quinta-feira, 19 de junho de 2008

Toma Uma, pra equilibrar


Acometido de uma fortíssima crise de “faltadetempite”, não pude comentar com os amigos sobre o jogo do Mengão, no sábado último, contra o time do “Jardim de Infância Bambizinho Feliz”, mas, agora, pintou uma chance..."e vamos nós!!!”.

Não saudosista, apenas um cara muito bem acostumado por Zico (e o melhor time do mundo) a assistir grandes jogos e jogadas, procuro olhar o jogo todo, de forma ampla e não só com quem está a bola. Essa maneira de ver foi, sim, por causa do Galinho. Tantas e tantas vezes, estava lá, na arquibancada, “vendo” o Flamengo sofrer um ataque e, de repente, a defesa recuperava a bola e o time partia para um contra-ataque. Bola para um, e para outro, e aí, bola pro Galo. Eu via a posição do Nunes, por exemplo, enfiado no meio de três adversários e tentava imaginar de que maneira Zico iria conseguir lhe passar a bola.

Mas aí estava a grande aula de futebol que me dava o Maior Jogador do Mundo de Todos os Tempos. Como disse, “eu estava vendo o jogo”. Já o Galinho de Quintino estava “antevendo o jogo”, ou melhor, Ele estava “criando, escrevendo o jogo”.

Enquanto que toda a torcida esperava a bola pro Nunes, só o Zicão - mesmo estando de costas, mesmo de lado, mesmo plantando bananeira, mesmo sem ainda ter recebido a bola -, só Ele enxergava um outro companheiro, sozinho, livrinho e desimpedido, do outro lado do campo, contrariando completamente a velha e tradicional maneira de armar uma jogada.

E o passe pra ele? Como seria? Não esquenta não, cumpadi. Isso era molinho, molinho. Ele dava um jeito, de carcanhá, de letra, de trivélica, de cobertura, de biquinho... Ele dava um jeito e a bola chegava lá. Daí, até a zaga inimiga se espantava com a jogada, totalmente diferente do normalmente feito pelos simples mortais da bola. Ele era o Zico. Ele fazia mágica. A redonda sumia e, de repente, aparecia lá na ponta, nos pés do companheiro. Aí, quando a zaga corria, pra marcar o “tal cara”, que recebia a bola, o “tal cara”, metia no Nunes, que, a essa altura, já estava sozinho, como queria o Zico.

Foi assim que passei a olhar pra todos os cantos do campo, tentando advinhar o Zico. Quando ainda era do time de juniores, numa preliminar contra o merluza, o Galinho meteu uma assim. O ponta, pela direita, entrava correndo, com a zaga tentando acompanhar e, o Ziquinhozão, já na época, “dis costas”, sem olhar, virou o corpo e meteu a redonda no pé de outro companheiro, sozinho, pela esquerda, cara a cara com o goleiro. Gol do Flamengo. E seus irmãos, Antunes e Edu, na arquibancada, se entreolharam e um perguntou ao outro: “ -- Como é que esse moleque enxergou isso???”. E foram essas verdadeiras aulas do Galinho, que me ensinaram a ver o futebol assim, olhando pra todos os lados do campo.

Por exemplo: vi, antes mesmo do Rogério Huck bater a falta, que ele iria meter no cara que estava sozinho na esquerda. Mas o Cristian parece não ter percebido o lógico e não foi na bola. Foi brincadeira aquilo!
Outro exemplo: vi - e o atacante, o tal de Borges, também viu - que Capitão Luciano e Angelim iriam deixar a bola passar pro Bruno. Eu vi pela TV e não estava jogando. O Borges, que estava no campo, foi atrás e meteu uma bicuda, aliás, com uma raça e uma vontade de fazer o gol, de meter inveja a certo careca e fuleiro aí, que brinca de ser atacante e jogador de futebol.

Mais um exemplo: apesar de gostar do futebol do Angelim, ele mede 1,77. Vi que o ataque dos bambinos é muito mais alto que nossa defesa, a contar do Aloísio. Então, pensei; “É pra entrar com um zagueiro mais alto, Thiago Salles ou Dininho.” Mas parece que ninguém na Gávea achou isso. E deu no que deu.

Quando o jogo terminou, me bateram dois sentimentos distintos. Por um lado, sentia a tristeza pela derrota. Por outro lado, meu coração Rubro-Negro, se sentia feliz, por ter visto o time mais solto, mesmo com “10 jogadores” em campo, partindo pra cima, lutando para tentar empatar e vencer. Pedi mais uma gelada, acendi um cigarro e comecei a analisar o time.

Na época do Joel, era dificílimo nos fazerem um gol, quanto mais quatro. Não íamos pro ataque com tantos jogadores, não ousávamos tanto e, também, foram raríssimas as vezes em que vencemos por uma diferença de mais de dois gols.

Na época do Caio Jr., agora, estamos com um ataque bem mais contundente, apesar do “fuleiro”, do “inútil”, “mongo”, pé de pano”... apesar da “coisa”, mas, mesmo nas vitórias que tivemos antes, eu tenho reparado a defesa muito desprotegida e frágil, tendo os mesmos jogadores de antes.

Caraca!!!...Me bateu um desespero, ao pensar que o Jaílton pudesse ser o ponto de equilíbrio, que garantia a segurança da zaga... Será???...Nãããããooooo!!!! Pelo love de mái Godi!!! Será que o Joel só sabe armar a defesa e o Caio só sabe armar o ataque?? Então, o Kleber deveria contratar os dois.

Flamengo no ataque: “-- Vai Caio, arma aí as paradinhas, pra gente fazer um gol”.

Flamengo na defesa: “-- Segura a onda aí, Joelito... bota quatro cabeças de área e não deixa a bola entrar!!!”

Mas foi então que eu me lembrei que o sumpaulo só encontrou mais facilidade depois que o Toró saiu machucado. E me lembrei também que, só depois que Obina entrou, foi que os bambis começaram a ter “com quem se preocupar” e o Flamengo passou a jogar com onze.

Obina pode até não ser titular, mas, esse tal de “Çouza”, simplesmente, “não é jogador de futebol”!!! Mas, domingo, contra o pãozim de queijo, lá vai estar o bactéria, o ameba, o bacilo, o Streptococcus pyogenes, o tênia, a fazer número em campo e a comemorar os gols dos colegas. Apesar do adversário ser um timeco e esse girino, só fazer gol em time pequeno,....isso é uma vez em cada seis meses e tem que ser no Maracanã.

Bem, como eu disse, apesar do resultado, gostei do que vi no sábado. Vi postura e comportamento, coragem e disposição, dignos de campeão. Vi bravura até o último segundo e não vi firula. Não que tenha sido bom a derrota, mas, vai servir para mexer com os brios, para colocar na boca um gostinho de sangue e de vingança e para colocar os pés de volta ao chão. Por falar em “pés no chão”, ô timezinho danado para levantar vôo! Mete cinco num jogo e, se bobear, volta pro próximo como se a contagem começasse dali.

Para concluir, acho que está faltando um equilíbrio entre o Flamengo Joel e o Flamengo Caio Jr. E esse ponto de ajuste, está, justamente, no meio campo, que divide o time em dois, ataque e defesa. A posição na tabela está ajudando a ter tranqüilidade, para arriscar e acertar. O negócio é treinar. Treinar muito!

E, as perguntas que me fiz, sem saber respondê-las, faço aos meus colegas do blog: se o ataque foi tão bem, contra o Figueira, por que mudar contra o sumpaulo e por que Obina e Maxi entraram tão tarde?

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Este texto teve o patrocínio dos
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Me acorda, quando çouza sair do time

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