quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Inofensivo
Por Raphael Perret
Ganhamos do Vasco, 1 a 0, colamos no G4. Ufa. O sonho continua. Mas ainda tem muita coisa errada. E as correções são urgentes, sob o risco de deixarmos escapar até a vaga pra Libertadores de 2009.

Não dá pra jogar contra o lanterna e pior defesa do campeonato e só fazer duas ou três finalizações no jogo inteiro. É inconcebível, ainda mais para um time que, diz ele, luta pelo título. É preciso entender o que não está funcionando, e minha humilde análise tem relação com o mando de campo.

Em 2008, temos um desempenho fora de casa bem interessante: quatro vitórias, cinco empates e quatro derrotas (o melhor time como visitante é o Grêmio, com cinco vitórias, cinco empates e cinco derrotas; estou descartando clássicos realizados no mesmo estádio nos dois turnos, como Fla-Flu, Fla x Vasco e Cruzeiro x Atlético). Quando saímos do Rio, o Flamengo acaba encontrando times que saem mais pro jogo. Dão espaços. Favorecem os contra-ataques. E, nestas condições, o Rubro-Negro se porta bem.

Mas quando joga em casa, o Flamengo não tem conseguido se impor. Enfrenta uma equipe visitante acuada, fechada, que povoa a intermediária, que deixa seus atacantes bem abertos esperando o contragolpe e que, com competência, sai do Rio de Janeiro com três pontos preciosos. Então, por que o Flamengo não consegue furar esses bloqueios bem armados?

Antes do "apagão" que tirou o time da liderança, o Flamengo conseguiu resultados expressivos no Maracanã. Santos, Internacional, Figueirense, Náutico e Vasco sofreram com boas atuações rubro-negras. Depois, só fiascos e vitórias magras, com exceção, talvez, do heróico jogo contra o Grêmio (também houve uma boa dose de heroísmo contra o Sport, mas o time jogou mal). A verdade é que o time atual não tem poder de penetração contra equipes que jogam na retranca.

No início do Brasileiro, a movimentação de Marcinho, Renato Augusto, Diego Tardelli e, vá lá, Souza confundiam os zagueiros e abriam brechas para o ataque rubro-negro. Além disso, Leo Moura e Juan davam um bom suporte às jogadas, penetrando pelos lados. Agora, o time carece desta força ofensiva, capaz de atravessar times que jogam no 6-3-1. Marcelinho Paraíba tem classe no toque, mas não tem velocidade. Obina, vocês já sabem. Ibson e Kleberson têm jogado muito atrás e, quando chegam perto da área, já estão cansados e não sabem o que fazer com a bola. E nossos laterais também demonstram desgaste físico e, com a fama de armas poderosas, são muito mais marcados do que antes.

Quais as soluções, então? Aqui vão dicas que poderiam ser aplicadas, mesmo como testes, já no jogo de hoje, contra o Coritiba:

Movimentação: quanto mais os jogadores se mexem, mais os zagueiros e os volantes adversários terão que sair para marcá-los. E buracos serão abertos.

Velocidade: toques rápidos e precisos ("precisos" é um problema) podem desnortear a defesa e cansá-la. Uma tabela rápida originou o gol da vitória sobre o Vasco. Inversões de jogadas também confundem o adversário.

Jogadas laterais: não adianta, esse recurso é velho. Mas é eficiente. Porém, Leo Moura, atenção: a jogada tem que ir até a linha de fundo. Da intermediária, vira o manjado chuveirinho.

Chutes de fora da área: falou-se tanto disso antes do jogo contra o Náutico que fizemos um dos gols da vitória num tiro poderoso de Leo Moura. Mas a lição valia apenas pra Recife? Por que o time não chuta de longe, uai?

Ousadia: falta um jogador que saiba driblar e arrisque entrar na área limpando a zaga. É difícil, mas pode funcionar. Juan é quem melhor executa essa função, mas hoje não contamos com ele. Everton, apesar de mal contra o Vasco, pode ser o jogador que mais se aproxima deste perfil. Marcelinho na armação e Everton se movimentando com Obina fixo na frente pode dar algum samba.

Enfim, sugerir soluções é fácil. Aplicar é que são elas. Mas este é o nosso papel no fórum, não é? Levantar idéias que possam ajudar o Mengão a conquistar novas glórias. E, no momento atual, idéias é o que não faltam. Porque, se o Flamengo quer mesmo ser campeão ou disputar pela terceira vez seguida a Libertadores, tem que mudar em muitos aspectos. E a postura ofensiva é o principal deles.

***

Sem choro nem vela - li que alguns companheiros (ainda) lamentam a derrota para o Atlético-MG. Se tivéssemos vencido, estaríamos em terceiro. Pode ser. Mas, pessoal, a vitória do Galo foi incontestável. Não foi ali que deixamos a chance de estar na frente escapar. Foi contra a Portuguesa, no Canindé, quando Ibson desperdiçou duas cobranças de pênalti, e contra o Botafogo, quando Obina driblou o goleiro e chutou pra fora. Vida que segue. Que o Flamengo atropele os próximos adversários e torne esta campanha de 2008 histórica.

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