Usando a razão: O Flamengo não jogou ontem contra uma equipe qualquer. Mesmo com importantes desfalques, sem dois de seus principais jogadores, o Cruzeiro é uma equipe com muitas qualidades, ainda mais dentro de seus domínios. Não é minimizar a derrota e achá-la normal, de forma alguma. É compreender que mesmo em seus melhores dias, a tarefa Rubro Negra no Mineirão não seria das mais gratas.
Os erros do time foram claros: Nos primeiros 45 minutos a estratégia equivocada de trazer o Cruzeiro para nosso campo. O time demonstrou certa apatia, movimentou pouco, criou pouco. Na segunda etapa com uma postura muito mais franca a equipe correu, se esforçou, criou oportunidades. Teve a famosa “bola do jogo” com Juan aos 28 minutos que poderia decretar a virada. Incompetência ou azar, a bola não entrou. E aí o segundo erro claro do Flamengo nessa partida reapareceu: O posicionamento da defesa. Três gols tomados que são gritantes para uma equipe que joga com três zagueiros além da proteção na cabeça de área.
Mesmo com tantos erros o resultado poderia ser melhor. Quando vi o Caio chamando Diego Tardelli para o jogo, fiquei assustado. A partida quente, correria de ambas as partes e viria um jogador que muitas vezes se mostra “desligado” nas partidas, ainda mais sem ritmo de jogo já que estava parado há três meses e meio. Mas exatamente dos pés dele a história poderia ser outra. Dois impedimentos equivocadamente marcados, um chute cruzado que foi salvo por milagre, um pênalti escandaloso não marcado. Se não foi um primor de atuação, não comprometeu. Mostrou vontade, diferentemente do Diego Tardelli de três meses e meio atrás. Fosse esse o espírito Rubro Negro em outras tantas partidas e não dependeríamos de resultados. Mas aí é outra história. Sobre as expulsões só um comentário: Tanto nas minhas veias quanto nas deles, corre é sangue, não água benta. Podem falar que jogador profissional tem que ter controle, equilíbrio mas amigo, final de jogo, o time correndo atrás, o empate seria um resultado fundamental para a definição da vaga, o bandeira já tendo complicado por duas vezes de forma clara e o Simon apronta uma dessas? Não aprovo mas também não condeno, sério mesmo.
O que projetar para as duas últimas rodadas? Vitórias, claro. O hino diz: “Vencer, vencer, vencer”. É só o que nos interessa. Não cabe mais discutir de que forma o torcedor do Flamengo tem que enxergar uma conquista de vaga na Libertadores, como se nesse momento fosse algo que pudéssemos escolher. Essa vaga é o melhor que nos resta nesse campeonato e não deve ser a impossibilidade do título que vai nos tirar a obsessão de estar na principal competição das Américas. É difícil ter que aceitar “apenas” o consolo de uma vaga na Libertadores, e ainda por cima dependendo de resultados de adversários? Sim, complicado ainda mais pela grandeza do Flamengo, mexe com os brios, com o orgulho de um torcedor acostumado a grandes conquistas.
Isso é essencial para um ano mais promissor. Sou muito mais toda aquela expectativa de um jogo em Potosí, em Maracaibo, em Assunção do que a de jogar contra qualquer time da série C ou D em algum canto desse Brasil. Mais vergonhoso do que ir e perder para Defensor ou América como nesses dois últimos anos, é se acovardar na idéia de que “se não é para ser campeão melhor ficar fora”.
O título Brasileiro é um sonho a ser reconstruído em 2009, já o da Libertadores depende essencialmente das duas últimas rodadas. Hora então de levantar a cabeça, se refazer da derrota e buscar essa vaga. O Flamengo e sua torcida tem que aprender a ser grande também nos momentos de tropeços e os melhores exemplos para isso estão em nossa própria história.
Até segunda e saudações rubro-negras, sempre!
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