vejo uma reportagem sobre a saída "do maior ídolo alvinegro" atualmente. Pois é, aquela figura que adora espezinhar o Flamengo como forma de pegar por osmose um pouco da nossa grandeza, está saindo do clube que treina no shopping decadente. Eu poderia lembrar esse campeão da ética chorosa que ele foi suspenso durante meses porque chutou a cabeça de um colega de profissão que estava no chão. Mas a própria reportagem me satisfez, ao escrever, sem ironia, que a maior conquista da figura foi o vice-campeonato da segunda divisão do Brasileiro em 2003. Os cães ladram, choram e chafurdam na mediocridade, mas a caravana rubro-negra segue em sua glória.

Flamengo Net

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