quinta-feira, 28 de agosto de 2008

COLUNA DE QUINTA-FEIRA - Raphael Perret

A tendência é melhorar

Acompanhar os jogos do Flamengo deixou de ser o martírio que foi em julho para se tornar menos doloroso. Não que o time tenha voltado a exibir o futebol eficiente das dez primeiras rodadas nem tenha passado a se tornar favoritaço ao título. Mas tanto os resultados quanto a postura da equipe demonstram algo importante nesta virada de turno do Brasileiro: evolução.


Depois do vexame de ganhar dois pontos em sete jogos disputados, estamos invictos há quatro partidas. Tudo bem, duas delas terminaram empatadas, mas o contexto precisa ser considerado: nestes quatro jogos, ganhamos os dois disputados no Maracanã; não perdemos fora de casa; empatamos na Vila Belmiro e no Beira-Rio, tradicionais estádios que amaldiçoam a meta do goleiro rubro-negro; e derrotamos o líder do campeonato. Nas circunstâncias, portanto, o aproveitamento do Flamengo, nos últimos doze pontos, foi o minimamente esperado. E altamente esperançoso.

Embora ainda não tenha encantado, Marcelinho Paraíba se movimenta bastante e tem ótima visão de jogo (de costas, deu um passe primoroso que deixou Kleberson na cara do gol do Inter, domingo passado). Se aprimorar a velocidade, poderá ser infernal. Ibson ainda está devendo, mas já subiu de produção ao retomar o seu papel de volante, depois da chegada de Marcelinho e da volta de Kleberson. A ausência de Cristian, que já vinha sendo percebida mesmo quando ele estava em campo, e a irregularidade de Jaílton abriram espaço para Toró e Aírton, ambos em melhor fase. Maxi, começando o jogo, deu mais velocidade, enquanto Obina já mostrou seu valor entrando na etapa final (gols perdidos aos 47 do segundo tempo à parte). E a defesa subiu de produção. É só ver que tomamos gols, contra Grêmio e Inter, de uma falta bem cobrada e de uma falha rara do goleiro Bruno.

Só com um reforço o time já melhorou. Imaginem quando todos estiverem mais à vontade. Porém, insisto: a entrada de cada um deve ser cautelosa, pois o preço do desentrosamento, sob a chancela de promover a estréia imediata dos contratados, pode ser muito alto. Vieram muitos meias para jogar numa posição em que o entendimento com os companheiros é fundamental. Somente Josiel ou Vandinho, a meu ver, precisa ser escalado desde o início, pois Maxi ainda não é o atacante ideal para titular do Flamengo - vide a lentidão com que dominou a bola dentro da área colorada nas duas vezes em que recebeu passes da direita.

Por isso, os próximos jogos, apesar de difíceis, funcionarão como testes para que Caio Jr. encontre a formação ideal para o resto do campeonato: Fluminense, doido para subir na tabela e renovado com a volta dos Thiagos, e Figueirense, em Florianópolis, outra terra de áridos ventos para o Flamengo. Entretanto, seis pontos são bem possíveis e tornariam o confronto contra o São Paulo, no Morumbi, mais tranqüilo. Nesta partida, o empate não seria de todo ruim, uma vez que, em seguida, o Flamengo teria uma seqüência para deslanchar com a equipe já - presumivelmente - montada: Ipatinga, Sport, Náutico, Atlético-MG, Vasco e Coritiba. Com um detalhe: sairíamos do Maracanã somente para enfrentar o Timbu.

Sinceramente, nestes jogos o Flamengo tem que entrar pra reconquistar os 19 pontos perdidos naquela trágica seqüência do mês passado. Ou entra firme e recupera as diminutas chances de título ou admite o papel de coadjuvante no Brasileiro. Por enquanto, é torcer para que nosso técnico estude bem todas as possibilidades com o novo elenco e que cada jogador se supere e se entregue quando estiver defendendo o inestimável Manto Sagrado. Das arquibancadas, emanaremos todas as forças para levar o Flamengo ao topo. Novamente.

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Tropa de elite - o Pedro Paulo reclamou, aí embaixo, da manutenção da cabeçada-de-área que é titular desde os tempos do Joel. Mas, Pedro, quem entra? Se Jaílton, Toró, Cristian e Jonatas não servem, quem será titular? Enquanto Aírton até pode preencher esse espaço (só precisa ser menos afobado), Ibson e Kleberson jogam melhor um pouco próximos ao ataque, e não à frente dos zagueiros. Acho que Caio Júnior escala os mesmos de sempre por falta de opção, e não por teimosia.

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Fluminense - depois de uma expectativa da possibilidade de nove Fla-Flus em 2008, vamos ao terceiro e último do ano e, finalmente, com os dois times jogando com suas equipes titulares. É hora de ilustrar, em campo, a brutal diferença existente entre o Mengão e o pó-de-arroz na tabela do campeonato.

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Off-topic - o Brasiliense acolhe os jogadores masters que marcaram época no Flamengo nos anos 90: estão por lá Iranildo, Junior Baiano, Athirson e Fábio Baiano. Aliás, é impressionante o poder virótico de nosso saudoso ex-lateral-direito. Em cada um dos três últimos Brasileiros, Fábio Baiano esteve em times rebaixados (Juventude em 2007, Ponte Preta em 2006, Atlético-MG em 2005). Não deve ser à toa que o Jacaré é, atualmente, o penúltimo colocado da série B.

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