Um jogo maluco
Um jogo maluco. Faltando sete rodadas pra terminar, uma decisão, mesmo com desequilíbrio nos objetivos: de um lado, um time luta pelo título; do outro, uma vaga na Sul-Americana. O Flamengo, rei fora de casa, que goleou na rodada anterior, no Maracanã, explorando contra-ataques, mal encaixava três passes seguidos. O Vitória, que finalizou muito mais, não ofereceu tanto perigo quanto nosso time. O locutor dizia que o gramado “parecia” bom. Então por que a bola mudava de direção toda vez que tocava o gramado? Falta luz durante 25 minutos. Logo, qualquer criança na 4ª série sabe que o cronômetro deve parar aos 70. Aos 65, o locutor reclama que o juiz não acaba o primeiro tempo. É, o fim de noite prometia ainda muita maluquice. Leo Moura chuta pra fora com o gol escancarado à frente. Angelim cabeceia uma bola que, não se sabe como, sequer tocou na trave e se perdeu na linha de fundo. Dali não ia sair muita coisa. E atrás? A defesa rechaçava o perigo, mas demorava a tirar a bola da área. Chutava pra cima, e não pra frente. O meio-campo, pra variar, combativo, porém infrutífero. Caio Júnior lançou, então, nova tática: qualquer um lança. Não precisa tocar, triangular, tabelar. É só mirar um atacante, preparar o chute e seja-lá-o-que-Deus-quiser. Toró e Jaílton adoraram essa incumbência. Angelim e Fábio Luciano também se arriscavam. Estratégia revolucionária. E ninguém entende porque o Flamengo não fez gol. Marcelinho Paraíba não tem pique para puxar contra-ataques. Deveria ficar mais no meio-de-campo, com dois atacantes à frente. Desde que um deles não seja Maxi, improdutivo. Obina fez sua parte, assustou, trombou, chutou, mas sem uma bola que lhe chegasse decente, mais não poderia fazer. Só correr. Mas correr, nem o time conseguia no segundo tempo. Esforçava-se, é verdade, mas cadê a velocidade? Cadê os passes corretos? A bola parecia magnetizada, e o ímã era um jogador do Vitória. Cadê os laterais? Juan pediu pra sair, pois não foi visto depois do intervalo. Leo Moura só apareceu ao deixar Fierro na cara do gol e uma bola nas nuvens. Cadê as jogadas pelas pontas? Maxi, incompetente, até tentou, mas parecia um zagueiro baiano. No fim, até que foi um jogo emocionante. Quer dizer, emocionante quando o Flamengo dava sorte de trocar e acertar três passes. Aí, conseguia chegar ao gol. Ou melhor, perto, porque a bola não entra. Maxi, fraco, entrou no segundo tempo, esbaforido, enquanto Ramon, com 50 anos, do outro lado, era 50 vezes mais perigoso. Caio Júnior tira Ibson, que segurava as pontas e melhorava no segundo tempo, para colocar Fierro que, claro, não se entendeu com o argentino. Ambos falam a mesma língua, mas dialetos diferentes: um é improdutivo, incompetente, fraco e deprimente, o outro pelo menos é jogador de futebol. Se é para colocar o tal primo do Messi (tá mais pra cunhado), era melhor deixar o Paraíba, que podia acertar uma falta ou, quem sabe, mais difícil ainda, um passe. Copo quase vazio? Um zero a zero com gosto de derrota. Saímos do G4. Copo quase cheio? O Flamengo diminui a diferença pro líder. Serão três jogos seguidos no Maracanã. Não se tem uma atuação como a de ontem duas vezes no mesmo campeonato. Que venham a Portuguesa e seus refugos ex-rubro-negros. Vamos vencer e voltar ao G4. Mas, por favor, sem um outro jogo maluco.
***
O inimigo – o SPFC nos ultrapassou na liderança do returno e na contagem do melhor ataque, é o time que tem mais chances de ser campeão e está invicto há 12 jogos. Olha, se não é pra ser o Flamengo, já admito até a hipótese de um time tricolor ser campeão. Desde que seja o gaúcho. Porque o paulista... Na boa, é intragável. E aí, Flamengo, vai deixar outro time ser hexa antes de você?
|