terça-feira, 5 de agosto de 2008

Anacronismo em pleno 2008

O estouro de uma bomba - ou morteiro, como preferirem - na Gávea, durante o apronto da equipe para o jogo desta quarta, contra o Goiás, diz muito mais sobre o Flamengo do que acerca de um grupo de torcedores que vivem da truculência e boçalidade.

Hooligans existem nas arquibancadas de qualquer agremiação - aqui ou nas civilizadas Itália e Inglaterra. O que muda bastante é a maneira com que os clubes lidam com isso, ao criarem barreiras e esquemas que protegem e garantem a tranquilidade dos profissionais que defendem suas cores.

Recentemente, estive no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo. Minha missão era entrevistar o triplista Jadel Gregório, atleta olímpico que compete por um dos clubes sociais da elite paulistana, numa região onde o nível sócio-econômico equivale à dos bairros que cercam a sede do Flamengo. No Pinheiros, todo sócio precisa passar seu cartão por uma catraca eletrônica. Ao mesmo tempo, o segurança, numa redoma de vidro, monitora numa tela LCD se a fisionomia da pessoa bate com a foto cadastrada nos arquivos online.

Como visitante, o básico. Tive que entrar com chachá de visitante, somente depois de apresentar minha identidade, devidamente anotada, de ter minha imagem gravada por um sistema de vídeo e, claro, de ter a minha entrada autorizada pelo setor responsável. Algo que acontece em qualquer prédio um pouquinho mais sofisticado de escritórios. Ou no Clube Atlético Paranaense, em Curitiba, cidade onde vivo.

Mesmo na Gávea, onde aparentemente o ano de 2008 ainda não chegou em termos de tecnologia, os controles normalmente são mais efetivos. Em 2006, quando organizei para o clube (a custo zero, cabe sempre a ressalva) a parte temática de um seminário que visava criar um debate interno sobre a Comunicação Online do Flamengo, bem como gerar subsídios para o novo site então em gestação, que gerou uma série de idéias não ou mal aproveitadas), tive que apresentar a carteira de identidade na portaria em TODAS as sete datas do evento, realizado em setembro de 2006. Como deveria acontecer com qualquer não associado.

Mesmo assim, confesso que fiquei mal impressionado na última vez em que pude visitar a Gávea, no primeiro semestre de 2007. O sistema era obsoleto e anacrônico. E o atendimento pouco padronizado da recepção deixava a olhos nus a falta de treinamento dos funcionários para uma função que exige doses equânimes de cordialidade e firmeza.

Por muitas vezes pensei em me tornar sócio, ainda mais na modalidade off-rio, cujo valor é praticamente irrisório (R$ 180,00 anuais). Mas esse tipo de anacronismo, que faz com que o clube tenha em 2008 uma estrutura indigna de seu nome, causa um grande desânimo.

Não estranharei se daqui a algumas horas surgir um texto desqualificatório, questionando "Quem é Juan Saavedra". Previno, antecipadamente, que sou um mero torcedor, que quer o bem do Flamengo, mas que, da mesma forma que um sócio, sente-se em condições de ficar aborrecido com certas coisas que acontecem na Gávea. Acho que tenho esse direito, não?

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