Singin' in the rain
João Tavares, o Dão (foto ao lado, bem acompanhado), estréia oficialmente no Blog da FlamengoNET como blogueiro. Tavares, que recebeu o apelido de Dão ainda na infância, tem 29 anos, mora no Rio de Janeiro - no bairro do Flamengo, claro - e é formado em Turismo. Trabalha no setor de recursos humanos de uma empresa de pesquisas geológicas. É Flamengo principalmente por obra de seu avô, herança que vai legar ao seu filho, de apenas um ano, dono de três pequenos Mantos. Sua primeira lembrança no Maracanã data de um ano especial, 1987. Foi o 1 a 0 sobre o Botafogo, naquele que seria a conquista do tetracampeonato brasileiro, com gol de Jorginho. Dali em diante, perdeu a conta de quantas vezes acompanhou o Mais Querido.
No Blog, a missão de Dão é mostrar - com linguagem informal, tipicamente carioca - os bastidores do antes/durante/depois dos jogos no Maracanã, a movimentação dos torcedores, e, eventualmente, também outras partidas que ele venha a assistir em outros estádios. Claro, de quando em vez, ele também dará seus pitacos sobre os temas rubro-negros do momento. Enjoy it.
Queridos amigos blogueiros, fui convidado pela Administração do Blog para tentar passar pra rapaziada um pouco do que acontece nos arredores do Maracanã em dias de jogo. Bem, como meu joelho a la Obina (lesão de craque - ligamento cruzado anterior) não permite muitas andanças, não posso ficar de muito rolé pelo estádio, mas acho que da pra passar bastante coisa pra galera.
Eu queria chegar cedo ao Maracanã, liguei pra geral e a resposta era sempre a mesma: - Ah coé Dão, ta cedo cara, tô almoçando. Resolvi ir sozinho. Quando passei no banco pra sacar o cascalho, liguei pra outro amigo, o Paulo, e como nada é por acaso o mesmo estava almoçando no La Mole em frente a agência.
Partimos pro Maraca, eu com minha capa de chuva no bolso prevendo o que viria pela frente. Chegamos por volta das 15 horas e não tínhamos ingresso, mas o meu já tava garantido com um amigo que trabalha pro Flamengo. O Paulo foi pra fila, que já não era pequena, e logo foi interpelado por um torcedor que ao reparar sua certa idade deve ter achado que não ia comprar estudante e lhe ofereceu um ingresso que tava sobrando pelos mesmos 30 merréis. Rubro-negrismo é isso aí, um ajuda o outro quando pode. Ingresso comprado, e tempo economizado, partimos pro bar que lá é o meu lugar.

Na fila, já com uma chuva razoável, troquei uma idéia com um sujeito acompanhado do filho. Eles me contavam ter participado, assim como eu, da invasão ao Morumbi. Achei muito bacana, o moleque devia ter uns 12 anos. Meu pai era Rubro-Negro, digo era porque hoje em dia desgostou de futebol, mas nunca que iria fazer uma missão dessas. Não tinha saco para ver jogo em outro estado comigo.
Lá dentro, como de costume, fomos pro setor 42 que fica à direita da Urubuzada. Ali geral é conhecido, você sobe as escadas falando praticamente com todo mundo. Tava tranqüilo, cheio mas sem perrengue, já imaginava um grande publico para uma noite daquela.

Volto pro meu lugar com o segundo tempo em andamento e logo encontro junto ao Paulo três amigas, senti ali na hora boas vibrações. Sambueza entrando pro jogo e escanteio pros caras. Na hora pensei alto, pedindo atenção pra defesa e pro Bruno, não é de hoje que acontecem gols assim, entra um cara e tira o foco de quem já tá em campo numa bola parada. Não deu outra, fui repreendido rapidamente pela Cris que disse:
- Porra, João, que língua hein.
Na hora virei pro Paulo e disse:
- Paulinho, relaxa, a gente vai virar esse jogo, vai ser 2 a 1, tenho certeza.
O Maraca tava bonito. Apesar do temporal, mais de 40 mil guerreiros foram ao jogo, e muitos pais com seus filhos, muitos mesmo. A torcida não parou de cantar um só minuto e graças a Deus voltaram a entoar os cantos mais antigos, aqueles que arrepiavam Zico, Junior e Cia. Na polemica substituição do Ibson, a torcida xingou o Caio porque ela, assim como eu, achava que o Ibson vinha bem no jogo, que poderia ter saído outro mais cansado como Kleberson ou Paraíba, mas é isso aí, quando o cara tá iluminado até as merdas dão certo. Bom pra gente porque o time não deixou de lutar em um só momento e, mesmo debaixo daquela água toda, fomos premiados com uma bela virada. Confesso que não me lembro de uma chuva tão forte quanto a que vi no segundo tempo nos meus anos de Maracanã.
E assim como Gene Kelly no famoso filme, saímos do Maraca com a torcida cantando feliz no anel superior e na rampa do Belini, esvaziamos o isopor da Mônica e partimos para uma noite de bom samba e belas mulatas na quadra da Mangueira pra comemorar.
Mas aí já é outra estória...
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