quinta-feira, 13 de novembro de 2008

COLUNA DE QUINTA-FEIRA - Raphael Perret

Correr, correr é o melhor para poder vencer

A tática com que o Flamengo entrou em campo domingo, contra o Botafogo, foi, assim, revolucionária. O time apostou na lentidão para surpreender o adversário. A demora no passe, a indecisão na hora do chute e a falta de objetividade eram a chave para enlouquecer a zaga alvinegra. A estratégia funcionou. O time não chegava perto da área, pouco chutou a gol e Bruno foi importante na manutenção do zero a zero. Jogadores e técnico saíram eufóricos de campo ao fim do primeiro tempo.

Algum mago surgiu no vestiário. Encantou os jogadores, que, imediatamente, lembraram-se dos resultados das outras partidas já finalizadas. São Paulo, Grêmio e Cruzeiro se distanciavam aos poucos. O Palmeiras, mesmo derrotado, ainda era inalcançável naquela rodada. O título, um sonho próximo do impossível. Mas a vaga na Libertadores, muito mais perto do que em 2007. E, então, a equipe rubro-negra voltou ao gramado em que tanto brilhou em outras épocas para, enfim, pensar que, sim, era possível vencer o Botafogo, a poderosa máquina de jogar futebol em crise eliminada na Copa Sul-Americana quatro dias antes.

Assim, o Flamengo trocou a estratégia (com exceção de Bruno, que levava uma eternidade para cobrar os tiros de meta). Passou a trocar passes rapidamente, inverter as bolas e os atletas se aproximaram um dos outros. Curiosamente, as jogadas começaram a sair! Juan, enquanto teve pernas, infernizou a zaga do Botafogo. Ibson, um leão, desarmava e ia ao ataque. Sambueza, elevado exageradamente ao status de "melhor do jogo", segundo nosso visionário técnico, ao menos enchia o saco dos adversários ao cavar faltas. E até Kleberson, sumido nas outras partidas, deu um passe precioso num minuto e fez o gol de pênalti em outro, decidindo o jogo.

Pronto. Ufa. Faltando quatro rodadas, podemos voltar ao G4 no domingo se ganharmos de meio a zero do Palmeiras. A conquista da vaga na fase de grupos da Libertadores pode ser obtida sem depender de outros resultados, já que o Flamengo ainda enfrenta o Cruzeiro na semana que vem. Não é o cenário ideal. Mas o melhor possível neste momento.

O Flamengo está prestes a consolidar sua melhor campanha na era dos pontos corridos. Porém, não empolga a torcida. Óbvio: como se animar com um time que liderou o torneio por dez rodadas e agora aparece em quinto lugar?

É claro que, a quatro jogos do fim do ano, queremos mais é algum trunfo. Se vier com vitórias por 1 a 0, ótimo. Garante um 2009 esperançoso, com presença no torneio mais desejado do continente.

Para isso, jogadores, é preciso não apenas determinação, raça, vontade etc. Também são necessários velocidade e agilidade. Principalmente no Maracanã e contra times medrosos, que adoram uma retranca. Estes jogos exigem troca rápida de bola, deslocamentos velozes, triangulações, infiltrações, ousadia nos dribles, tabelas. Essa combinação de recursos não garante as vitórias. Mas cria mais oportunidades de gols. E aumentar as chances de marcar significa aumentar a probabilidade de vencer. Portanto, o caminho para o sucesso, nesta reta final, passa, repito, pela velocidade e pela agilidade.

Ah, falta preparo físico? É fim de temporada? Entendemos. Mas faltam só quatro jogos. Vocês são atletas. Uma última forcinha, que tal? Vamos lá?

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Individuais - alguns nomes importantes que merecem comentários. Marcelinho Paraíba está mal, mas eu não o tiraria dos jogos. Por pior que esteja, não foge da raia (assim como Ibson). Apesar do cabelo, não amarela. E, no momento decisivo, ser destemido é fundamental. E o Josiel? Desculpe, amigo, mas nem a tal "falta de ritmo de jogo" justifica os erros primários cometidos durante o jogo. Por que Vandinho tem sido a última opção de Caio Júnior, preterido em favor de Maxi e Josiel?

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Porco - qualquer bebê de seis meses que viu, no mínimo, os melhores momentos dos últimos jogos do Palmeiras sabe que a forma mais fácil de marcar gols no Verdão é cruzar a bola na área e botar alguém pra cabecear. Fábio Luciano, Ronaldo Angelim? Já pra área.

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Porco 2 - lembremos que o Palmeiras costuma ajudar bastante o Flamengo nas retas finais de Brasileiro. Não será diferente em 2008. Espero.

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Uma historinha - no Brasileiro de 2005, faltando cinco rodadas para o fim do campeonato, o Fluminense estava em quarto lugar, com 42 pontos, e o Palmeiras, em quinto, tinha 30 pontos. Uma simples vitória nos últimos jogos praticamente garantiria o tricolor na Libertadores do ano seguinte. E o que aconteceu? O Fluminense perdeu para o Vasco, Atlético-MG (rebaixado, em Volta Redonda), Fortaleza (por 5 a 1) e Juventude (também em Volta Redonda). Enquanto isso, o time paulista venceu São Paulo, Juventude, Ponte Preta (por 6 a 2, em Campinas), mas perdeu para o Inter. O destino planejou um Palmeiras x Fluminense na última rodada, com uma diferença de 3 pontos a favor dos cariocas. Quem vencesse o jogo teria a última vaga da Libertadores. O empate era tricolor. Resultado final: Palmeiras 3 a 2.

Para o hexa, além de ganharmos geral, dependemos de times como Figueirense, Vasco, Fluminense, Goiás, Coritiba, Vitória, Ipatinga e Atlético-MG. A historinha de três anos atrás nos relembra que, sim, milagres acontecem.

Flamengo Net

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