quinta-feira, 9 de outubro de 2008

COLUNA DE QUINTA-FEIRA - Raphael Perret

Só falta acertar o meio-campo

De uma forma muito simplificada, há duas formas de se perder um jogo. Uma é mais honrosa e aceitável. O adversário joga melhor. É eficiente no ataque. Marca muito bem e impede a ação do time.

A outra forma de abraçar a derrota é jogando mal. O time entra desconcentrado. Ou, no mínimo, peças fundamentais do esquema tático jogam com a cabeça fora do estádio. Jogadores falham no mano a mano, erram o posicionamento e desperdiçam oportunidades de gol. Mas o principal reflexo da desconcentração é mais evidente: os passes errados.

Não vamos obedecer cegamente aos números. Uma quantidade alta de passes errados pode significar um grande número de tentativas de colocar um companheiro na cara do gol ou lançamentos longos que não dão certo. É natural.

Mas passes errados em toques de cinco, dez metros, ou passes errados que destroem contra-ataques só têm o poder de diminuir o moral do time e irritar a torcida. E, apesar da boa vitória fora de casa, foi o que aconteceu com o Flamengo contra o Náutico, no Recife.

O time ainda não encontrou a consistência necessária pra dar aquela tranqüilidade e certeza de que seremos campeões. Temos um ótimo retrospecto recente, mas falta a sintonia fina com a torcida, sustentada pela confiança que o time é capaz de inspirar - e ainda não inspira. Se a defesa tem melhorado, se a entrada de Toró deu mais segurança ainda e o ataque tem se reencontrado, ainda falta fluidez ao meio-de-campo, que leva a bola um pouco quadrada para Marcelinho Paraíba e Vandinho.

Temos muitos jogos no Rio de Janeiro até o fim do campeonato, com plenas condições de vencer todos. Manter um alto índice de desempenho, sob a pressão dos times que nos circundam na tabela, com poucos jogos pra se recuperar em caso de tropeço, é tarefa pra quem tem sangue de verdade nas veias. Mas só fibra e raça não são suficientes para as vitórias. Ter um meio-campo consistente é o caminho. E o Flamengo precisa recuperar o equilíbrio neste setor do gramado. Contra o Náutico, vencemos porque encontramos nossa melhor dupla de ataque, porque Leo Moura está em ótima fase e porque o adversário é fraco. Se enfrentássemos uma equipe melhor, provavelmente não teríamos escapado ilesos ao desperdiçar tantos contra-ataques com passes tão descalibrados - e sem culpar o gramado, por favor.

Apesar de tudo, reconheço que o Flamengo vem num crescendo. Assimilamos a derrota para o São Paulo com uma vitória sobre o Ipatinga, fortalecemos a magia de ser Flamengo com a elétrica virada sobre o Sport e demonstramos nossa força com uma vitória fora de casa. É hora, agora, de impor a nossa superioridade no Maracanã, contra três times inferiores e diante da Magnética. Mesmo com desfalques, temos condições de repetir a solidez da defesa e o perigo do ataque. Falta, apenas, aprimorar a conexão entre os dois setores. E tenho certeza de que caminhamos rumo ao entrosamento total, rumo à vitória no sábado, rumo ao hexa sonhado.

***

Atlético-MG - não me lembro de nenhuma grande vitória do Galo sobre o Urubu, que valesse título ou classificação, nos últimos 30 anos. Só recordo dos dois 3 a 2 que impomos ao clube mineiro em 1980 e 1987, além dos 4 a 1 da campanha vitoriosa da Copa do Brasil de 2006. Por isso, Mengão, é hora de consolidar a freguesia e carimbar mais três pontos em cima do pinto preto e branco de Belo Horizonte.

E você, se lembra de alguma outra vitória importante sobre o Galo?

Flamengo Net

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