Ano passado, lá pela 22ª rodada, já na busca pelo topo da tabela, o Flamengo sob comando do Joel encarou o Figueirense e devolveu uma goleada de 4 - em parte auxiliada pelo juiz mineiro no jogo em Floripa. Além da inversão do mando e do técnico (Joel Santana é técnico? Cartas para a redação), o que mudou daquele Flamengo para o de hoje? A melhor forma de descrever é através dos diversos personagens desta história. Vamos a eles.
PERSONAGEM 1 - O ELENCO
Hoje, os perseguidos e preferidos do Joel trocam de lugar: em campo, no banco ou nem relacionados. De jogador no ostracismo nos tempos de Joel, Maxi está onde devia estar: titular ou reserva, seu lugar é no campo. Jogador raçudo, demonstra disposição de buscar a bola onde ela estiver. Perdida ou não, destoa da maioria dos demais jogadores. Deveria servir de lição para boa parte do elenco, principalmente alguns pratas-da-casa, esquentadinhos, ou que acham que jogam mais do que efetivamente jogam. A diretoria DEVE à torcida que o argentino finalmente tenha a oportunidade de calar a boca do arco-íris (incluindo sua imprensa), que ridicularizou o fato de Maxi ser "o primo do Messi".
Mas não se iluda, caro leitor. Maxi já teve jogos ruins, depois de partidas excelentes. Mas sem jogar, fica difícil pegar ritmo. E Jaílton? O que dizer do Jaílton? O empresário dele devia deixar uma caixinha para o recreador que treinava (sic) o elenco rubro-negro. Nada mais digo.
PERSONAGEM 2 - TÉCNICO OU RECREADOR
Naquela época, o papaizão, que, reconheço, fez três milagres (dois salvamentos do rebaixamento e uma classificação à Libertadores), conseguiu pegar um time de razoável pra bom e, com seus "métodos recreativos", levou a "garotada" à nossa melhor colocação em Brasileiros desde nosso último título. Isto inclusive o credenciou a continuar no comando (sic) da molecada. Quem pegar meus posts e comentários do início do ano, verá o quanto eu torci para ele receber uma nova proposta do Japão, dos Emirados Árabes ou até de Vanuatu. Quis o destino que ele nos tirasse o sonho mais precioso de 2008. Joel Santana é cruel: Joel dá. Joel tira. A África do Sul demorou a aparecer. E depois do último jogo da Seleção, em que o Dunga entrou para a história como o primeiro técnico a deixar a Seleção perder para a Venezuela (antes das piabas que vêm aí, pro Paraguai e a Argentina em casa), já começo a achar que as táticas recreativas de Joel cairiam como uma luva no time da CBF Futebol Clube S.A. Se o Flamengo tiver que fugir do rebaixamento de novo, que caia antes que se cogite o retorno do Natalino.
Já Caio Jr. chegou com as credenciais de ter classificado o Paraná à Libertadores 2007 e por levar um Palmeiras mulambento a buscar classificação para a Libertadores 2008 até o último minuto. Vítima de um time montado pela Prefeitura de Itumbiara, com o carne-de-pescoço PC Gusmão no comando, foi supreendido no estadual Goiano. Além desse percalço, ainda foi eliminado da Copa do Brasil pelo Timeco. Mesmo reconhecendo seus valores com o Paraná e a porcalhada, temi pelo pior. Eu mesmo critiquei sua contratação, mas com o passar do tempo, aos poucos fui me convencendo que, comparado ao Joel, as chances de melhora seriam infinitas. E por ora, não me sinto enganado. O novo super-herói rubro-negro substituiu os rachões recreativos do papaizão por treinos táticos e técnicos. Talvez o primeiro a fazê-lo em anos! E, aos poucos, vai dando chance a quem merece, colocando na geladeira quem não devia nem ter sido descongelado. Tem tudo pra fazer história junto com o Mengão.
PERSONAGEM 3 - SALÁRIOS EM DIA, OU QUASE...
A notícia que surgiu aqui no blog às vésperas do jogo é que os salários de abril, e parte de maio, foram depositados na semana passada. Coincidência ou não, o time voou em campo. Esta história é recorrente: paga-se os salários, o time corresponde. Questão polêmica, particularmente, não concordo em se fazer corpo-mole: mais cedo ou mais tarde, com ou sem acordo, recebe-se o que de direito. Mas os resultados que o time deixa de ganhar, não tem como se reverter. Vampeta deveria "morrer para o futebol" após uma declaração daquelas. Mas sacanear o Flamengo, todo mundo pode...
Cabe à diretoria negociar salários e prêmios de forma que sejam honrados, para que os resultados apareçam e revertam-se em mais receitas. Para isto, nada de salários mirabolantes para goleadores que não fazem gols, ex-jogadores de seleção que não façam jus à sua condição, ou pratas-da-casa que voltam da Europa com os mesmos vícios: de não jogar e reclamar por qualquer coisinha que os incomode. Se não joga essa bola toda, pra que ganhar um caminhão de dinheiro? E que pagar o salario em dia não dependa de uma negociação milionária com patrocinador ou fornecedora de material esportivo...
Este é o item que talvez tenha a menor influência direta no resultado de "hoje", visto o recente incidente de oba-oba à mexicana. Cabe à diretoria não incentivar este clima, pois comprar cerveja antecipada é coisa de Vice-da-Gama...Outro dever da diretoria é preservar o patrimônio do clube, principalmente nas negociações de jogadores. Entendendo que num país corrupto por definição, como o nosso, é utópico achar que nenhum dirigente vai ganhar um jabazinho de empresário para escalar uma ou outra baranga, pagar um salário superfaturado a esse ou àquele jogador é o tipo de problema que qualquer clube corre o risco de sofrer. Porém, quando a prática se torna rotina, ou extrapola a própria solvência do clube, contando por cair um din-din milagroso ou uma loteria de gaveta para salvar as contas, está na cara que alguma coisa está fora da ordem. Quer ganhar um jabá de empresário por conta do salário do jogador? Tudo bem. Mas que não se mate a galinha dos ovos de ouro! No mais, que estes personagens continuem afinados, pois o campeonato é longo, mas os concorrentes não são nenhum bicho-papão. Temos tudo para fazer um 2008 realmente memorável para o Flamengo e toda a Nação.
Valei-me S. Judas Tadeu! Napzod, Flamengo!
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