COLUNA DE SÁBADO - Mauricio Neves
sábado, 6 de setembro de 2008
O futebol
Foi muito nítido durante os primeiros quarenta e cinco minutos, no gramado do Scarpelli. Sempre a partir de Ibson, agora no lugar certo, a partir de Ibson e Kleberson e através de Léo Moura e Luizinho, e é justo supor um pouco mais de fluência quando for a partir de Ibson e Kleberson e através de Léo Moura e Juan. Éverton ocupou um espaço que era um deserto de idéias e ações, e essa ocupação encontra consistência lá frente em Marcelinho Paraíba, que bem recebe os laterais vindos de Ibson.
Assim o time sempre teve o que fazer com a bola que se roubava do angustiado Figueirense, e pode-se entender esse o que fazer por inversões de um lado a outro, como no primeiro gol, ou triangulações de um quem-se-desloca-recebe, como no segundo gol. Dois gols, e mais Paraíba de pivô deixando de calcanhar para Léo Moura chutar, e a aparição de Éverton na meia-lua para um forte chute de esquerda rente ao ângulo, e ainda Léo Moura com um chute de cinqüenta metros: quase, quase. Foi muito nítido durante quarenta e cinco minutos, não se pode negar. O Flamengo jogou futebol.
Uma queda no sistema no começo do segundo tempo, um gol achado de Rafael e o jogo esteve por se complicar. Mas veio Sambueza e ressurgiu Ibson e renovou-se Léo Moura. Voltou o futebol e com ele o terceiro gol. A torcida no estádio queria outro, especificamente de Vandinho, um pequeno ato de provocação mais pela lembrança do Avaí e menos pelo escore. Vandinho entrou livre, atrapalhou-se com o goleiro e não marcou. O Figueirense diminiu no último lance e o placar final é uma advertência. O futebol que se joga - quando se joga - deve servir para matar o jogo.
Não se jogava assim desde a vitória contra o Náutico, quando ainda era o time original inteiro, forte e líder. Mudou muita coisa na classificação de lá para cá. Há tanto por ser recuperado, mas quase tudo é conseqüência de um elenco com boa reposição sustentando um time capaz de jogar futebol, como foi no Scarpelli. Ainda temos meio campeonato pela frente, com Fierro e Josiel por incorporar, mas o que pode alimentar qualquer sonho é mesmo a ação coletiva do segundo gol contra o Figueirense, passe e tabela, deslocamento e assistência, proteção, drible e chute, ou em uma palavra só: futebol. Nitidamente futebol.
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