COLUNA DE SEGUNDA-FEIRA - Herminio Correa
Antes de qualquer coisa é importante lembrar que o Flamengo depende de receitas, de patrocinadores. Não esqueçam que a ida ou não à Libertadores pesa no momento de negociar os contratos. Isso sem comentar as cotas da competição. Portanto independente de título, o Flamengo precisa sim correr atrás do prejuízo e se colocar entre os quatro primeiros colocados.
Sobre o time ainda não acho que seja o melhor momento para “caça às bruxas”. Ainda não. Para aqueles que entendem que o único problema é o treinador, me arrisco e digo que é só aguardar e em mais cinco jogos Caio Júnior será passado para o clube. Já me haviam “soprado” a proposta vinda do Japão há alguns dias e definitivamente não há mais clima para ele dentro do Flamengo. Ou pelo menos não com o atual elenco. Antes que muitos digam que já deveria ter saído há mais tempo o que a culpa é exclusiva do treinador, deixo a reflexão: Quem pagaria a multa rescisória? E quem seria o mestre indiscutível que assumiria em seu lugar? Mais cinco jogos e acaba, só isso. Se até eu sei que o Caio vai embora, a diretoria também sabe. Quero acreditar que já estejam se movimentando para buscar um nome à altura do clube. Podem até vir e dizer que estão aguardando o final do campeonato, a classificação ou não do time à Libertadores, mas a verdade é que já há algumas semanas que a informação circula, sendo necessário buscar um substituto para 2009.
Sobre o elenco é momento de reflexão. Já são três temporadas jogando em função dos laterais. O time está previsível e extremamente dependente desses jogadores. Se jogam mal o time não funciona. Se não jogam porque estão machucados, suspensos ou servindo seleção, o treinador não consegue escalar o time que consequentemente também não funciona. Começo a crer que passaremos por extremas modificações, que inclusive substituam essa maneira mais do que declarada e óbvia de atuar, a partir de 07 de dezembro. Digo mais: Tudo bem, o técnico tem errado e a diretoria errou profundamente na demora de reposição de atletas. Mas esse elenco teve sim chance de buscar reverter essa situação. Não dá para isentar esse grupo. Há muito mais que cansaço e oba oba entre os jogadores e que isso seja levado em consideração ao final do Brasileiro, no momento de decidir que fica e quem vai.
Eu sempre ressalto o torcedor, e este ano nós nunca nos omitimos em nosso papel. Não duvidem, domingo estaremos novamente na esperança por mais uma vitória. É um clássico que, como já ressaltei acima, é de extrema importância. A vaga na próxima Taça Libertadores mais do que um prêmio de consolação, é uma questão de planejamento, finanças. Então certo é que não haverá falta de apoio, abandono ao time. Afinal somos Flamengo e torcer por ele supera os limites de uma simples paixão clubística e nos levam para as fronteiras de uma religião. Os elencos passam, as pessoas passam mas o clube, verdadeiro objeto de amor de cada um de nós, esse sim prevalece.
Mas ainda que sejamos Flamengo, torcedores de um clube que possui uma história recheada de superação, com conquistas que convertem qualquer pessoa desprovida de um mínimo de fé, confesso que não acredito mais. Tem hora que o orgulho fica ferido, tem momentos que a vergonha na cara é necessária. Tentei me vigiar para não escrever isso, afinal contribuir para esse blog me responsabiliza como um pequeno formador de opinião, mas confesso a vocês que o meu momento de esgotamento chegou. Cansa secar um São Paulo que há doze partidas não sabe o que é perder. Cansa secar um Palmeiras que luta pela vitória como lutou ontem contra o Santos. Cansa secar um Grêmio e um Cruzeiro que pelo menos em casa tem sido praticamente imbatíveis. Enfim, cansa tentar secar quem fora de campo tem um trabalho estruturado, de fato profissional e sem maiores influências, e dentro de campo está se superando, lutando, mostrando raça.
Peço aos amigos que entendam todas essas palavras muito mais como um desabafo, sem que este negue as convicções de alguém que torce, busca e acredita em um Flamengo sempre vitorioso.
Mas realmente cansei de tentar encontrar e dar razão a quem tem tido, dentro e fora de campo, muito mais sorte do que juízo.
Até segunda e saudações rubro-negras, sempre!
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