quarta-feira, 16 de julho de 2008

COLUNA DE QUARTA-FEIRA - João Marcelo Maia

O chato do dia

Não é fácil escrever na quarta-feira. O jogo do fim de semana ficou distante e todos já comentaram, ao passo que a partida de quarta ou quinta ainda não ocorreu. Para piorar, escrevo logo depois do Lalas, que sempre tem boas informações e análises sobre o Flamengo dentro e fora de campo. Por outro lado, isso me dá liberdade para escrever sobre assuntos mais genéricos, além de propiciar um pouco de distância do calor dos acontecimentos. Resolvi aproveitar essa condição para dar uma de chato, indo de encontro à maré de otimismo que grassa nas nossas hostes. Afinal, alguém precisa cumprir esse papel.

O preço de Caio

Como todos, fiquei feliz em saber que o comandante vai ficar. Entretanto, o Flamengo optou por uma estratégia de longo prazo que pode ter seus custos. O aumento salarial é alto (li algo sobre 80 mil euros) e ainda temos um aumento da cláusula de rescisão que protege financeiramente o técnico. Já pensaram na possibilidade de Kléber Leite mandar Caio Jr. passear depois do segundo empate com o Madureira no estadual de 2009? Já pensaram na possibilidade de uma multa bem grande, feita no calor da hora? E um eventual pagamento judicial dos atrasados?
Não seria a primeira vez que o Flamengo opta por longos contratos que podem se mostrar ardilosos a longo prazo. É certo que Caio é bom técnico e tem grande responsabilidade pela campanha, mas o futebol é imponderável e os humores da Gávea mais ainda...

O oba-oba do cronismo

Basta ler qualquer colunista esportivo para perceber: o Flamengo virou o time da moda. Para PVC, até Jaílton ganhou ares de Andrade. Lédio Carmona falou que o time tem o melhor padrão tático do Brasileiro e o tal Gilmar do Extra só faltou tachar o elenco de carrosel rubro-negro. O perigo está nos jogadores realmente acreditarem que são tudo isso.
O time é bom para os padrões nativos, e realmente manteve uma base que propiciou um entrosamento ausente em outras equipes. Sem contar a feliz contratação de Caio, que não parece aferrado a um meio campo inflacionado de volantes. Mas temos mostrado algumas deficiências no ataque e a janela de transferências ainda não fechou. Podemos perder Marcinho, que é artilheiro do time, e retornarmos a uma dupla feita por Obina e Souza, dois centroavantes de características semelhantes. Nossos laterais são fundamentais e não podemos nem sonhar em perder algum deles. Luizinho não vem dando conta do recado, e se Juan se transferir?
São fatores a se pensar.

Adversários

Dos adversários que estão na nossa cola, só enfrentamentos Grêmio e São Paulo. Empatamos com os gaúchos no Olímpico em um jogo que poderíamos ter perdido não fosse o Bruno, e perdemos num jogo meio maluco para os paulistas. Não enfrentamos Vitória, Cruzeiro e São Paulo no Morumbi. Nossa grande vitória fora de casa foi contra um Sport na ressaca da Copa do Brasil vindo de derrotas no Brasileiro. Contra o Atlético-MG, fizemos um bom primeiro tempo e uma péssima segunda etapa. Ok, estávamos bem desfalcados, mas são pequenos detalhes que qualquer time tem que levar em conta.

Não quero com esse arrazoado insinuar que o time é fraco, ou algo do tipo. Quis apenas alertar que não navegamos em céu de brigadeiro, e que há um conjunto de variáveis que podem alterar o curso da nossa boa navegação. Ano passado, o Botafogo não se preparou para essas eventualidades e desmoronou diante dos primeiros problemas. A chatice, às vezes, tem funções pedagógicas. Espero que haja na Gávea um chato do dia.

Flamengo Net

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