COLUNA DE SEGUNDA-FEIRA - Herminio Correa
Superar
su.pe.rar(lat superare) vtd 1 Subjugar, sujeitar, vencer: Superar o adversário. 2 Ficar superior a, levar vantagem a, sobrelevar a. 3 Passar além;
Um time que busca ser campeão brasileiro tem que se superar. A conta é simples. Comece agora o campeonato. Ganhe todas as partidas em casa, perca todas fora, o que acontece? Chega aos 57 pontos, 19 vitórias. E só, não disputa sequer Libertadores. Então, time campeão tem que ter poder de superação e buscar bons resultados fora.
Analisando fria e secamente, o campeonato está indo e o Flamengo não mostra o seu “grande resultado” na competição. No máximo vencer Sport e Figueirense fora, forçando muito para não dizer que não vencemos ninguém. Mas sobre rivais mais tradicionais além daqueles diretos na disputa, nenhuma vitória. Aliando isso a derrotas inesperadas dentro de casa, chegamos onde estamos na tabela.
Depois de seis rodadas sem derrota, sendo a última com boa apresentação em Florianópolis, com onze dias de treinamentos para acertar a equipe, nada mais natural do que acreditar em uma boa apresentação contra o São Paulo mesmo fora de casa. E a torcida fez sua parte, honrou seu compromisso. Quem foi ontem ao Morumbi entende e bem o que escrevo.
Sabíamos da importância desse jogo. Não valia simplesmente os três pontos e a aproximação ao líder. Seria principalmente a confirmação de um Flamengo que realmente estivesse na briga, contra um rival direto na disputa seja por título, seja por vaga na Libertadores. Valia a confirmação de um time que demonstra aquela força, o poder de quem está chegando. Uma vitória que certamente daria moral, acima de tudo. Esse era o pensamento de qualquer rubro negro ontem no Morumbi: Ganhar, mostrar-se vivo dentro do campeonato e pegar a seqüência de jogos em casa.
Perder para o São Paulo fora não é nenhum absurdo. Não é o fim do mundo, não é nenhuma aberração. Até aí vai, tudo bem. Mas o que pudemos ver ontem em campo foi um time que não ganhava uma dividida e abusava em errar passes. Estranhamente um time apático com pelo menos duas atuações individuais muito abaixo do esperado – Juan e Ibson. Enquanto o São Paulo partia para cima, disputando todas as jogadas, o Flamengo mal conseguia segurar a bola no ataque. E ao final da partida veio essa sensação amarga. Sensação de que mesmo tendo um bom time, mesmo tendo opções no elenco, até mesmo tendo um treinador que se não é unânime pelo menos não pode ser chamado de retranqueiro, falta algo mais.
Falta superação, atitude. Postura de quem realmente quer ser campeão.
Logicamente todo jogador entra em campo pensando na vitória mas nem todos se superam, o que é diferente. Superar é fugir do simples, é não ficar somente no “feijão com arroz”, é perceber que há momentos em que a vontade e a garra, a disposição pela vitória tem que aparecer. Essa é a principal diferença que percebo entre o Flamengo e os rivais que estão à nossa frente na tabela. Nos momentos em que precisaram mostrar que estão vivos na disputa pelo título, até o momento, eles mostram força, vontade e conseguem os resultados, nós não.
Se o Flamengo ainda busca qualquer objetivo nesse campeonato, coerente com sua tradição e força, já passou da hora de mostrar vontade para isso. Ficar apenas nos discursos e entrevistas pós derrota de que “ainda dá” ou “agora teremos uma boa seqüência em casa” não dá.
Mais do que nunca esse time vai ter que se superar se ainda quiser conquistar alguma coisa.
Até segunda e saudações rubro negras, sempre!
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