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COLUNA DE QUARTA FEIRA João Marcelo Maia

Simon quem????

Eu me recuso a ser cúmplice no festival de lamúrias e acusações que se seguiu à derrota para o Cruzeiro. Preso num engarrafamento na Dutra, acompanhei o jogo por mensagens de SMS, mas depois vi o polêmico lance em casa. É claro que foi pênalti e que Simon errou. E daí?

O nível de arbitragem no Brasil é baixo, e esse campeonato teve centenas de erros, alguns capitais, outros não. Todos os times foram eventualmente prejudicados e beneficiados, e obviamente times grandes jogando em casa sempre contam com uma boa vontade do homem de apito. É assim desde que o mundo é mundo. Sei que algum fanático vai listar dezenas de pequenas evidências para provar que há alguma conspiração para favorecer o São Paulo e prejudicar o Flamengo. É da natureza de toda teoria conspiratória possuir algum grau de verossimilhança, mas elas sempre terminam extrapolando para afirmações generalizantes, do tipo "a CBF está favorecendo os paulistas", "A Globo tem uma aliança com o Corinthians", "O STJD protege cariocas" etc.

Poderiam ainda dizer que todos erram, mas que o erro de Simon foi grotesco e decisivo. Eu continuo com o "e daí?". Será que ninguém lembra que a final do Carioca de 2007 só foi para os penais porque um bandeirinha marcou um grotesco impedimento de Dodô, que iria entrar livre diante de Bruno no finalzinho do jogo? Uma das graças do futebol é que ele é um jogo grandiosamente humano, e a falibilidade é componente essencial de sua mística. Não compreender isso é cair no chororô que tanto caracteriza aquela agremiação que treina num shopping center decadente em Botafogo.

Nunca é demais lembrar que o Flamengo começou a perder esse campeonato quando entregou pontos preciosos para Vitória, Portuguesa, Atlético-MG e adjacências. Olhando com calma, eu me espanto de termos chegado tão longe no campeonato, tendo protagonizado tantos jogos abaixo da crítica. Diante desse cenário, posar de "injustiçado" só serve para encobrir a irregularidade e a incompetência.

Simon é o bode na sala da diretoria rubro-negra. Esqueçam ele. Guardem a revolta para os que deixaram o time à deriva depois da janela de transferências, ou para os que planejaram a festa para "papai Joel" antes da tragédia na Libertadores. Ou melhor, guardem a raiva para os "craques" que fizeram o vexame diante do América-Mex e se sentem no direito de cobrar reconhecimento da torcida. Não foram eles que andaram nas ruas do Brasil naquela quinta-feira, sendo submetidos à humilhação pública da escumalha que compõe a torcida arco-íris. E Simon não tem nada a ver com isso.