sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Comunicado da Administração do Blog

Por falta de tempo motivada por razões profissionais, o jornalista e amigo Ricardo Amorim não poderá prosseguir com a coluna às sextas. Em seu lugar, a Suderj informa, entra André Monnerat. Colaborador de longa data do Blog da FlamengoNET, Monnerat tem 29 anos, é carioca e trabalha com marketing e internet. Nas horas vagas, joga de cartunista e músico, além de responder pelo blog Sobre Flamengo.

Amorim continua como colaborador eventual (obrigado, parceiro!) e também pode ser lido num blog que assina sobre uma das predileções da nossa equipe, o Cerveja Só.

Equipe Blog da FlamengoNET



COLUNA DE SEXTA-FEIRA - André Monnerat

E se Joel Santana não tivesse ido embora?


O circo estava armado no Maracanã para a despedida do Papai Joel. Com o América do México já em campo, a diretoria preparou uma grande festa para o treinador milagreiro no gramado – camisa personalizada, corredor de jogadores batendo palmas, placa entregue. Joel estava ao mesmo tempo emocionado e preocupado. “Tem jogo, vamos ganhar o jogo!”, repetia.

Em campo, o time começou bem. Dominava amplamente o adversário, tocava bem a bola, alegrava uma torcida que fora despreocupada ao estádio – até ser surpreendido por um gol meio acidental do time do México. Mas não deu nem pra começar a se enervar; logo depois, Íbson sofreu pênalti, que ele mesmo bateu para empatar a partida. Em seguida, Souza desencantou e virou o jogo. No segundo tempo, o time deu olé e completou a vitória tranqüila com um gol de Obina no finzinho da partida. O Maracanã em festa gritava pedia que o treinador ídolo ficasse.

No dia seguinte, a bomba: Joel não ia mais pra África do Sul. Emocionado, desistiu da mudança. Em seu lugar, os africanos acabaram contratando Sebastião Lazaroni, segundo na lista de indicações de Parreira. Caio Júnior aceitou trabalhar como gerente de futebol, enquanto o homem da prancheta continuava à beira do gramado.

O Brasileiro começou com um empate melancólico no Maracanã vazio entre os reservas de Santos e Flamengo – e ninguém ligava. Os dois times se enfrentariam pela Libertadores, que era o que realmente importava. Leão dera entrevista relembrando seu título brasileiro pelo Sport, em 87, e perguntando se o Flamengo não correria do confronto outra vez. A classificação virava questão de honra.

No jogo de ida, o Flamengo conseguia segurar o Santos até os 30 do segundo tempo, quando Bruno falhou inacreditavelmente em um chute de longe de Molina. O Flamengo se lançou pra frente e levou mais um, em um contra-ataque. O clima ficou tenso, Souza arrumou confusão com Kléber e o juiz deu cartões vermelhos para o centro-avante rubro-negro e para Jônatas, que se envolveu de graça na história. Era a maldição da Vila Belmiro voltando a se fazer presente. No Maracanã, um gol de Obina logo no início deu esperança – mas o Santos conseguiu segurar o placar até o fim. O baiano teve a chance de ser herói, mas perdeu um gol de cabeça no último minuto que despertou a ira da torcida.

Restava olhar para o Brasileiro. Depois do empate da estréia, o time reserva perdeu para o Grêmio no Olímpico e para o Inter no Maracanã. O primeiro jogo após a eliminação seria o Fla-Flu, em que os reservas do adversário – mais preocupado com a Libertadores – conseguiram arrancar um empate. A pressão sobre Joel era insuportável; ele agüentou mais uma rodada no cargo, após uma vitória magra sobre o Figueirense, mas não resistiu à goleada de 4x0 para o São Paulo no jogo seguinte.

A diretoria tentou efetivar Caio Júnior no cargo, mas ele afirmou que pretendia mesmo seguir carreira agora fora de campo. Andrade assumiu como interino e perdeu os dois jogos em que dirigiu o time; a torcida não perdoou a tentativa de mudar a equipe com a entrada dos garotos Aírton, Éder e Erik Flores. Kléber Leite afirmava, no entanto, que tudo iria mudar com a chegada de Tite para comandar o time, junto com o novo reforço: Josiel, vindo a peso de ouro da Arábia para acabar com a falta de gols.

Mas tudo continuou dando errado e piorou quando os salários começaram a atrasar. Com o time em baixa, a diretoria não conseguiu negociar jogadores para fechar as contas. O fundo do poço chegou quando, em julho, jogadores se envolveram em uma confusão com prostitutas em Minas, após a derrota de 3x0 para o Atlético-MG (com dois gols de Marques e um de Petkovic). A diretoria anunciou multas como punição aos envolvidos, ironizadas por Tardelli e Marcinho na imprensa: “quando eles nos pagarem alguma coisa, a gente pensa em pagar essa multa também”. Tite pediu o boné, dizendo que era justamente por este tipo de coisa que nunca tinha vindo trabalhar no Rio.

A notícia do substituto de Tite foi inacreditável: Renato Gaúcho, recém-campeão da Libertadores pelo Fluminense em cima do Santos, trocava as Laranjeiras pela Gávea, em meio a especulações sobre o que seria o maior salário da história do futebol brasileiro. Ao mesmo tempo, depois da rescisão amigável com a Nike – que amargava um enorme encalhe de camisas rubro-negras em seus estoques -, a Olympikus era anunciada como novo fornecedor de material esportivo do clube, dando um grande presente à torcida: a contratação de Ronaldo Fenômeno, que prometia estar em condições de jogo até setembro.

A partir daí, começou uma incrível e inimaginável recuperação do Flamengo. Renato escalava o time com Obina, Souza e Josiel na frente e os três se revezavam na tarefa de fazer os gols do time em uma série improvável de vitórias. A equipe se baseava num forte bloqueio atrás, com Cristian, Rômulo e Jaílton, e nas arrancadas de Jônatas, que assumiu de vez a camisa 10. Depois da contusão de Léo Moura, Renato Augusto se encontrava na ala direita. Renato Gaúcho afirmava: ano que vem, seria bi da Libertadores com o Flamengo. Os outros que disputassem as demais vagas para a competição sul-americana, porque uma já era certa para o time da Gávea.

E é neste clima que teremos domingo um Fla-Flu sensacional. O Flamengo, já na décima posição e vindo de 8 jogos sem derrota, enfrentando o Fluminense de Joel, vice-líder da competição. Os ingressos já estão esgotados para ver a estréia de Ronaldo Fenômeno, que apesar de ainda fora de forma, fica no banco. Quem levará a melhor?

Flamengo Net

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