sábado, 16 de agosto de 2008

COLUNA DE SÁBADO - Mauricio Neves

Letra e música

Ele já tinha até passado pelo Santos, mas Marcelinho Paraíba me chamou mesmo a atenção no Rio Branco, em 1996, 1997, algo assim. Armava e fazia gols, e o Flamengo do segundo semestre de 1996 e primeiro de 1997 não armava, não fazia gols, daí me chamar atenção aquele baixinho entroncado do Rio Branco.

Mas o cara foi para o Morumbi. E foi campeão, e foi decisivo no título paulista de 2000, golaço de falta contra o Santos na decisão.O Flamengo havia sido bicampeão um dia antes, no sábado, e assisti à final do Paulistão na ressaca do bi, meio dormindo, meio acordado, e Marcelinho Paraíba liderando a conquista do São Paulo.

Foi parar na França. Repatriado pelo Grêmio, ganhou Gauchão e Copa do Brasil, esta em uma partida memorável no Morumbi, contra o favorito Corinthians. O Grêmio vencia por 2x1, o Corinthians buscava o empate que levaria para os pênaltis. Marcelinho já havia deixado Zinho livre no segundo gol, mas fez o terceiro por conta própria no fim do jogo. Saiu sinalizando para a torcida do Corinthians, acabou, acabou.

Vinha bem, o Marcelinho. E a seleção vinha mal em 2001. Scolari tinha pela frente uma urgência, vencer o Paraguai em Porto Alegre. No Olímpico, do Grêmio de Marcelinho Paraíba. Felipão chamou, Marcelinho foi e resolveu. Peitou Chilavert, driblou Arce, marcou Roque Santacruz e ainda fez o primeiro dos dois gols da noite.
A seleção arrancou, classificou para a Copa e Marcelinho se mandou para o Hertha Berlin, depois outro time que não lembro, depois Wolfsburg, seis anos de Alemanha.

Agora, Flamengo. Revelou que chegou a ser aprovado nos nossos juniores, em 1991. Disse que é Flamengo, fã do Zico, rezou a cartilha. Disse que quer estádio cheio contra o Grêmio na quinta, que vai pintar o cabelo de vermelho e preto, que está pronto para o desafio.

Prefiro assim. A Gávea não é para jogador que vem para somar, para seguir as ordens do professor e dizer que o time está de parabéns pelo esforço, independente do resultado. Não, o Flamengo é pra quem chega e mete a cara, bota em cima da mesa, bate no peito, quer estádio cheio. O discurso é esse mesmo, a letra é essa. Que o futebol de Marcelinho seja, a partir de amanhã, a música que está faltando.

Flamengo Net

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