ANÁLISE DO JOGO – Bruno Trink
O golaço de Conca logo aos 11 minutos, numa rebatida do "não-zagueiro" Jaílton para a entrada da área, serviu para exacerbar essa diferença de postura. O gol de empate foi uma mostra da insistência do Flamengo em atacar sempre. A jogada toda começou na meia esquerda com um chute de longe de Toró que Fernando Henrique espalmou para a direita. Obina tocou para Leo Moura que rolou para Toró bater novamente para defesa do goleiro tricolor. A bola foi para esquerda e recuperada por Ronaldo Angelim. No bate-rebate, Marcelinho Paraíba fez seu primeiro gol pelo rubro-negro. No lance, eram seis jogadores do Flamengo dentro da área, mais o Angelim que fez o cruzamento, contra nove tricolores defendendo. E o Flamengo poderia ter virado o placar, se tivesse um centro-avante minimamente condicionado. Obina perdeu duas ótimas chances, uma recebendo um ótimo lançamento pela direita e outra, num passe de Juan, ao não conseguir se equilibrar na hora do chute.
O panorama não mudou muito no segundo tempo. Mas, num vacilo de Juan, Mauricio roubou a bola e arriscou um chute despretensioso. Bom, cheio de efeito, mas de longe. Para mim, poucos goleiros pegariam aquela bola. Para a grande maioria, mais uma falha do nosso goleiro. Mas, se Bruno tivesse tentado fazer a defesa, e não um mero golpe de vista, ninguém estaria discutindo isso hoje. Esse gol, sim, desorientou nosso time. Os laterais fecharam pelo meio mais do que o usual, embolando as tentativas ofensivas e, pior, dando mais espaços para os contra-ataques. Cuca, que não é bobo, lançou Tartá nas costas do Leo Moura e deixou o Everton Santos pela direita. O gol de Kléberson trouxe mais justiça ao placar, se é que isso existe em futebol.
Um fato que chamou a atenção no clássico foi o jogo limpo. Durante o jogo eu já tinha notado isso, mas fui recorrer aos números: a quantidade de finalizações foi superior à de faltas. Foram 32 finalizações, 20 do Fla e 12 do Flu, contra 28 faltas, 10 contra 18, respectivamente. Isso contribuiu bastante para a ótima atuação do trio de arbitragem, liderado por Leonardo Gaciba, que aplicou apenas um cartão amarelo em todo o jogo, para o tricolor Arouca. Confesso que fiquei preocupado quando soube que o Gaciba apitaria o clássico, mas todos meus receios se esvaíram com uma atuação discreta e eficiente.
O que ficou de positivo no jogo de ontem foi que vimos que, agora, o treinador tem opções. E muitas. Josiel e Fierro, que ainda nem estrearam, são titulares para mim. Resta saber se, faltando 15 rodadas e com 11 pontos atrás do líder, ainda temos tempo para lutar pelo título ou se temos que nos contentar com a luta pela terceira participação consecutiva na Libertadores.
Bruno: podia ter ido no 2º gol tricolor e não fez nenhum dos seus frequentes milagres. Nota 2,0.
Leonardo Moura: tem jogado mais recuado que com o Joel e ontem foi fundamental, salvando duas jogadas muito perigosas dos tricolores. Ainda fez o lançamento para o Sambueza no gol de empate. Nota 3,5.
Fábio Luciano: como zagueiro da sobra, foi pouco exigido, já que o Flu jogou só com Washington no ataque. Nota 2,5.
Ronaldo Angelim: marcou bem e ainda arriscou suas tradicionais subidas pela esquerda, como no lance do 1º gol. Nota 3,0
Juan: as jogadas mais perigosas do Fla passam por ele. Mas perdeu a bola para o Mauricio no gol do Flu. Nota 3,0.
Jaílton: enganou muita gente numa sequência de três jogos em que jogou bem. Ontem, rebateu uma bola para a entrada da área no gol de Conca. Nota 2,0.
Toró: chegou atrasado na marcação no gol do Conca, mas, no resto do jogo marcou bem e ainda chegou na frente para chutar. Nota 3,0.
Erick Flores: entrou no lugar de Toró para dar mais força ofensiva, mas pouco fez. Sem nota.
Kléberson: sumido a maior parte do jogo, deu alguns chutes sem direção. Ia até ser substituído quando Éverton teve cãimbras, mas estava no lugar certo e na hora certa para dar o empate ao Fla. Nota 2,5.
Éverton: lançado no clássico e se saiu muito bem. Na primeira etapa, ele jogou pelas pontas, abrindo espaços para Marcelinho Paraíba. No 2º tempo, foi mais incisivo e fez duas boas jogadas. Sentiu a falta de ritmo. Nota 3,5.
Sambueza: entrou bem, fez ótima jogada no gol do Kléberson e mostrou que pode ser uma boa opção para quando Caio Júnior precisar cadenciar mais o jogo. Nota 3,0.
Marcelinho Paraíba: ainda precisa melhorar no aspecto físico, mas joga com muita vontade e faz algo que o Flamengo perdeu com a saída do Marcinho: voltar acompanhando o volante adversário. Nota 3,0.
Obina: mostrou, mais uma vez, que é, no máximo, jogador de 2º tempo. Nota 2,0.
Maxi: entrou e fez o que sabe, correu muito para abrir espaços para os meias. Nota 2,5.
Sobre as individualidades, Everton, de apenas 19 anos, foi lançado no clássico e se saiu muito bem. Na primeira etapa, ele jogou pelas pontas, abrindo espaços para Marcelinho Paraíba. No 2º tempo, foi mais incisivo e fez duas boas jogadas. O argentino Sambueza entrou e mostrou que pode ser uma boa opção para quando Caio Júnior precisar cadenciar mais o jogo. Juan foi o de sempre, mas deu mole no segundo gol do Flu. Leo Moura vem sido constantemente criticado por aqui, mas tem jogado mais recuado que com o Joel e ontem foi fundamental, salvando duas jogadas muito perigosas dos tricolores.
FICHA DO JOGO
Flamengo 2 X 2 Fluminense
Estádio: Maracanã.
Data: 31/08/2008, 18h10
Árbitro: Leonardo Gaciba (Fifa-RS)
Auxiliares: Ednilson Corona (Fifa-SP) e Alessandro de Matos (Fifa-BA)
Flamengo: Bruno; Leo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan; Jaílton, Toró (Erick Flores), Kleberson e Everton (Sambueza); Marcelinho Paraíba e Obina(Maxi). Treinador: Caio Júnior.
Fluminense: Fernando Henrique, Thiago Silva, Luiz Alberto e Roger; Eduardo Ratinho (Tartá), Maurício, Arouca, Conca (Fernando) e Junior Cesar; Éverton Santos e Washington. Treinador: Cuca.
Gols: Conca, aos 11 minutos, Marcelinho Paraíba, aos 25 do primeiro tempo; Maurício, aos 21 minutos, Kleberson, aos 43 minutos do segundo tempo.
Cartão amarelo: Arouca (FLU)
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