terça-feira, 7 de outubro de 2008

CADERNINHO DO SIMÕES LOPES XXX

Calma, não é nada disso que estão pensando... XXX é apenas “trinta” em algarismos romanos. Acontece que em 2008 completo trinta anos na minha carreira de torcedor, que começou no augustíssimo campeonato carioca de 1978. Nestes anos já presenciei tanta coisa, que resolvi fazer um resumo do Flamengo (ou dos Flamengos, para ser mais exato) que eu acompanhei ao longo destas três décadas de emoções sempre fortes.

DEUSES DA RAÇA E XERIFES (Parte 2 de 3)

Mozer consolidou-se como titular no ano de 1981, num ano que o Flamengo ainda chegou a trazer de volta Manguito para compor um elenco forte que disputou — e ganhou — duas competições paralelas. Figueiredo e Marinho iriam revezar-se na quarta-zaga por muito tempo, mas com a saída do último, em 1984, o caminho ficou livre para que Figueiredo passasse a ser o dono da camisa 3. Condição, que tragicamente durou pouco. Primeiro, duas contusões sérias levaram o polivalente Leandro a assumir a posição, e posteriormente, a morte do mesmo Figueiredo, num desastre aéreo, acabou por fazer do ex-lateral o novo titular, fazendo uma dupla inesquecível com Mozer.

Esta dupla seguiu absoluta, assistida pelas participações ocasionais dos reservas Guto, Ronaldo, Zé Carlos Goiano e Aldair, perdurando até a metade do ano de 1987, quando Mozer foi vendido ao futebol português. Lá, fez dinheiro e fama, passando depois à França, onde virou ídolo no Olympique de Marseille. Jamais voltaríamos a vê-lo com a camisa rubro-negra, mas ele ainda teria inúmeras convocações pela Seleção Brasileira, infelizmente prejudicado pelo azar de malfadadas contusões, que o tiraram das Copas de 1986 e 1994. Restou a um dos maiores zagueiros de sua época apenas uma participação sem brilho na tristonha Copa de 90.

Com Mozer negociado, o Fla apostou na contratação do ex-tricolor Edinho, contratação referendada por Zico, seu ex-companheiro de Udinese. Mesmo enfrentando uma certa desconfiança da torcida pela sua identificação notória com o Fluminense, o zagueiro foi peça importante na conquista da Copa União. Mas logo a dupla formada por Leandro e Edinho seria desfeita: Edinho voltava ao Flu, e Leandro começava a enfrentar o martírio de repetidos problemas no joelho. Cada vez menos ágil, seu rendimento caiu muito, e acabou dando o lugar a Aldair, mais um produto da fábrica de craques rubro-negra. Em pouco tempo, Aldair virara titular absoluto, e não demorou a chegar à Seleção Brasileira. Com seu companheiro, trouxemos o veterano beque Darío Pereyra, que não conseguiu reeditar no Flamengo (1988) sua brilhante carreira são-paulina. Sem acertar nas contratações, a zaga flamenguista acabou gerando oportunidades para os juniores: mesmo como reservas, a década chegava ao fim com as estréias de Júnior Baiano, Rogério e Gonçalves. Zé Carlos Goiano voltou ao time em 1989, para formar dupla com Aldair, no agourento Estadual de 1989, que contou com a presença eventual do reserva Gonçalves, que substituindo o titular contundido por um longo tempo, acabou sendo protagonista de um trágico gol contra num empate com o Botafogo, que liqüidou suas chances no Flamengo, mas em compensação abriu-lhe as portas do time da Estrela Solitária ( e do bicheiro Emil Pinheiro). O talento de Aldair chamou a atenção dos cofres europeus, e o Flamengo mais uma vez perdia um de seus grandes expoentes.

Para suprir a ausência de Aldair (e vingar-se da ida de Bebeto para o Vasco), contratou-se o ex-vascaíno Fernando, e seguiram-se outras contratações: Márcio Rossini, ex-Bangu (injustamente confundido com Márcio Nunes, o assassino), André Cruz (titular da Seleção, com passagem insípída) e Vítor Hugo. A fase era ruim, e foram feitas até experiências com três zagueiros, quando até o repatriado Júnior chegou a ser escalado como líbero. Invencionices que não deram certo. Com os cofres cada vez mais vazios, o Flamengo passava por uma crise sem precedentes. A salvação mais uma vez viria de sua base. Mas isto fica para a próxima parte.

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